7 mares

Livro apresenta proposta teórico-metodológica da “comvivência pedagógica” para a formação de educadores ambientais

Diante de um cenário de grave crise socioambiental, com potencial de grandes transformações da realidade vivida, a Papirus Editora lança livro que propõe uma práxis que passa pela pesquisa, pelo ensino e pela extensão em educação ambiental. Educação ambiental e a “comvivência pedagógica”: Emergências e transformações no século XXI (Papirus, 256pp.) tem organização do professor Mauro Guimarães, que compartilha sua trajetória como educador ambiental e busca sistematizar suas experiências e seu conhecimento produzidos nessa vivência, entrecruzada com a de tantos outros educadores, para fecundar os caminhos possíveis nessa área.

A obra está estruturada em três partes: a primeira contextualiza o ponto de partida de seu organizador e as referências construídas ao longo de sua trajetória. Na segunda parte, Guimarães sistematiza o que acompanhou na construção do campo da educação ambiental, procurando demarcar e referenciar sua perspectiva crítica. Na terceira e última parte, é apresentada a proposta teórico-metodológica da “comvivência pedagógica”, que o professor atualmente produz com parceiros e orientandos, pensando na radicalidade da formação do educador ambiental em tempos de crise. 

Guimarães conta que, em meio à revisão final do livro, veio a pandemia de Covid-19, e que o isolamento social provocou sua reflexão sobre o mundo em crise e a importância de se aprender a viver e reaprender a conviver. “Diante das emergências e transformações em curso no século XXI, para uma profunda ruptura com o mundo em colapso e a possibilidade de nos reorganizarmos como outra sociedade”, diz ele, “acreditamos na importante contribuição da formação de educadores ambientais transformados e transformadores”. Com essa obra, ele espera instigar outros pesquisadores na desconstrução do pensado para pensar o que ainda não foi e, principalmente, repensar o que já foi pensado na busca de novos caminhos formativos.

Educação ambiental e a “comvivência pedagógica” é um livro que celebra um dos valores e feitos mais importantes na trajetória de nossos ancestrais: o ato de conviver e produzir convivência, conforme define o professor Celso Sánchez, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, no Posfácio da obra. Sua leitura certamente proporcionará a compreensão da “dimensão profundamente formativa, pedagógica, instrutiva do afeto e da convivência, da troca, da coparticipação, da partilha, do abraço”, finaliza Sánchez.

Sobre o organizador:

Mauro Guimarães é educador ambiental, professor-pesquisador do Programa de Pós-graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc/UFRRJ), líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (Gepeads/UFRRJ). Tem graduação em Geografia (UFRJ/1986), especialização em Ciências Ambientais (UFRRJ/1990), mestrado em Educação (UFF/1996), doutorado em Ciências Sociais (UFRRJ/2003) e pós-doutorado em Educação pela Universidade (UFMT/2015 e Universidade de Santiago de Compostela – USC/2020). Desde 1992, publica na área de educação ambiental. Dentre seus livros, destaca-se A dimensão ambiental na educação (Papirus, 1995).

De autoria da microbiologista Natalia Pasternak e do jornalista científico Carlos Orsi, Contra a realidade, lançado pela Papirus, discute a negação da ciência, suas causas e consequências

O mundo moderno vive um paradoxo: temos astronautas em órbita e, ao mesmo tempo, gente que jura que a Terra é plana. O descompasso vai além da astronomia, chegando a questões cruciais para a saúde humana e o meio ambiente, e evidencia-se  na tranquilidade com que até autoridades constituídas muitas vezes propagam informações sem comprovação, colocando em risco a vida de milhões de pessoas. 

Essas premissas são o ponto de partida da microbiologista Natalia Pasternak e do jornalista científico Carlos Orsi em Contra a realidade: A negação da ciência, suas causas e consequências, lançado pela Papirus 7 Mares (192 pp.), livro em que a dupla se debruça sobre as origens e engrenagens por trás de “movimentos” cada vez mais populares – e perigosos para a civilização –, como o terraplanismo, o criacionismo e a negação do aquecimento global.

Pasternak e Orsi explicam que a força do negacionismo resulta, em grande medida, da resposta de grupos poderosos, com forte senso de identidade, à “ameaça” imposta pelo conhecimento às suas ideologias e crenças e aos seus interesses. Segundo os autores, o ataque aos consensos científicos tendem a cumprir pelo menos uma destas três funções:

1) confundir o debate, paralisando a tomada de decisões ou embaraçando a adoção de políticas públicas; 

2) criar um espaço psicológico que permita que certas atitudes irracionais sejam apresentadas como razoáveis ou dignas de mérito; e 

3) gerar sentimento de solidariedade ideológica, lealdade e coesão interna em grupos que partilham de uma identidade comum.

Diante disso, os autores lembram que “enxergar essas funções com clareza é tão importante quanto encontrar e disseminar os fatos corretos”. Conforme eles mostram, não é de hoje que é preciso lidar com teorias negacionistas. Ao longo da história, é possível identificar diversos casos. Contra realidade é permeado de exemplos que ilustram bem isso, do terraplanismo à negação do aquecimento global, passando pela desconfiança com as vacinas e pelo medo dos alimentos transgênicos. Há inclusive quem negue fatos históricos, como o Holocausto. A teoria da evolução e o movimento criacionista também são discutidos pelos autores, que ainda destacam como a história do negacionismo está atrelada à indústria do cigarro, com a negação e a relativização dos riscos reais do consumo do tabaco. 

Se uma pessoa acredita que um remédio inadequado vai curar determinada doença, ela não só o utiliza, como o oferece aos filhos. O mesmo acontece com quem acredita que vacinas são prejudiciais à saúde; sua tendência é evitá-las em sua família. “Tão grave quanto o estímulo a ações irresponsáveis ou prejudiciais, no entanto, é o efeito que os negacionismos têm sobre o ambiente político e cultural da sociedade”, alertam os autores. “Ao expor uma série de casos exemplares, procuramos, neste livro, armar o leitor para que possa dissecar, criticar e evitar armadilhas semelhantes que, certamente, surgirão no futuro”, concluem.

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Sobre os autores:

Natalia Pasternak é microbiologista (USP) e divulgadora científica brasileira, presidente do Instituto Questão de Ciência. Atua como professora convidada na Fundação Getulio Vargas, na escola de Administração Pública, e na Universidade de Columbia (EUA), no Departamento de Ciência e Sociedade. É colunista do jornal O Globo, da revista The Skeptic UK, do portal Medscape, publisher da revista Questão de Ciência e autora do livro Ciência no cotidiano. Em 2020, tornou-se membro do Committee for Skeptical Inquiry e recebeu o prêmio internacional de promoção do ceticismo “The Ockham Award” (Navalha de Ockham) e o “Brasileiros do Ano” (revista IstoÉ), na categoria Ciência, além de ter sido indicada como “Personalidade do Ano” pelo jornal O Globo.

Carlos Orsi é jornalista (ECA-USP), escritor, editor-chefe da revista Questão de Ciência e fundador do Instituto Questão de Ciência. Tem várias obras de divulgação científica publicadas, como O livro dos milagres, Pura picaretagem, O livro da astrologia e Ciência no cotidiano. Integrante da equipe que implantou, na década de 1990, a produção de conteúdo exclusivo para internet no Grupo Estado, criou, em 1997, a seção on-line de divulgação científica “Ano 2000”, iniciativa pioneira no Brasil. Foi repórter especial e colunista do Jornal da Unicamp, responsável pela coluna “Telescópio”, e da revista Galileu, onde assinava a coluna “Olhar Cético”, tratando de pseudociências e da análise de temas polêmicos de uma perspectiva científica.

