7 mares

CORTELLA E ROSSANDRO KLINJEY JUNTOS EM NOVO LIVRO DA PAPIRUS 7 MARES

Lançamento traz conversa entre Mario Sergio Cortella e Rossandro Klinjey, sobre a vida, suas dores e alegrias Saber nomear e...
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TRAMAS E TRILHAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Novo livro da Papirus Editora discute o desenvolvimento profissional docente e institucional no ensino superior.
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FORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E ARTE

Livro da Papirus traz histórias de quem vive o cotidiano da escola e da universidade e se reinventa nos processos...
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Sobrevivendo ao racismo

Papirus 7 Mares lança livro que aborda os impactos do racismo na vida da população negra Mesmo após tantos avanços,...
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Releases

Clóvis de Barros Filho comanda bate-papo e lançamento de livro no Iguatemi Campinas

Clóvis de Barros Filho comanda bate-papo e lançamento de livro no Iguatemi Campinas

O escritor e comunicador Clóvis de Barros Filho estará no Teatro Oficina do Estudante Iguatemi no próximo dia 13 de setembro, terça-feira,...
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UOL: Cortella, Karnal e mais: 10 livros de filósofos brasileiros da atualidade

UOL: Cortella, Karnal e mais: 10 livros de filósofos brasileiros da atualidade

Murilo Matias Colaboração para o UOL 26/03/2022 04h00 Nos últimos anos a filosofia deixou de ser restrita ao ambiente acadêmico...
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Portal do Holanda: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Portal do Holanda: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Portal do Holanda – 17/11/2021 No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a...
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Data Mercantil: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Data Mercantil: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Data Mercantil – 17/11/2021 No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista...
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Agora ES: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

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Agora ES – 17/11/2021 No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista...
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CORTELLA E ROSSANDRO KLINJEY JUNTOS EM NOVO LIVRO DA PAPIRUS 7 MARES

Lançamento traz conversa entre Mario Sergio Cortella e Rossandro Klinjey, sobre a vida, suas dores e alegrias Saber nomear e...
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TRAMAS E TRILHAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Novo livro da Papirus Editora discute o desenvolvimento profissional docente e institucional no ensino superior.
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Nutrição: Interdisciplinaridade na prática

Autoras sugerem práticas para serem adotadas dentro e fora da sala de aula, com base em informações nutricionais e discussões...
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Net-ativismo e novas formas de manifestação social

Coletânea discute o significado do ativismo emergente nas redes digitais A crescente popularização da internet no mundo todo, nos últimos...
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Clóvis de Barros Filho comanda bate-papo e lançamento de livro no Iguatemi Campinas

O escritor e comunicador Clóvis de Barros Filho estará no Teatro Oficina do Estudante Iguatemi no próximo dia 13 de setembro, terça-feira,...
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UOL: Cortella, Karnal e mais: 10 livros de filósofos brasileiros da atualidade

Murilo Matias Colaboração para o UOL 26/03/2022 04h00 Nos últimos anos a filosofia deixou de ser restrita ao ambiente acadêmico...
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Portal do Holanda: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Portal do Holanda – 17/11/2021 No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a...
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Data Mercantil: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Data Mercantil – 17/11/2021 No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista...
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Agora ES: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Agora ES – 17/11/2021 No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista...
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Mix Vale: Novo livro disseca teorias negacionistas como terraplanismo e negação ao holocausto

Mix vale – 17/11/2021 No novo livro “Contra a Realidade” (ed. Papirus 7 Mares; 192 págs; R$ 44,90), a microbiologista...
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CORTELLA E ROSSANDRO KLINJEY JUNTOS EM NOVO LIVRO DA PAPIRUS 7 MARES

Lançamento traz conversa entre Mario Sergio Cortella e Rossandro Klinjey, sobre a vida, suas dores e alegrias

Saber nomear e entender a própria dor é fundamental para conseguirmos organizar nossos sentimentos e escolher o rumo que queremos seguir. Em As quatro estações da alma: Da angústia à esperança (7 Mares, 160 pp., R$ 59,90), o filósofo Mario Sergio Cortella e o psicólogo Rossandro Klinjey – unindo seus conhecimentos e suas vivências –, falam sobre os desertos que atravessamos no inverno da alma e a importância de acolhermos as angústias que nos afligem e lidarmos com elas.