Monja Coen reflete, em novo livro da Papirus, sobre os efeitos do negacionismo em tempos de pandemia

Quando algo causa medo, tristeza ou deixa à mostra o nosso desconhecimento, muitas vezes nosso primeiro impulso é negar aquilo que nos traz esse desconforto. Ao negarmos a realidade, vivendo como se nada estivesse acontecendo, ela deixa de ser diferente? Da negação ao despertar: Ensinamentos da Monja Coen (Papirus 7 Mares, 112 pp., R$ 42,90) — escrito pela fundadora da comunidade zen-budista Zendo Brasil, Monja Coen, durante a pandemia de Covid-19 — reflete sobre os efeitos do negacionismo, de qualquer ordem, e ressalta que devemos negar, sim, o erro, o falso e, desse modo, estaremos afirmando a verdade e o bem.

Mesmo com um vírus que já fez milhões de vítimas, em todo o mundo, ainda existem pessoas que negam veementemente esse cenário e as recomendações dos cientistas. “Quando enfrentamos as crises com a visão correta, somos capazes de decisões acertadas que beneficiam todos”, explica a missionária, lembrando que todos nós podemos mudar, sem nos agarrarmos ao falso. Segundo ela, “quem se recusa a mudar é como alguém que, brincando de cabra-cega, não tira a venda dos olhos. Tateando nas trevas, pensa que as pernas do elefante são colunas; seu corpo, uma parede”.

Se negarmos a realidade, onde estaremos? “Tentando subir por pedras escorregadias, sem ter onde segurar nem com os pés nem com as mãos”, responde a Monja. “Entretanto, se eu conseguir abrir minhas mãos dos meus pareceres sem sabedoria e permitir, a mim mesma, mudar meu olhar e procurar um outro caminho de escalada, verei que, bem ao meu lado, há uma subida natural e leve. O esforço sem esforço”, ensina ela.

Da negação ao despertar mostra que há sempre um caminho do meio e que somos responsáveis por nossas escolhas e pelos padrões que desenvolvemos. Daí, a importância de desaprender, de desapegar, de soltar para reler a própria história, seus livros antigos e novos e reescrever a vida.

Um dos ensinamentos trazidos nesse livro mostra que não temos como mudar uma realidade que se coloca contra a nossa vontade, mas certamente podemos mudar o modo como pensamos e agimos diante dela. Dessa forma, ter a consciência dos fatos é fundamental para que possamos despertar, rever nossos comportamentos e transformar o mundo em que vivemos. “Todas as possibilidades estão bem aqui, à nossa disposição. Podemos escolher. Podemos abrir e dar novos rumos à existência pessoal e social, coletiva. A escolha é nossa. De cada um de nós”, conclui Monja Coen.

Há tempo de chegar e tempo de partir

Tempo de juntar e tempo de separar

Pessoas sábias leem os sinais do Caminho

Sem forçar, sem brigar, adentram a senda.

Livre e responsável caminha quem despertou.

Não ofende e não é ofendida a pessoa capaz de se conhecer.

O tempo passa e nós passamos

Passarinhando.

Não negue o esperançar.

Podemos.

Devemos.

Faremos.

Mãos em prece

Monja Coen

Ilan Brenman e Luiz Felipe Pondé debatem o impacto do politicamente correto na formação das crianças

Quem nunca usou expressões do tipo “matar dois coelhos com uma cajadada só” ou “chutar cachorro morto”? Quem brinca de polícia e ladrão pode virar bandido? Games violentos criam assassinos? O filósofo Luiz Felipe Pondé e o escritor Ilan Brenman discutem questões como essas no novo livro da Papirus 7 Mares, Quem tem medo do lobo mau? O impacto do politicamente correto na formação das crianças .

Hoje, a questão do que se pode falar ou de como se deve falar está bastante em evidência, e o politicamente correto vem sendo fonte de inúmeras polêmicas. Os autores explicam que esse tipo de pensamento esvazia a linguagem e produz um enfraquecimento do mundo simbólico, o que interfere negativamente na formação e no desenvolvimento de crianças e jovens.

Para ilustrar isso, Ilan conta no livro a história de uma mãe que, por medo de que o filho crescesse violento, sempre que ele ganhava um boneco que tivesse uma arma na mão, arrancava o braço do boneco. Mas o autor explica: “Ao negarmos às crianças brincadeiras por considerá-las estereotipadas, estimuladoras de violência, que reforçam papéis na sociedade etc., estamos rachando a infância, adoecendo essas crianças”. E completa: “Crianças precisam de espaços onde o seu mundo simbólico possa se projetar. Se retirarmos isso delas, sobram inquietude, revolta, indisciplina, angústia”.

Crianças são observadoras por natureza. Elas aprendem tolerância, respeito e igualdade observando os adultos que as rodeiam. Na opinião dos autores, não é proibindo histórias, brincadeiras e jogos que teremos adultos pacíficos. “A minha impressão é que as pessoas que se reuniram um dia e decidiram fazer um mundo melhor estão acabando com o mundo, na verdade, porque os jovens estão muito piores do que eram há 15 anos: inseguros, frouxos, medrosos”, dispara Pondé. Para ele, essa verdadeira patrulha do pensamento surge como uma tentativa de resolver um certo esgarçamento de formação e de percepção, mas isso acaba engessando as reações, produzindo pessoas incapazes de lidar com as próprias emoções.

A leitura dessa obra nos faz refletir que talvez o lobo mau não viva apenas nos contos de fadas, mas esteja a nos espreitar na escola, na família, na política, na sociedade, enfim. Para enfrentá-lo, precisamos ser livres para pensar e nos expressar, e até reorganizar certos comportamentos e linguagens nossos.

Sobre os autores:

Ilan Brenman nasceu em Israel em 1973, mas veio para o Brasil ainda criança, em 1979. É psicólogo formado pela PUC-SP, mestre e doutor em Educação pela USP, onde pesquisou a influência do politicamente correto na literatura infantojuvenil e na formação das crianças. Considerado um dos mais importantes autores de livros infantis no Brasil, tem quase uma centena de títulos publicados, muitos deles premiados e também traduzidos em diversos países, como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suécia, Coreia e China. Seu best-seller é Até as princesas soltam pum, que já vendeu centenas de milhares de exemplares. Ilan ministra palestras por todo o Brasil e tem uma coluna semanal na rádio CBN, chamada Conversa de pai.

Luiz Felipe Pondé é doutor em Filosofia pela USP e pela Universidade Paris VIII, com pós-doutorado pelas universidades de Tel Aviv (Israel) e Giessen (Alemanha). É coordenador e vice-diretor do curso de Comunicação e Marketing da Faap e professor da pós-graduação em Ciências da Religião da PUC-SP. Foi professor convidado da Universidade de Marburg (Alemanha), da Universidade de Sevilha (Espanha), da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e membro da Société Internationale pour l’Étude de la Philosophie Médiévale (Bélgica). Tem vários livros publicados e escreve para o jornal Folha de S.Paulo.

Ilan Brenman traz reflexões sobre infância, família, educação, cultura e tecnologia em novo livro da Papirus 7 Mares

Como a criação, a educação e o ambiente familiar podem moldar as crianças? Quais são os pressupostos básicos para ser pai e mãe? Você educaria seu filho da forma como foi educado? Em seu novo livro — Pais ou reféns dos filhos? Reflexões sobre infância, família, educação, cultura e tecnologia no mundo contemporâneo (208 pp., R$ 45,90) —, o escritor e educador Ilan Brenman discorre sobre o que considera uma das invenções mais revolucionárias e importantes para a humanidade e tudo que a envolve: a infância.

Nessa obra, Ilan volta seu olhar para a relação entre pais e filhos. “Elas, as crianças, conseguem construir pontes e atravessá-las”, afirma o autor. “Acontecem quedas, retrocessos, sim! Mas elas atravessam”, continua. Diferentemente dos adultos que, às vezes, acabam incentivando as crianças a pegarem suas picaretas para, pouco a pouco, destruírem essas pontes. “Ingenuidade ou não, quero acreditar que podemos, através da educação – única forma possível de manter as crianças construtoras de infinitas pontes –, provocar uma profunda mudança num mundo repleto de dobras”, diz ele.

Além de questões como a adultização da infância e a necessidade de pertencimento, Brenman discute também, nesse livro, os dilemas morais. Como é possível fazer para que os filhos tenham o equipamento mental necessário para a compreensão dos dilemas que viverão em suas vidas? Como ensinar o certo e o errado a eles? Segundo o escritor, “certo e errado serão a base da construção de suas escolhas”. Mas, como passar isso para as crianças? “As boas histórias infantis ajudam muito, e também o modelo que somos como pais, o que fazemos e o que falamos”, acredita.

Para Ilan, os pais precisam parar de superproteger os filhos das mudanças da vida. É importante, segundo ele, estar ao lado dos filhos, apoiando-os, compartilhando suas angústias, descobertas, conquistas e frustrações. Quando os pais desejam que os filhos vivam em uma felicidade perpétua, sem querer, acabam criando um ser humano com pouca capacidade de encarar os obstáculos do cotidiano, um sujeito preso a uma ilusão de eterno conforto e prazer.

Com isso, o autor afirma que uma das mais importantes habilidades que se pode legar aos filhos é a autonomia. Mas como podem alcançá-la? “É preciso deixar que as crianças se deparem com as mais diversas transformações e não entrar em desespero por eles e com eles. Dê um tempo para ver como lidam com as situações”, orienta Brenman. “Você vai se surpreender com os filhos que tem”, diz. “É evidente que, se o baque for muito grande, lá estaremos para ajudá-los, mas acreditemos que eles serão capazes de converter o novo em familiar”, finaliza.

A verdade é que educar não é uma tarefa fácil. Lembrando que diálogo, empatia e equilíbrio devem sempre permear a construção da história entre pais e filhos em busca de um futuro melhor, por isso, a importância dessa leitura a todos aqueles que convivem com crianças em seu dia a dia.

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Sobre o autor:

Ilan Brenman nasceu em Israel em 1973, mas veio para o Brasil ainda criança, em 1979. É psicólogo formado pela PUC-SP, mestre e doutor em Educação pela USP, onde pesquisou a influência do politicamente correto na literatura infantojuvenil e na formação das crianças. Ministra palestras por todo o Brasil e é considerado um dos mais importantes autores de livros infantis do país. Tem quase uma centena de títulos publicados, muitos deles premiados e também traduzidos em diversos países, como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suécia, Coreia e China. Seu best-seller é Até as princesas soltam pum, que já vendeu centenas de milhares de exemplares. Pela Papirus, publicou em parceria com Luiz Felipe Pondé o livro Quem tem medo do lobo mau? O impacto do politicamente correto na formação das crianças.

Portal do Holanda – 17/11/2021

No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista e pesquisadora Natália Pasternak e o jornalista Carlos Orsi se empenham em uma de suas atividades favoritas: combater o negacionismo.

Para o conceito de negacionismo não ficar etéreo, ele chega rápido no livro: “é a atitude de negar, para si mesmo e para o mundo, fatos bem estabelecidos ou um consenso científico, na ausência de evidências contundentes”.

No cardápio estão desde negacionismos mais tradicionais, como aquele praticado pela indústria do tabaco até a segunda metade do século passado, até os mais recentes, como aquele que rejeita a influência humana nas mudanças climáticas.

Ao longo do caminho aparecem a negação ao holocausto (assassinato de milhões de judeus pelos nazistas), criacionismo (para quem acredita que o a Terra e o Universo foram criado por Deus quase exatamente como são hoje, numa interpretação mais literal da Bíblia, e geralmente em oposição à Teoria da Evolução), terraplanismo (o nome diz tudo), entre outros.

Desde 2018, quando foi fundado o Instituto Questão de Ciência (IQC), o passatempo do casal ganhou um status oficial. Pasternak preside a entidade, e Orsi dirige a Revista Questão de Ciência, publicação do IQC. A organização não governamental sem fins lucrativos promove e fomenta a adoção de políticas públicas baseadas em evidências científicas -clamor que tem sido especialmente repetido ao longo da pandemia de Covid-19.

Foi fatídico, avaliam os autores, que o convite para escrever o livro e o lançamento da obra tenham coincidido com um momento em que o negacionismo estava tão em evidência, com a negação, por exemplo, do poder de disseminação do Sars-Cov-2 (o novo coronavírus), da gravidade da infecção pelo vírus, da eficácia das vacinas e até mesmo da própria existência da pandemia.

“O livro seria escrito de qualquer jeito, estava nos nossos planos, mas não esperávamos que o timing fosse tão importante. A gente nunca teve um governo tão negacionista quanto esse”, diz Pasternak à Folha de S.Paulo.

“Se não fosse agora [o lançamento], seria um livro frio, como tantos outros, inclusive ótimos, que existem. O contexto faz o livro virar uma obra ‘quente’, no jargão jornalístico. É muito legal lançar uma obra que fala sobre a conjuntura atual, mas também é assustador”, afirma Orsi.

Expor os negacionismos e dissecar seus métodos, como fazem os autores no livro, é uma forma de combatê-los. Mas e quanto a quem os promove? Por que, afinal, existem pessoas negacionistas?

Hoje é fácil analisar a situação da indústria do tabaco, por exemplo. Mesmo com a pilha crescente de evidências de que a incidência de câncer de pulmão estava intimamente ligada ao consumo de tabaco, a indústria ainda fomentava a dúvida, financiando estudos parciais e promovendo lobby para influenciar governos e meios de comunicação a seu favor.

Claro, as fabricantes de cigarros, com isso, buscavam garantir a continuidade do negócio. E, com as mensagens (enganosas) de que o cigarro não era tão ruim assim ou com as implacáveis (e desonestas) críticas aos estudos que evidenciavam os efeitos deletérios do fumo, quem fumava podia manter o mesmíssimo comportamento -e de consciência tranquila.

Nem sempre há um interesse econômico por trás de um negacionismo, mas o negacionista, sim, comumente está tão “investido” naquelas mensagens ou narrativas que passa a se tornar um ônus mental e social se desvencilhar daquilo, explica Orsi.

O custo de ficar sem o acolhimento de um grupo pode ser determinante para que esses comportamentos até mesmo sobrepujem a quantidade, a qualidade e a disponibilidade de boas informações.

Ainda assim, defende Pasternak, é fundamental informar de uma forma acessível. “Nosso papel não é convencer. A gente quer que a informação científica circule numa linguagem adequada e numa forma que as pessoas entendam. Se alguém procurar no Google por vacinas, essa pessoa não pode só cair em páginas antivaxxer [antivacina]”

Mas nem mesmo estatísticas como as 4 milhões de mortes evitadas todos os anos por conta dos imunizantes convencem algumas pessoas -os números, alegam, poderiam ter sido inventados e espalhados num complô global entre indústrias, governos e órgãos de imprensa. Tudo em prol de algum interesse econômico escuso.

E esse tipo de comportamento negacionista é comum em pessoas de classes mais altas. O alto nível educacional acaba servindo apenas para achar desculpas, desmerecer o conhecimento científico e se convencer, com base num argumento qualquer, que é preciso fugir das injeções e fazer o mesmo com seus filhos.