Para os autores, é muito importante que possamos olhar para dentro de nós mesmos e enfrentar – por que não contemplar? – aqueles momentos em que tudo parece mais difícil. “Quando nos conformamos com algo, assimilamos aquela forma. Ficamos conformados. E, conformados, perdemos nossa identidade e nossa capacidade ativa”, afirma Cortella. “Não pular etapas da vida, não fugir da dor, mas enfrentá-la e aceitá-la é o que nos permite crescer e evoluir. Cada etapa, cada dor enfrentada é uma
oportunidade para amadurecer e se transformar”, ressalta Rossandro.

Apesar de vivermos um momento de muitas informações, dados e tecnologias, o futuro continua sendo uma incerteza. Isso acaba gerando “uma angústia coletiva, um sentimento de estar à deriva em um oceano de possibilidades desconhecidas”, pontua Rossandro. Segundo o autor, “é assim que a ansiedade e o medo frequentemente nos retêm, fazendo-nos temer o fracasso e a incerteza do desconhecido. Em vez de nos lançarmos em novas experiências, optamos pela hesitação ou pela comodidade dos caminhos já trilhados”.

O livro traz também uma reflexão sobre as redes sociais, que querem ditar uma vida de festa e eterna felicidade. Os autores lembram que existe uma diferença entre ilusão e mentira, pois a dor também existe, e é necessário reconhecê-la para não sermos por ela dominados e não perdermos nossa capacidade de ter esperança. “Seja mesmo como estação do ano, seja como símbolo, há momentos invernais que não são momentos infernais. Isto é, o inverno como percepção de algum recolhimento, de um voltar-se um pouco mais para dentro, ele não é negativo à medida que favorece o autoconhecimento, a reflexão”, finaliza Cortella.

Trechos do livro:

“A tecnologia pode nos distrair desse sufoco do cotidiano, pode nos ajudar
a ultrapassar essa agonia que nos captura, como também aprofundá-la. Ou
pode servir como cadafalso, em que vamos perdendo a nossa inteligência e
autonomia.” Cortella

“A autoconsciência é um exercício raro. Porém, quando acendemos essa luz
interior e enfrentamos a desordem e a aflição, podemos procurar uma
fonte de iluminação mais intensa e duradoura, tal como uma vela ou um
candeeiro.” Rossandro

“A abertura para a percepção do diferente, como não sendo
exclusivamente exótico, é um passo para aquilo que chamávamos de
acolhimento da empatia. Porque a empatia diminui o sofrimento.” Cortella

“Ao nos acomodarmos em uma única estação da existência, corremos o
perigo de estagnar, inclusive em ambientes prejudiciais – como as relações
tóxicas que, por mais deteriorantes que sejam, tornam-se zonas de
conforto, obstruindo nossa visão para novos horizontes e novas
possibilidades.” Rossandro

“… nós construímos dentro do mundo digital das redes a possibilidade de
um presente contínuo. E esse presente contínuo perturba uma parcela da
nossa noção para lidar com o luto, com as perdas, com os sucessos, com o
êxito.” Cortella

“É curioso observar que, na sociedade atual, as pessoas se deliciam ao ver
as vitrines reluzentes de nossos sucessos, mas frequentemente viram os
olhos para os bastidores sombrios, em que as noites de luta e esforço se
desenrolam.” Rossandro

SOBRE OS AUTORES

Mario Sergio Cortella é filósofo, escritor e palestrante, com mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor titular por 35 anos (1977-2012). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do professor Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira, como Nos labirintos da moral, com Yves de La Taille, Ética e vergonha na cara!, com Clóvis de Barros Filho, Nem anjos nem demônios: A humana escolha entre virtudes e vícios, com Monja Coen, e Viver, a que se destina?, com Leandro Karnal, todos publicados pela Papirus 7 Mares.