Para mudar o panorama, a saída é melhorar a comunicação de ciência, especialmente sobre as incertezas –muitas vezes, as informações são transmitidas com ares de que são definitivas, imutáveis, o que vai contra o próprio modus operandi da ciência, de autoaperfeiçoamento.

“Nem a OMS estava preparada para comunicar incertezas no começo da pandemia. A mudança de orientações gerou pânico, desconfiança e afetou a credibilidade das instituições. E movimentos negacionistas se alimentam desse medo; e são repletos de certezas absolutas –essa é uma diferença marcante. Se não comunicarmos com honestidade e transparência as incertezas, esses movimentos só vão crescer”, diz Pasternak.

O melhor que dá para fazer num momento difícil como o atual, argumenta Orsi, é extrair o máximo do conjunto de dados e informações disponível a cada instante. “A cada segundo, a gente tem que presumir o que é correto com base nessas evidências e tomar as atitudes mais responsáveis possíveis.”

Isso seria justamente deixar de negar a realidade e abraçá-la em toda a sua complexidade.

Data Mercantil – 17/11/2021

No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista e pesquisadora Natália Pasternak e o jornalista Carlos Orsi se empenham em uma de suas atividades favoritas: combater o negacionismo.

Para o conceito de negacionismo não ficar etéreo, ele chega rápido no livro: “é a atitude de negar, para si mesmo e para o mundo, fatos bem estabelecidos ou um consenso científico, na ausência de evidências contundentes”.

No cardápio estão desde negacionismos mais tradicionais, como aquele praticado pela indústria do tabaco até a segunda metade do século passado, até os mais recentes, como aquele que rejeita a influência humana nas mudanças climáticas.

Ao longo do caminho aparecem a negação ao holocausto (assassinato de milhões de judeus pelos nazistas), criacionismo (para quem acredita que o a Terra e o Universo foram criado por Deus quase exatamente como são hoje, numa interpretação mais literal da Bíblia, e geralmente em oposição à Teoria da Evolução), terraplanismo (o nome diz tudo), entre outros.

Desde 2018, quando foi fundado o Instituto Questão de Ciência (IQC), o passatempo do casal ganhou um status oficial. Pasternak preside a entidade, e Orsi dirige a Revista Questão de Ciência, publicação do IQC. A organização não governamental sem fins lucrativos promove e fomenta a adoção de políticas públicas baseadas em evidências científicas -clamor que tem sido especialmente repetido ao longo da pandemia de Covid-19.

Foi fatídico, avaliam os autores, que o convite para escrever o livro e o lançamento da obra tenham coincidido com um momento em que o negacionismo estava tão em evidência, com a negação, por exemplo, do poder de disseminação do Sars-Cov-2 (o novo coronavírus), da gravidade da infecção pelo vírus, da eficácia das vacinas e até mesmo da própria existência da pandemia.

“O livro seria escrito de qualquer jeito, estava nos nossos planos, mas não esperávamos que o timing fosse tão importante. A gente nunca teve um governo tão negacionista quanto esse”, diz Pasternak à Folha de S.Paulo.

“Se não fosse agora [o lançamento], seria um livro frio, como tantos outros, inclusive ótimos, que existem. O contexto faz o livro virar uma obra ‘quente’, no jargão jornalístico. É muito legal lançar uma obra que fala sobre a conjuntura atual, mas também é assustador”, afirma Orsi.

Expor os negacionismos e dissecar seus métodos, como fazem os autores no livro, é uma forma de combatê-los. Mas e quanto a quem os promove? Por que, afinal, existem pessoas negacionistas?

Hoje é fácil analisar a situação da indústria do tabaco, por exemplo. Mesmo com a pilha crescente de evidências de que a incidência de câncer de pulmão estava intimamente ligada ao consumo de tabaco, a indústria ainda fomentava a dúvida, financiando estudos parciais e promovendo lobby para influenciar governos e meios de comunicação a seu favor.

Claro, as fabricantes de cigarros, com isso, buscavam garantir a continuidade do negócio. E, com as mensagens (enganosas) de que o cigarro não era tão ruim assim ou com as implacáveis (e desonestas) críticas aos estudos que evidenciavam os efeitos deletérios do fumo, quem fumava podia manter o mesmíssimo comportamento -e de consciência tranquila.

Nem sempre há um interesse econômico por trás de um negacionismo, mas o negacionista, sim, comumente está tão “investido” naquelas mensagens ou narrativas que passa a se tornar um ônus mental e social se desvencilhar daquilo, explica Orsi.

O custo de ficar sem o acolhimento de um grupo pode ser determinante para que esses comportamentos até mesmo sobrepujem a quantidade, a qualidade e a disponibilidade de boas informações.

Ainda assim, defende Pasternak, é fundamental informar de uma forma acessível. “Nosso papel não é convencer. A gente quer que a informação científica circule numa linguagem adequada e numa forma que as pessoas entendam. Se alguém procurar no Google por vacinas, essa pessoa não pode só cair em páginas antivaxxer [antivacina]”

Mas nem mesmo estatísticas como as 4 milhões de mortes evitadas todos os anos por conta dos imunizantes convencem algumas pessoas -os números, alegam, poderiam ter sido inventados e espalhados num complô global entre indústrias, governos e órgãos de imprensa. Tudo em prol de algum interesse econômico escuso.

E esse tipo de comportamento negacionista é comum em pessoas de classes mais altas. O alto nível educacional acaba servindo apenas para achar desculpas, desmerecer o conhecimento científico e se convencer, com base num argumento qualquer, que é preciso fugir das injeções e fazer o mesmo com seus filhos.

Para mudar o panorama, a saída é melhorar a comunicação de ciência, especialmente sobre as incertezas –muitas vezes, as informações são transmitidas com ares de que são definitivas, imutáveis, o que vai contra o próprio modus operandi da ciência, de autoaperfeiçoamento.

“Nem a OMS estava preparada para comunicar incertezas no começo da pandemia. A mudança de orientações gerou pânico, desconfiança e afetou a credibilidade das instituições. E movimentos negacionistas se alimentam desse medo; e são repletos de certezas absolutas –essa é uma diferença marcante. Se não comunicarmos com honestidade e transparência as incertezas, esses movimentos só vão crescer”, diz Pasternak.

O melhor que dá para fazer num momento difícil como o atual, argumenta Orsi, é extrair o máximo do conjunto de dados e informações disponível a cada instante. “A cada segundo, a gente tem que presumir o que é correto com base nessas evidências e tomar as atitudes mais responsáveis possíveis.”

Isso seria justamente deixar de negar a realidade e abraçá-la em toda a sua complexidade.

Agora ES – 17/11/2021

No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista e pesquisadora Natália Pasternak e o jornalista Carlos Orsi se empenham em uma de suas atividades favoritas: combater o negacionismo.

Para o conceito de negacionismo não ficar etéreo, ele chega rápido no livro: “é a atitude de negar, para si mesmo e para o mundo, fatos bem estabelecidos ou um consenso científico, na ausência de evidências contundentes”.

No cardápio estão desde negacionismos mais tradicionais, como aquele praticado pela indústria do tabaco até a segunda metade do século passado, até os mais recentes, como aquele que rejeita a influência humana nas mudanças climáticas.

Ao longo do caminho aparecem a negação ao holocausto (assassinato de milhões de judeus pelos nazistas), criacionismo (para quem acredita que o a Terra e o Universo foram criado por Deus quase exatamente como são hoje, numa interpretação mais literal da Bíblia, e geralmente em oposição à Teoria da Evolução), terraplanismo (o nome diz tudo), entre outros.