Rossandro Klinjey é psicólogo, professor, palestrante, consultor em Educação e Desenvolvimento Humano e fundador da Educa, empresa de educação socioemocional, e do Instituto RK, que trabalha com desenvolvimento emocional. É também professor convidado do curso de Felicidade da Unicamp e do mestrado em Psicologia Organizacional da PUCRS.

Devido a seu poder de comunicação, que traduz a Psicologia para uma linguagem de fácil compreensão, consolidou-se como um dos dez maiores palestrantes em desenvolvimento pessoal do Brasil.

Seu olhar humanista e sua narrativa convidativa resultaram em best-sellers como Help! Me eduque, Autoperdão, o aprendizado necessário, Eu escolho ser feliz, As cinco faces do perdão e O tempo do autoencontro, livros que ganham reedições revistas periodicamente e posicionaram o autor como referência nos temas derivados do desenvolvimento emocional nas esferas individuais e coletivas.

Colunista da rádio CBN Brasil com os quadros semanais “O divã de todos nós” e “Saúde integral”, e à frente do podcast “Cuidando da alma”, tem intensificado a discussão sobre autoconhecimento e bem-estar. Esses temas atraíram mais de 17 mil alunos ao seu programa de desenvolvimento pessoal “Aprender a se amar e parar de se sabotar”.

Ficha técnica
Título: As quatro estações da alma: Da angústia à esperança
Autores: Mario Sergio Cortella e Rossandro Klinjey
ISBN: 978-65-5592-044-4
Páginas: 160
Coleção: Papirus Debates
Preço de capa: R$ 59,90
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educação superior

TRAMAS E TRILHAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Novo livro da Papirus Editora discute o desenvolvimento profissional docente e institucional no ensino superior

As políticas educacionais compõem o grupo de políticas públicas brasileiras que visam garantir o direito à educação de qualidade e o desenvolvimento profissional docente. Diante da reconfiguração constante da sociedade e da educação, a Papirus Editora lança Educação superior: Tramas e trilhas para o desenvolvimento profissional docente e institucional (256 pp., R$ 74,90), coletânea organizada pelas professoras Ilma Passos Alencastro Veiga e Claudia Christina Bravo e Sá Carneiro, que busca compreender as possibilidades do ensino superior nesse cenário.

Dividida em três partes, a obra integra em suas análises o ensinar, o aprender, o pesquisar, o avaliar e o socializar conhecimentos e inovações. O leitor encontrará reflexões sobre educação e políticas públicas, assessoria pedagógica, coordenação de cursos de graduação, curricularização da extensão, ensino tutorial e internacionalização da educação superior. 

O livro tem como objetivos concretizar o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; formar profissionais de diferentes campos científicos; compreender a educação superior como continuidade da educação básica; incentivar o trabalho de pesquisa; estimular a criação cultural; divulgar conhecimentos culturais, científicos e técnicos; conhecer os problemas do mundo presente. Desse modo, apresenta tramas e trilhas que orientam os textos.

Para os autores, as tramas socioeconômicas, políticas, educacionais que provocaram danos à educação brasileira, de forma geral, precisam ficar no passado e necessitam de uma análise crítica e criativa. Por isso, os capítulos reforçam a importância de tratar os prejuízos por meio das trilhas legais, conceituais, processuais e práticas para sanar as perturbações e os efeitos do desabono, do desencanto, do desafeto, da repetição alienante e da destruição.

Sobre as organizadoras:

Ilma Passos Alencastro Veiga tem mestrado em Currículo no Ensino Médio – Mestre em Educação (UFSM), doutorado e pós-doutorado em Educação (Unicamp). É professora titular emérita da Faculdade de Educação da UnB e professora aposentada da Secretaria de Educação do Estado de Goiás. Tem várias obras publicadas pelas editoras Papirus, Autores Associados e Vozes.

Claudia Christina Bravo e Sá Carneiro é química industrial e engenheira química (UFC), mestre em Química Inorgânica (UFC) e doutora em Educação Brasileira (UFC), com pós-doutorado em Educação (UnB). Professora aposentada do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, atua como pesquisadora e orientadora no Programa de Pós-graduação em Educação da UFC – Propap. É líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ensino de Ciências (Gepenci).