Desde 2018, quando foi fundado o Instituto Questão de Ciência (IQC), o passatempo do casal ganhou um status oficial. Pasternak preside a entidade, e Orsi dirige a Revista Questão de Ciência, publicação do IQC. A organização não governamental sem fins lucrativos promove e fomenta a adoção de políticas públicas baseadas em evidências científicas -clamor que tem sido especialmente repetido ao longo da pandemia de Covid-19.

Foi fatídico, avaliam os autores, que o convite para escrever o livro e o lançamento da obra tenham coincidido com um momento em que o negacionismo estava tão em evidência, com a negação, por exemplo, do poder de disseminação do Sars-Cov-2 (o novo coronavírus), da gravidade da infecção pelo vírus, da eficácia das vacinas e até mesmo da própria existência da pandemia.

“O livro seria escrito de qualquer jeito, estava nos nossos planos, mas não esperávamos que o timing fosse tão importante. A gente nunca teve um governo tão negacionista quanto esse”, diz Pasternak à Folha de S.Paulo.

“Se não fosse agora [o lançamento], seria um livro frio, como tantos outros, inclusive ótimos, que existem. O contexto faz o livro virar uma obra ‘quente’, no jargão jornalístico. É muito legal lançar uma obra que fala sobre a conjuntura atual, mas também é assustador”, afirma Orsi.

Expor os negacionismos e dissecar seus métodos, como fazem os autores no livro, é uma forma de combatê-los. Mas e quanto a quem os promove? Por que, afinal, existem pessoas negacionistas?

Hoje é fácil analisar a situação da indústria do tabaco, por exemplo. Mesmo com a pilha crescente de evidências de que a incidência de câncer de pulmão estava intimamente ligada ao consumo de tabaco, a indústria ainda fomentava a dúvida, financiando estudos parciais e promovendo lobby para influenciar governos e meios de comunicação a seu favor.

Claro, as fabricantes de cigarros, com isso, buscavam garantir a continuidade do negócio. E, com as mensagens (enganosas) de que o cigarro não era tão ruim assim ou com as implacáveis (e desonestas) críticas aos estudos que evidenciavam os efeitos deletérios do fumo, quem fumava podia manter o mesmíssimo comportamento -e de consciência tranquila.

Nem sempre há um interesse econômico por trás de um negacionismo, mas o negacionista, sim, comumente está tão “investido” naquelas mensagens ou narrativas que passa a se tornar um ônus mental e social se desvencilhar daquilo, explica Orsi.

O custo de ficar sem o acolhimento de um grupo pode ser determinante para que esses comportamentos até mesmo sobrepujem a quantidade, a qualidade e a disponibilidade de boas informações.

Ainda assim, defende Pasternak, é fundamental informar de uma forma acessível. “Nosso papel não é convencer. A gente quer que a informação científica circule numa linguagem adequada e numa forma que as pessoas entendam. Se alguém procurar no Google por vacinas, essa pessoa não pode só cair em páginas antivaxxer [antivacina]”

Mas nem mesmo estatísticas como as 4 milhões de mortes evitadas todos os anos por conta dos imunizantes convencem algumas pessoas -os números, alegam, poderiam ter sido inventados e espalhados num complô global entre indústrias, governos e órgãos de imprensa. Tudo em prol de algum interesse econômico escuso.

E esse tipo de comportamento negacionista é comum em pessoas de classes mais altas. O alto nível educacional acaba servindo apenas para achar desculpas, desmerecer o conhecimento científico e se convencer, com base num argumento qualquer, que é preciso fugir das injeções e fazer o mesmo com seus filhos.

Para mudar o panorama, a saída é melhorar a comunicação de ciência, especialmente sobre as incertezas –muitas vezes, as informações são transmitidas com ares de que são definitivas, imutáveis, o que vai contra o próprio modus operandi da ciência, de autoaperfeiçoamento.

“Nem a OMS estava preparada para comunicar incertezas no começo da pandemia. A mudança de orientações gerou pânico, desconfiança e afetou a credibilidade das instituições. E movimentos negacionistas se alimentam desse medo; e são repletos de certezas absolutas –essa é uma diferença marcante. Se não comunicarmos com honestidade e transparência as incertezas, esses movimentos só vão crescer”, diz Pasternak.

O melhor que dá para fazer num momento difícil como o atual, argumenta Orsi, é extrair o máximo do conjunto de dados e informações disponível a cada instante. “A cada segundo, a gente tem que presumir o que é correto com base nessas evidências e tomar as atitudes mais responsáveis possíveis.”

Isso seria justamente deixar de negar a realidade e abraçá-la em toda a sua complexidade.

Mix vale – 17/11/2021

No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista e pesquisadora Natália Pasternak e o jornalista Carlos Orsi se empenham em uma de suas atividades favoritas: combater o negacionismo.

Para o conceito de negacionismo não ficar etéreo, ele chega rápido no livro: “é a atitude de negar, para si mesmo e para o mundo, fatos bem estabelecidos ou um consenso científico, na ausência de evidências contundentes”.

No cardápio estão desde negacionismos mais tradicionais, como aquele praticado pela indústria do tabaco até a segunda metade do século passado, até os mais recentes, como aquele que rejeita a influência humana nas mudanças climáticas.

Ao longo do caminho aparecem a negação ao holocausto (assassinato de milhões de judeus pelos nazistas), criacionismo (para quem acredita que o a Terra e o Universo foram criado por Deus quase exatamente como são hoje, numa interpretação mais literal da Bíblia, e geralmente em oposição à Teoria da Evolução), terraplanismo (o nome diz tudo), entre outros.

Desde 2018, quando foi fundado o Instituto Questão de Ciência (IQC), o passatempo do casal ganhou um status oficial. Pasternak preside a entidade, e Orsi dirige a Revista Questão de Ciência, publicação do IQC. A organização não governamental sem fins lucrativos promove e fomenta a adoção de políticas públicas baseadas em evidências científicas -clamor que tem sido especialmente repetido ao longo da pandemia de Covid-19.

Foi fatídico, avaliam os autores, que o convite para escrever o livro e o lançamento da obra tenham coincidido com um momento em que o negacionismo estava tão em evidência, com a negação, por exemplo, do poder de disseminação do Sars-Cov-2 (o novo coronavírus), da gravidade da infecção pelo vírus, da eficácia das vacinas e até mesmo da própria existência da pandemia.

“O livro seria escrito de qualquer jeito, estava nos nossos planos, mas não esperávamos que o timing fosse tão importante. A gente nunca teve um governo tão negacionista quanto esse”, diz Pasternak à Folha de S.Paulo.

“Se não fosse agora [o lançamento], seria um livro frio, como tantos outros, inclusive ótimos, que existem. O contexto faz o livro virar uma obra ‘quente’, no jargão jornalístico. É muito legal lançar uma obra que fala sobre a conjuntura atual, mas também é assustador”, afirma Orsi.

Expor os negacionismos e dissecar seus métodos, como fazem os autores no livro, é uma forma de combatê-los. Mas e quanto a quem os promove? Por que, afinal, existem pessoas negacionistas?

Hoje é fácil analisar a situação da indústria do tabaco, por exemplo. Mesmo com a pilha crescente de evidências de que a incidência de câncer de pulmão estava intimamente ligada ao consumo de tabaco, a indústria ainda fomentava a dúvida, financiando estudos parciais e promovendo lobby para influenciar governos e meios de comunicação a seu favor.

Claro, as fabricantes de cigarros, com isso, buscavam garantir a continuidade do negócio. E, com as mensagens (enganosas) de que o cigarro não era tão ruim assim ou com as implacáveis (e desonestas) críticas aos estudos que evidenciavam os efeitos deletérios do fumo, quem fumava podia manter o mesmíssimo comportamento -e de consciência tranquila.

Nem sempre há um interesse econômico por trás de um negacionismo, mas o negacionista, sim, comumente está tão “investido” naquelas mensagens ou narrativas que passa a se tornar um ônus mental e social se desvencilhar daquilo, explica Orsi.

O custo de ficar sem o acolhimento de um grupo pode ser determinante para que esses comportamentos até mesmo sobrepujem a quantidade, a qualidade e a disponibilidade de boas informações.

Ainda assim, defende Pasternak, é fundamental informar de uma forma acessível. “Nosso papel não é convencer. A gente quer que a informação científica circule numa linguagem adequada e numa forma que as pessoas entendam. Se alguém procurar no Google por vacinas, essa pessoa não pode só cair em páginas antivaxxer [antivacina]”

Mas nem mesmo estatísticas como as 4 milhões de mortes evitadas todos os anos por conta dos imunizantes convencem algumas pessoas -os números, alegam, poderiam ter sido inventados e espalhados num complô global entre indústrias, governos e órgãos de imprensa. Tudo em prol de algum interesse econômico escuso.

E esse tipo de comportamento negacionista é comum em pessoas de classes mais altas. O alto nível educacional acaba servindo apenas para achar desculpas, desmerecer o conhecimento científico e se convencer, com base num argumento qualquer, que é preciso fugir das injeções e fazer o mesmo com seus filhos.

Para mudar o panorama, a saída é melhorar a comunicação de ciência, especialmente sobre as incertezas –muitas vezes, as informações são transmitidas com ares de que são definitivas, imutáveis, o que vai contra o próprio modus operandi da ciência, de autoaperfeiçoamento.

“Nem a OMS estava preparada para comunicar incertezas no começo da pandemia. A mudança de orientações gerou pânico, desconfiança e afetou a credibilidade das instituições. E movimentos negacionistas se alimentam desse medo; e são repletos de certezas absolutas –essa é uma diferença marcante. Se não comunicarmos com honestidade e transparência as incertezas, esses movimentos só vão crescer”, diz Pasternak.

O melhor que dá para fazer num momento difícil como o atual, argumenta Orsi, é extrair o máximo do conjunto de dados e informações disponível a cada instante. “A cada segundo, a gente tem que presumir o que é correto com base nessas evidências e tomar as atitudes mais responsáveis possíveis.”

Isso seria justamente deixar de negar a realidade e abraçá-la em toda a sua complexidade.

Folha de S.Paulo – 17/11/2021

Em ‘Contra a Realidade’, microbiologista e jornalista expõem negacionismos para combatê-los

No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista e pesquisadora Natália Pasternak e o jornalista Carlos Orsi se empenham em uma de suas atividades favoritas: combater o negacionismo.

Para o conceito de negacionismo não ficar etéreo, ele chega rápido no livro: “é a atitude de negar, para si mesmo e para o mundo, fatos bem estabelecidos ou um consenso científico, na ausência de evidências contundentes”.

No cardápio estão desde negacionismos mais tradicionais, como aquele praticado pela indústria do tabaco até a segunda metade do século passado, até os mais recentes, como aquele que rejeita a influência humana nas mudanças climáticas.

Ao longo do caminho aparecem a negação ao holocausto (assassinato de milhões de judeus pelos nazistas), criacionismo (para quem acredita que o a Terra e o Universo foram criado por Deus quase exatamente como são hoje, numa interpretação mais literal da Bíblia, e geralmente em oposição à Teoria da Evolução), terraplanismo (o nome diz tudo), entre outros.

Desde 2018, quando foi fundado o Instituto Questão de Ciência (IQC), o passatempo do casal ganhou um status oficial. Pasternak preside a entidade, e Orsi dirige a Revista Questão de Ciência, publicação do IQC. A organização não governamental sem fins lucrativos promove e fomenta a adoção de políticas públicas baseadas em evidências científicas —clamor que tem sido especialmente repetido ao longo da pandemia de Covid-19.

Foi fatídico, avaliam os autores, que o convite para escrever o livro e o lançamento da obra tenham coincidido com um momento em que o negacionismo estava tão em evidência, com a negação, por exemplo, do poder de disseminação do Sars-Cov-2 (o novo coronavírus), da gravidade da infecção pelo vírus, da eficácia das vacinas e até mesmo da própria existência da pandemia.

“O livro seria escrito de qualquer jeito, estava nos nossos planos, mas não esperávamos que o timing fosse tão importante. A gente nunca teve um governo tão negacionista quanto esse”, diz Pasternak à Folha.

“Se não fosse agora [o lançamento], seria um livro frio, como tantos outros, inclusive ótimos, que existem. O contexto faz o livro virar uma obra ‘quente’, no jargão jornalístico. É muito legal lançar uma obra que fala sobre a conjuntura atual, mas também é assustador”, afirma Orsi.

Expor os negacionismos e dissecar seus métodos, como fazem os autores no livro, é uma forma de combatê-los. Mas e quanto a quem os promove? Por que, afinal, existem pessoas negacionistas?

Hoje é fácil analisar a situação da indústria do tabaco, por exemplo. Mesmo com a pilha crescente de evidências de que a incidência de câncer de pulmão estava intimamente ligada ao consumo de tabaco, a indústria ainda fomentava a dúvida, financiando estudos parciais e promovendo lobby para influenciar governos e meios de comunicação a seu favor.

Claro, as fabricantes de cigarros, com isso, buscavam garantir a continuidade do negócio. E, com as mensagens (enganosas) de que o cigarro não era tão ruim assim ou com as implacáveis (e desonestas) críticas aos estudos que evidenciavam os efeitos deletérios do fumo, quem fumava podia manter o mesmíssimo comportamento —e de consciência tranquila.

Nem sempre há um interesse econômico por trás de um negacionismo, mas o negacionista, sim, comumente está tão “investido” naquelas mensagens ou narrativas que passa a se tornar um ônus mental e social se desvencilhar daquilo, explica Orsi.

O custo de ficar sem o acolhimento de um grupo pode ser determinante para que esses comportamentos até mesmo sobrepujem a quantidade, a qualidade e a disponibilidade de boas informações.

Ainda assim, defende Pasternak, é fundamental informar de uma forma acessível. “Nosso papel não é convencer. A gente quer que a informação científica circule numa linguagem adequada e numa forma que as pessoas entendam. Se alguém procurar no Google por vacinas, essa pessoa não pode só cair em páginas antivaxxer [antivacina]”

Mas nem mesmo estatísticas como as 4 milhões de mortes evitadas todos os anos por conta dos imunizantes convencem algumas pessoas —os números, alegam, poderiam ter sido inventados e espalhados num complô global entre indústrias, governos e órgãos de imprensa. Tudo em prol de algum interesse econômico escuso.

E esse tipo de comportamento negacionista é comum em pessoas de classes mais altas. O alto nível educacional acaba servindo apenas para achar desculpas, desmerecer o conhecimento científico e se convencer, com base num argumento qualquer, que é preciso fugir das injeções e fazer o mesmo com seus filhos.

Para mudar o panorama, a saída é melhorar a comunicação de ciência, especialmente sobre as incertezas —muitas vezes, as informações são transmitidas com ares de que são definitivas, imutáveis, o que vai contra o próprio modus operandi da ciência, de autoaperfeiçoamento.