Ficha técnica:
Título: Educação superior: Tramas e trilhas para o desenvolvimento profissional docente e institucional 
Orgs.: Ilma Passos Alencastro Veiga e  Claudia Christina Bravo e Sá Carneiro
Editora: Papirus 
Páginas: 256 pp.
Formato: 14 x 21 cm
Preço de capa: R$ 74,90
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Nutrição: Interdisciplinaridade na prática

Autoras sugerem práticas para serem adotadas dentro e fora da sala de aula, com base em informações nutricionais e discussões pedagógicas interdisciplinares

Qual a base de nossa alimentação? Gostamos de legumes e suco de frutas ou preferimos fast-food e refrigerante? Nossas escolhas influenciam, e muito, nossa saúde. Obra da educadora Karen Currie e da nutricionista Sheila Currie de Carvalho, Nutrição: Interdisciplinaridade na prática (Papirus, 352 pp., R$ 86,90) sugere propostas de trabalho voltadas a todas as disciplinas, sobre esse tema tão importante.

Hoje em dia, há muitas informações disponíveis sobre alimentos e dietas. Mas será que sabemos interpretá-las? As autoras chamam a atenção para o número de problemas de saúde decorrentes de maus hábitos alimentares, que cresce drasticamente na sociedade atual. “Por exemplo: em torno de 80% das doenças do coração e 90% dos casos de diabetes têm uma ligação estreita com hábitos de vida e alimentação. Uma dieta saudável afeta positivamente todos os aspectos da vida – comer bem é fundamental”, apontam Karen e Sheila. “Mas será que a população sabe o que significa ‘comer bem’? Esses dados nos levam a crer que é essencial incluir no currículo de nossas escolas propostas pedagógicas que contribuam para a educação alimentar das futuras gerações”, alertam.

O livro tem como objetivo principal pensar uma pedagogia interdisciplinar tomando como tema gerador a nutrição. “Não pretendemos oferecer receitas prontas, mas, de vez em quando, ilustraremos nossas propostas de trabalho com relatos de experiências pedagógicas já realizadas”, explicam as autoras.

Nutrição: Interdisciplinaridade na prática valoriza o diálogo entre as autoras e o leitor, a forte relação entre teoria e prática, além de colocar o aluno como protagonista ativo, que participa de situações comunicativas concretas nas quais sua contribuição é respeitada. É possível também encontrar na obra muitas sugestões de práticas para serem adotadas dentro e fora da sala de aula, com base em informações nutricionais e discussões pedagógicas explicitamente interdisciplinares. Lembrando que a motivação é importante fator de sucesso no processo de ensino e aprendizagem.

A obra é voltada principalmente a professores da educação fundamental, mas atende também a educadores que atuam em outros níveis de ensino. Após a leitura, é possível colocar a teoria em prática e garantir uma aprendizagem interdisciplinar que faça sentido para os alunos. Então, professor, mãos à obra!

Sobre as autoras:

Karen L. Currie nasceu na Escócia em 1953 e mudou-se para o Brasil em 1979. É mestre e doutora em Linguística pela Universidade de Edimburgo, na Escócia. Atua como professora-adjunta no Departamento de Línguas e Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) desde 2002. Trabalhou em vários projetos de formação em serviço com professoras alfabetizadoras entre 1986-1995. Nesse período, escreveu dois livros: Alfabetização: Um processo de aprendizagem permanente (Kuarup, 1991) e Ensinando o pensar na alfabetização (Kuarup, 1998). Foi responsável por 73 escolas públicas como chefe do subnúcleo de Educação de Domingos Martins, ES (1995-1997). Escreveu Meio ambiente: Interdisciplinaridade na prática (Papirus, 1998), enquanto aplicava as propostas desse livro em todo o município. Começou o Grupo de Estudos MI (Múltiplas Inteligências) com alunos de graduação da Ufes no início de 2004, com o objetivo de investigar conexões entre a Teoria MI e a diversidade em sala de aula. É organizadora e coautora do livro Música e ensino de línguas: Explorando a teoria das múltiplas inteligências (Edufes, 2014), resultado dos estudos do Grupo MI.