“Nem a OMS estava preparada para comunicar incertezas no começo da pandemia. A mudança de orientações gerou pânico, desconfiança e afetou a credibilidade das instituições. E movimentos negacionistas se alimentam desse medo; e são repletos de certezas absolutas —essa é uma diferença marcante. Se não comunicarmos com honestidade e transparência as incertezas, esses movimentos só vão crescer”, diz Pasternak.

O melhor que dá para fazer num momento difícil como o atual, argumenta Orsi, é extrair o máximo do conjunto de dados e informações disponível a cada instante. “A cada segundo, a gente tem que presumir o que é correto com base nessas evidências e tomar as atitudes mais responsáveis possíveis.”

Isso seria justamente deixar de negar a realidade e abraçá-la em toda a sua complexidade.

Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto – 17/11/2021 – Ciência – Folha (uol.com.br)

Maria Homem e Contardo Calligaris conversam sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo em novo livro da Papirus

Sempre polêmicas, as discussões sobre gênero estão cada vez mais em pauta, principalmente as questões envolvendo o feminino, que aparecem com muita força na atualidade. Para aquecer ainda mais esse debate e oferecer novos pontos de vista, a Papirus 7 Mares lança o livro Coisa de menina? Uma conversa sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo (128 pp., R$ 34,90), dos psicanalistas Maria Homem e Contardo Calligaris.

Na sociedade em que vivemos ainda imperam o machismo e a misoginia. As mulheres acabam sendo as vítimas mais frequentes de assédio e violência, julgadas de maneira preconceituosa muitas vezes por elas mesmas. “A nossa cultura é fundada não apenas no domínio sobre as mulheres, mas no ódio pelas mulheres”, diz Contardo. “Ao longo de muitos séculos, a sexualidade feminina só sobrevive à margem”, continua ele. Um fato curioso, porém, observa o autor, é a literatura erótica do século XX ser totalmente feminina. 

Além disso, as conquistas que as mulheres vêm obtendo — como a inserção no mercado de trabalho, a liberdade sexual, a possibilidade de decidir se e quando terá filhos etc. — parecem voltar-se contra elas mesmas, trazendo muitas vezes angústia, dúvidas, culpa e sofrimento. “A mulher tem, no mínimo, uma tripla jornada hoje. Ela tem múltiplas funções: é mãe na casa, cidadã na polis e trabalhadora no mercado. E existe ainda uma outra grande função que é exercida — ou demandada a ser exercida —, que é a de ser uma mulher desejada”, lembra Maria Homem. 

Onde erramos na revolução feminista? Será que demos tudo de graça e não negociamos? Somos verdadeiramente livres? Subjugadas e tolhidas em sua liberdade, num mundo que vê o pensamento cada vez mais polarizado, algumas mulheres se calam diante dessas questões, mas outras, e também outros (afinal, o feminismo não é só coisa de menina), como Maria Homem e Contardo Calligaris, buscam promover a livre reflexão para repensar o feminino, com coragem, franqueza e discernimento. 

Mario Sergio Cortella e Marcelo Tas conversam em livro sobre o avesso da cidadania

Cidadania… só que não! Quando o exercício dos direitos e deveres de um cidadão para com outro não acontece como deveria, o que é possível fazer? Diante dessa questão, a Papirus 7 Mares lança Basta de cidadania obscena!, um debate entre o filósofo Mario Sergio Cortella e o comunicador Marcelo Tas. No livro, os autores conversam sobre o avesso da cidadania, que passa ao largo da ética, e avaliam o papel de cada um de nós na recusa ao obsceno.

Segundo Cortella, a cidadania se mostra obscena às vezes porque vitimiza as pessoas. Em seu entender, “a percepção daqueles que são vitimados no cotidiano por uma organização social, pelo modo como estruturamos a convivência, pelos nossos valores pressupõe autoria. Isto é, se há vítima, há réu”. 

Tas completa: “Existe uma parte da sociedade que, mesmo afirmando prezar a cidadania, dilui esse conceito ao dizer que a corrupção está em cada brasileiro que não atravessa a rua na faixa de pedestres, no motorista que não respeita o sinal de trânsito e assim em diante”. E reclama: “A sociedade parece não querer encarar o lado obsceno da cidadania ao não apontar os autores”.

Entre outras questões, os autores discutem o politicamente correto – e incorreto – e como a comunicação pode e deve ser usada a serviço da boa cidadania. Eles avaliam o papel social dos formadores de opinião nesse cenário, especialmente em nossa era digital, e questionam até que ponto o virtual favorece uma participação cidadã mais ativa.

Um livro que, certamente, nos fará olhar para o mundo, para o outro e para nós mesmos de outra forma. 

Sobre os autores: 

Mario Sergio Cortella, filósofo e escritor, tem mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor titular por 35 anos (1977-2012). É professor convidado da Fundação Dom Cabral (desde 1997) e lecionou na GVpec da FGV-SP (1998/2010). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do Prof. Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira.

Marcelo Tas é jornalista e comunicador de TV, com vários prêmios no Brasil e no exterior. Entre suas obras, destacam-se o repórter ficcional Ernesto Varela e a série infantil Rá-Tim-Bum (TV Cultura). Também participou da criação do Programa Legal e do Telecurso (TV Globo). Atualmente, apresenta o Papo de Segunda, no GNT. 

Escândalos políticos não faltam no Brasil. Recentemente tivemos CPIs que acabaram em cassações de mandatos, abaixo-assinado para tirar Renan Calheiros da presidência do Senado, caso de Carlinhos Cachoeira e muitos, muitos outros. São tantos que, muitas vezes, o cidadão tem a impressão de que é tratado como idiota por seus políticos. Mas você sabia que a palavra “idiota” vem do grego e significa “aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política”? Ao escolhermos os políticos que irão nos governar nos próximos anos, é preciso não sermos idiotas no sentido originário da palavra. Assim, mais à frente, não teremos a sensação de sermos tratados como idiotas – agora no sentido mais comum da expressão. Para desenvolver a discussão sobre política com a população, a Papirus 7 Mares indica a leitura do livro Política: Para não ser idiota.

De autoria dos filósofos Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro, a obra tem como objetivo levar o conhecimento sobre política para aqueles que pouco sabem do assunto ou que não se interessam por ele, promovendo assim um debate profundo a respeito do tema. “Sempre achei a discussão no Brasil muito pobre, então quisemos sair desse ‘nível de pobreza’, em que se priorizam detalhes, e não o essencial”, conta Ribeiro. 

De acordo com ele, é importante que as pessoas sejam atuantes, que discutam sobre o que acontece na política, caso contrário não terão espaço de ação, politicamente falando. “Eu acho que se trata da autonomia que as pessoas têm. Ou você tem autonomia ou será gerido por algo que você não controla, mas que vai cuidar da sua vida”, explica o autor.

Parte da coleção Papirus Debates, o livro é apresentado ao leitor em forma de bate-papo entre os autores. São, ao todo, 12 capítulos que tratam de assuntos como atos políticos, corrupção e transparência na política, cidadania, confronto e consenso, quem deve ser o dono do poder, encargo e patrimônio, entre outros.

Na obra, política não se relaciona apenas com eleições ou poder. Trata-se também de questões de convivência. “Política não é partido (político). Partido é uma das formas de fazer política. Faz-se política na família, na igreja, no trabalho, na escola e também na gestão pública. Desse ponto de vista, é preciso se interessar por política para não cair numa postura individualista, tolamente exclusiva”, pontua Mario Sergio Cortella.

Outro ponto de destaque do livro é a discussão da “obrigatoriedade” da política no Brasil (as pessoas são obrigadas a votar, as redes de televisão e as emissoras de rádio são obrigadas a transmitir a propaganda eleitoral etc.). O que leva à discussão sobre a missão da política e da democracia. “Eu e o Mario Sergio Cortella temos pontos divergentes quando o assunto é a política ter completado a sua missão. Será que a democracia completou seu ciclo ou ainda há mais a se democratizar?”, questiona Ribeiro.