Sheila Elizabeth Currie de Carvalho nasceu na Escócia em 1982 e veio para o Brasil com 6 semanas de vida. Educada no lar até completar 12 anos, cursou a 5ª e a 6ª série em escola pública e, depois, optou por completar o ensino fundamental numa Escola Família Agrícola. Aos 16 anos, fez o curso técnico em Recursos Ambientais e Práticas Rurais do Colégio Barony, na Escócia. Como parte desse curso, realizou estágio em Recursos Ambientais na Dinamarca. Após a obtenção do bacharelado em Nutrição pela Faculdade Salesiana de Vitória, ES, em 2008, montou um consultório nutricional em Jacaraípe, Serra, ES. Eventualmente, realiza palestras relacionadas à nutrição como, por exemplo, “Faça de seu alimento seu medicamento” e “Vamos melhorar nossa alimentação”, oferecidas para pacientes em recuperação de câncer. Sua preocupação maior é com a crescente popularização de hábitos alimentares ligados ao consumo de fast-food. Acredita com firmeza na necessidade urgente de promover uma educação alimentar mais saudável no intuito de garantir uma população cada vez mais sadia no futuro.

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Net-ativismo e novas formas de manifestação social

Coletânea discute o significado do ativismo emergente nas redes digitais

A crescente popularização da internet no mundo todo, nos últimos anos, propiciou o surgimento de novas formas de participação, organização e atuação das pessoas. Tanto é assim que práticas ativistas passaram a tomar conta das redes sociais, num movimento denominado net-ativismo. A fim de promover um debate transdisciplinar, ampliar e consolidar o espaço de reflexão sobre essa temática, a Papirus lança Net-ativismo: Redes digitais e novas práticas de participação (304 pp., R$ 74,90), livro organizado por Massimo di Felice, Eliete Pereira e Erick Roza.

Atualmente, não passamos um dia sequer sem receber e-mails e convites para adesões contra a fome, em prol da luta contra algum tipo de preconceito ou simplesmente para mostrar indignação diante de injustiças, desmandos e mazelas. Esse fenômeno, que vem sendo analisado nas principais universidades nacionais e estrangeiras, é apresentado nesse lançamento por alguns de seus mais importantes estudiosos, como Pierre Lévy, Lucia Santaella, Michel Maffesoli e Stéphane Hugon.

Comparando esse momento tecnológico ao ocorrido na Europa com Gutenberg — que permitiu a reprodução de textos em escala, difundindo assim o hábito da leitura e ampliando o acesso ao conhecimento —, as redes sociais digitais começaram a implementar um novo tipo de reforma que deve alterar as formas políticas existentes, provocando transformações sociais qualitativas. Segundo os organizadores da obra, “se a tipografia teve um papel central nos conflitos que levaram, na Europa, a duas revoluções modernas, a inglesa e a francesa, difundindo os conteúdos iluministas em livros e panfletos que se multiplicavam pela técnica da impressão, apesar da censura e da queima em praça pública de textos hostis às instituições e ao poder eclesiástico, não é difícil imaginar que as redes digitais implementarão uma nova arquitetura da participação, alterando o significado contemporâneo de democracia”.

Diante desse novo contexto tecnológico e comunicativo da participação e da ação social, esse livro, composto por artigos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, apresenta os significados das diversas formas do ativismo emergente nas redes digitais, tomando a pluralidade e as especificidades tecnológicas, sociais e culturais dessa prática.

Obra dividida em duas partes, a primeira abrange as teorias da ação, da política e da ecologia que traduzem o arcabouço do fenômeno do net-ativismo. Na segunda, apresentam-se estudos de casos nacionais e internacionais que iluminam as especificidades e a diversidade do ativismo em rede e nas redes.

Com abordagens diferentes, os autores apontam múltiplas questões e aspectos envolvidos nessa temática tão em pauta nos dias de hoje.

Sobre os organizadores:

Massimo di Felice tem doutorado em Ciências da Comunicação (USP), com pós-doutorado em Sociologia (Universidade Paris V). É professor livre-docente da ECA/USP, onde coordena o Centro de Pesquisa Atopos, além de professor visitante da Libera Università di Lingue e Comunicazione de Milão e da Universidade Lusófona do Porto. Tem ensaios e artigos publicados em vários países. No Brasil, coordena a coleção Era Digital (Difusão) e a coleção Atopos (Annablume).