Cortella, por sua vez, enfatiza o capítulo no qual ele e Ribeiro debatem a política como tema de sala de aula. “[O tema] precisa ser tratado em sala de aula. Há pessoas na escola que caem na armadilha de dizer ‘nesta sala de aula não se fala de política, só de cidadania’, e isso é estranho, porque na prática é a mesma coisa, o que muda é o idioma de origem (política vem do grego, cidadania do latim). A política não pode se ausentar do conteúdo da sala de aula”, sinaliza.

Que época poderia ser mais propícia do que nossa realidade para a discussão do que é moral, do que se entende por ética?


Com diferentes percursos profissionais, os autores apresentam um debate palpitante acerca de várias questões de nosso cotidiano. Por exemplo, eles começam indagando até que ponto, quando se ouvem comentários acerca do comportamento dos jovens, queremos nos referir a um conflito moral da sociedade ou, na verdade, queremos apenas resolver um problema de conduta. O que é honra? E que tipo de pais e professores se tornaram os jovens rebeldes dos anos 1960?


Como o tema é muito rico, as reflexões desses importantes pensadores de nosso tempo se relacionam com diferentes realidades: é recorrente a questão da educação – tanto escolar como familiar –, mas também é abordado o que ocorre no mundo do trabalho, nas relações sociais (quem é o outro: um de nós ou um estranho?).

Essa edição ampliada traz dois novos textos: no primeiro, Yves de La Taille comenta retrospectivamente a publicação original, de 2005. Na sequência, Mario Sergio Cortella busca iluminar caminhos para que possamos pensar melhor a formação de crianças e jovens hoje. Com sua experiência e cultura, os autores mostram que as reflexões desse livro continuam muito atuais e necessárias.

Lançamento da Papirus convida a repensar o ensino fundamental em tempos de BNCC

A fim de fomentar o debate em torno das políticas públicas voltadas ao ensino fundamental, especialmente com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Papirus Editora lança Ensino fundamental: Da LDB à BNCC (272 pp., ). Essa obra, organizada por Ilma Passos de Alencastro Veiga e Edileuza Fernandes da Silva, analisa a prática docente na sala aula, resgatando a função social da escola, fortalecendo a valorização e o comprometimento de todos com as ações coletivas de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar no processo didático.

“São muitos os caminhos possíveis para se garantirem a busca e o compromisso do professor com a renovação pedagógica no sentido de resgatar o diálogo e a inter-relação entre as disciplinas do currículo”, explica Nereide Saviani, doutora em História e Filosofia da Educação pela PUC-SP, no Prefácio. Como ela ressalta, “as mudanças vivenciadas no contexto da sociedade, hoje globalizada, têm exercido influência em todos os níveis de ensino”.

O livro está dividido em cinco partes: a primeira busca desvendar o ensino fundamental no Brasil, sua legislação, sua história, seus princípios e o trabalho pedagógico. A segunda parte coloca em enfoque as linguagens como formas de representar o mundo e socializar pensamentos. A terceira volta-se para a matemática como conhecimento que se forma com a necessidade dos seres humanos de buscar respostas às questões e às situações por eles vivenciadas. A quarta trata da articulação entre ciências, cultura e tecnologia, visando a uma postura interventiva no mundo. A quinta e última parte defende a construção da história e da geografia em articulação favorável ao pensamento crítico.

Destinado a professores e gestores da escola básica, além de estudantes de licenciatura, Ensino fundamental: Da LDB à BNCC discorre sobre currículo, gestão democrática e projeto político-pedagógico – elementos, segundo as organizadoras, “primordiais para se pensar o trabalho escolar, favorável à permanência dos estudantes na escola, mas também e fundamentalmente à qualidade da educação”. Esse é o grande desafio!

Lançamento da Papirus Editora traz histórias de práticas educativas de atenção aos alunos, com o olhar sensível e afetivo dos professores

Lidar com crianças e jovens exige responsabilidade. Por isso, é essencial que na escola o professor consiga observar seus alunos e, assim, possa identificar dificuldades e agir. Educação como resposta responsável: Conhecer, acolher e agir (176 pp., R$ 48,90), escrito pela educadora Sonia Kramer, tem a ver com isso: a busca por práticas educativas que respeitem e acolham os alunos em suas diferenças e deficiências, auxiliando no desenvolvimento deles.

Essa obra reúne artigos, palestras, resultados de pesquisa e da escuta responsável, em creches, pré-escolas e escolas, discutindo práticas em educação, gestos, palavras e atos necessários para enfrentar desafios, conflitos e dificuldades. Segundo a autora, “conhecer o que as crianças fazem, sabem, gostam (ou não), procuram e inventam é requisito para que se possa – com condições concretas – pensar, formular, alterar e ajustar o currículo, rever atividades e projetos, reorganizar o espaço e redimensionar o tempo no planejamento diário e na orientação das práticas, propiciar interações e delinear os modos de gestão “. 

Os capítulos desse livro relatam trajetórias de uma história voltada à perspectiva democrática, plural e diversa, com uma visão de mundo pautada na responsabilidade e na educação como resposta responsável, que precisa ser reflexão e resistência, impedir o que constrange ou subjuga as pessoas e sempre agir com e para a liberdade, contra qualquer forma de opressão, desigualdade e preconceito. Ao final de cada seção, há um texto marcado por uma forte situação pessoal da autora.

Educação como resposta responsável traz aflições como as de uma professora que não estudou tanto tempo para se acostumar a gritar, e de quem sente a insustentável leveza de ser e estar com crianças. Como diz a autora: “Educar requer reencontrar as histórias caladas ou esquecidas, criar práticas de pertencimento, com respeito e acolhimento das diferenças, com ações e gestos de cuidado nas políticas públicas, nas instâncias intermediárias e na dimensão micro da vida cotidiana”. Sonia Kramer convida você, leitor, a unir-se a ela e fazer parte desse movimento!

Sobre a autora:

Sonia Kramer é professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde coordena o curso de especialização em Educação Infantil, o grupo de pesquisa Infância, Formação e Cultura (Infoc) e o curso Trajetórias Judaicas. Sempre gostou muito de escrever, publicou livros e artigos sobre educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental; infância, formação e histórias de professores; políticas públicas; leitura, escrita e literatura. Dentre os livros, destacam-se: Por entre as pedras: Arma e sonho na escola (Ática, 1993); Alfabetização, leitura e escrita: Formação de professores em curso (Ática, 1998); Infância, educação e direitos humanos (Cortez, 2003); Retratos de um desafio: Crianças e adultos na educação infantil (Ática, 2009); Educação infantil: Enfoques em diálogo (Papirus, 2011); Educação infantil: Formação e responsabilidade (Papirus, 2013); Likhtik/Iluminado (Viver com Yiddish, 2018); Ética: Pesquisa e práticas com crianças na educação infantil (Papirus, 2019).

Tem Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin, e Martin Buber como seus principais autores de referência e, atualmente, é grande e especial seu interesse por textos literários de escritoras que escreviam e escrevem em Yiddish. Criou e coordena na PUC-Rio, com as professoras Marcia Antabi e Inès Miller, o núcleo “Viver com Yiddish: Pesquisas, cursos, projetos culturais”. Além de cursos e da pesquisa “Aprender e ensinar Yiddish como resistência e experiência identitária”, o núcleo oferece oficinas de Yiddish com crianças e organiza eventos de caráter acadêmico e cultural.

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