Eliete Pereira é doutora em Ciências da Comunicação (USP) e pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação Interunidades em Museologia, no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. No Centro de Pesquisa Atopos (ECA/USP), coordena a linha de pesquisa “Tekó: As redes digitais indígenas”. É autora do livro Ciborgues indígen@s.br: A presença nativa no ciberespaço.

Erick Roza, doutor em Comunicação Social (USP), é membro do Centro de Pesquisa Atopos (ECA/USP) e pesquisador no estudo internacional “Net-ativismo: Ações colaborativas nas redes digitais e nos territórios informativos”. É coautor do livro Empresas e consumidores em rede: Um estudo das práticas colaborativas no Brasil.

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A liturgia escolar na idade moderna

Obra aborda os principais representantes da educação da infância, dos séculos XVI e XVII, analisando suas ideias sobre práticas educativas e escolares cotidianas

A escola moderna tem uma fisionomia própria que a diferencia de suas antecessoras. É aquela que se dedica, ao mesmo tempo, a ensinar saberes e a formar comportamentos: tem por intuito instruir e civilizar. Essa dupla lógica se ergue à frente dos historiadores da educação como um verdadeiro desafio a ser enfrentado. A liturgia escolar na Idade Moderna (Papirus, 320 pp., R$ 79,00) é fruto de muitos anos de estudo e reflexão derivados da docência nas áreas de história e filosofia da educação de Carlota Boto.

“São os usos e os costumes da escola que compõem os modos perante os quais ela se estrutura. A escola é sua existência. E, portanto, a escola é sua história. Por isso mesmo, para pensar na escola que desejamos, é necessário meditar sobre a escola que recebemos. A história que vamos contar perpassa a Renascença e o século XVII”, explica a autora na Introdução do livro.

A apresentação e a análise da obra de autores clássicos – Erasmo, Montaigne, Lutero, Calvino, Juan Luis Vives – alicerçam a construção do texto, tecido em constante diálogo com pensadores de hoje, especialmente os que abordam os conceitos de educação, escola, civilidade, cultura e cultura escolar.

O objetivo da obra é analisar as matrizes culturais da escola moderna pelo estudo das práticas escolares postas em vigor em distintos locais e épocas. Para isso, toma como ponto de partida momentos históricos relevantes que tiveram inegável contribuição para a difusão da cultura das letras e para o surgimento da escola moderna: a invenção da imprensa; a Reforma protestante; a Contrarreforma católica; a elaboração do Ratio Studiorum jesuítico; a publicação da Didática magna, de Comenius, e do Guia das escolas cristãs, de La Salle, entre outros.

A liturgia escolar na Idade Moderna é leitura obrigatória a todos os que trabalham com o ensino da história da educação e a estudantes de cursos de Pedagogia e especializações várias no campo da educação.

Sobre a autora:

Carlota Boto é professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp), onde leciona Filosofia da Educação, e pesquisadora do CNPq. Graduada em Pedagogia e História, é mestre em História e Filosofia da Educação pela Feusp, doutora em História Social pela FFLCH/USP e livre-docente em Filosofia da Educação pela Feusp. Também atuou como docente de História da Educação na Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, e na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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FORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E ARTE

Livro da Papirus traz histórias de quem vive o cotidiano da escola e da universidade e se reinventa nos processos formativos entre educação e arte

A relação entre arte e educação auxilia no processo de formação humana, buscando ampliar o olhar e o significado da arte na vida de cada um de nós. É com esse entendimento que a Papirus lança Formação, educação e arte: Tessituras em pesquisa e prática docente (304 pp., R$ 89,90), livro organizado pelas educadoras Luciana Ostetto, Marta Maia e Cristiana Callai, que traz produções do grupo de pesquisa Fiar – Círculo de Estudo e Pesquisa Formação de Professores, Infância e Arte, da Universidade Federal Fluminense. São narrativas autobiográficas, dados e análises de pesquisas, observações e reflexões que mostram o cotidiano da universidade, da escola e do museu, além de fotografias, desenhos e poemas.

A coletânea está organizada em duas partes: a primeira, tessituras de dentro, tematiza questões e experiências da prática docente na educação infantil, desenvolvida pelas integrantes do Fiar. A segunda parte dá visibilidade a composições textuais e imagéticas, narrativas e poéticas, sobre projetos de extensão e eventos organizados e realizados pelo grupo; são tessituras para fora – dos muros da universidade, da pesquisa stricto sensu e dos limites da palavra -, tramadas em conhecimentos partilhados.

As tessituras conceituais e experimentais reunidas na obra convidam ao mergulho na história de sensibilidades de professoras e professores, ao exercício de autoconhecimento e à redescoberta de suas linguagens. Na pesquisa, na formação e na prática docente, dialogar com a arte abre perspectivas para outros tecidos: (re)conexão de saberes, (re)criação de dizeres, (re)invenção de modos de ser.

Formação, educação e arte defende o debate sobre a importância da arte na infância. Que a sua leitura possa ressoar nas práticas pedagógicas e nas relações entre alunos e professores. “Em tempos de precarização da educação pública, de descaso com a saúde da população, de desmontes dos serviços públicos essenciais, tempos marcados pela negação dos direitos constitucionais, o Fiar se apresenta como espaço de urdir outros caminhos, somando-se a toda gente que está em movimento, de luta e de resistência, pelo direito de existir, pela liberdade de criação, pela vida, enfim”, apontam as organizadoras.

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Pesquisa e prática na educação infantil

Livro é resultado da observação, do registro e da reflexão sobre a ação educativa cotidiana, projetada e vivida com crianças de dois a cinco anos

Há anos, no Brasil, discute-se a importância de uma educação básica de qualidade, especialmente a educação infantil, que é o princípio de tudo. Por isso, toda aprendizagem precisa ser planejada, pensada e questionada. Buscando mostrar como o diálogo entre teoria e prática pode levar à construção de práticas pedagógicas renovadas, a Papirus lança Registros na educação infantil: Pesquisa e prática pedagógica (192 pp., R$ 55,00), livro organizado por Luciana Esmeralda Ostetto.

Sustentada por uma dinâmica de encontros de estudo e troca com educadoras de uma unidade municipal de ensino em Niterói/RJ, essa obra aborda diferentes modalidades e práticas de registro na educação infantil, articulando conceitos e contextos implicados na documentação pedagógica. “Conhecer as formas e os conteúdos dos registros já produzidos no interior da Umei Rosalda Paim foi o ponto de partida, e, desde esse início, seguimos juntas na reflexão sobre as práticas de narrativas do vivido”, explica Luciana.  O objetivo, segundo ela, era “estar junto com as educadoras para escutar – com todos os sentidos – as formas e os conteúdos de que lançavam mão para produzir memória sobre o que estava acontecendo no cotidiano educativo, formas que revelam maneiras de ser professora, diretora ou pedagoga”.

Todos os capítulos dão visibilidade a percursos projetados, trilhados e documentados no encontro entre universidade e educação infantil. Para a organizadora, “é urgente estar com a educação básica, falar com ela, seguir lado a lado, de mãos dadas, fortalecendo a educação infantil em sua existência, resistência e luta em defesa dos direitos das crianças”.

Na apresentação da obra, a professora Lenira Haddad ressalta a importância de “escrever sobre o cotidiano vivido com as crianças, refletir sobre o fazer docente, avaliar o caminho pedagógico planejado, redefinir ou reafirmar passos, articular teoria e prática”. Ela acredita que essas são “ações de primeira grandeza, tanto para estagiários e estagiárias de pedagogia, como para profissionais da educação infantil”. Enfim, um convite a participar de percursos coletivos.

Registros na educação infantil é voltado a todos os profissionais da educação infantil, além de pesquisadores da área da infância, da formação de professores e de políticas públicas, e também a alunos de cursos de licenciatura, sobretudo de pedagogia.

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O futuro não é mais como era antigamente

Mario Sergio Cortella e Pedro Bial oferecem em livro importantes reflexões para repensar a juventude de hoje

Vivemos dias velozes, em que parece não haver lugar para o passado, apenas para o futuro. Percebemos a juventude se aproximando e se apropriando de referências e comportamentos de gerações anteriores. Buscando entender esse fenômeno, a Papirus 7 Mares lança Gerações em ebulição: O passado do futuro e o futuro do passado (128 pp., R$ 59,90), fruto de um delicioso bate-papo, pontuado por referências históricas e culturais, entre o filósofo Mario Sergio Cortella e o apresentador Pedro Bial, que falam sobre juventude, ansiedade, ócio, rebeldia, militância política e empreendedorismo.

“Parece que nós perdemos alguma coisa em algum lugar ao dizer que ‘o futuro não é mais como era antigamente’”, afirma Cortella. “Vejo isso talvez como uma certa melancolia que é própria do caráter brasileiro”, complementa Bial. Por melancolia ou mesmo desilusão com o futuro, os jovens têm voltado seu olhar para trás, idealizando um passado que, talvez, não tenha sido como imaginam. “O objeto de desejo de quem tem 20 anos é retomar um tempo que nós, que estávamos com 20 anos naquele presente que ele deseja, não queríamos”, observa Cortella.

Para o filósofo, o problema é que falta à juventude, hoje, a ideia de uma causa.  “É uma juventude pós-fé, pós-ideia de vida eterna”, completa Bial. Os autores observam que se valoriza cada vez mais a instantaneidade, o aqui e agora, o que gera muita ansiedade. Mas “é no cotidiano que vamos nos resolvendo, e não no carpe diem”, ressalta o apresentador. Para Cortella, “a ausência dessa causa, portanto, a vivência do carpe diem como sendo uma eternidade, uma continuidade, um contínuo, um moto-perpétuo que renova a si mesmo, é produtora de melancolia”.

Nesse contexto, Bial percebe muitos jovens se envolvendo com militância política, mas por modismo, como se ela fosse uma rebeldia obrigatória da idade: “Estou vendo a garotada idealizar a militância política quando o exercício da política institucional é mais território de profissionais, seja de políticos, gestores de políticas públicas ou lobistas. Não vou julgar nem recriminar quem se engaja em causas que considera nobres, mas vejo, por exemplo, mais resultados transformadores sobre a realidade na atuação de jovens empreendedores, que geram riqueza e desafiam o Estado de maneira efetiva e radical – e também política!”.

Para o apresentador, é importante conservar o que funcionou, construir em cima do que já foi construído, e não destruir. “Se você não tem passado, não tem também vida futura”, pondera. No entanto, é preciso tomar cuidado com a mitificação do idoso, que é tão danosa quanto a mitificação do jovem. “Dizer: ‘Meu mundo era bom’, ou, com a ideia de que o mundo que vale é este que está sendo feito agora: ‘Esse passado, seu tempo, não presta’, isso é esquecer a história. E esse esquecimento da história faz mal para todos, sem exceção”, lembra Cortella. Portanto, não se deve desprezar a vivência das pessoas com mais idade, nem a capacidade de conteúdo dos mais jovens. “Para mim, um mundo aprazível é aquele em que uma geração não ofende a outra”, conclui o filósofo.

Gerações em ebulição: O passado do futuro e o futuro do passado é um livro que deve agradar tanto aos mais jovens quanto aos mais velhos de idade!

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Sobrevivendo ao racismo

Papirus 7 Mares lança livro que aborda os impactos do racismo na vida da população negra

Mesmo após tantos avanços, ainda vivemos em uma sociedade extremamente racista, em que situações de discriminação racial são frequentemente noticiadas na imprensa. Sobrevivendo ao racismo: Memórias, cartas e o cotidiano da discriminação no Brasil (7 Mares, 176 pp., R$ 59,90) traz relatos da educadora Luana Tolentino, autora da obra, contando os diversos casos de racismo que sofreu ao longo da vida, principalmente em sua trajetória escolar. São histórias que a maioria dos negros certamente já vivenciou também, o que reforça a urgência de termos uma formação antirracista.

Desde pequena, Luana tinha o sonho de ser escritora e, por inúmeras vezes, a escrita foi sua salvação para suportar a violência racista que enfrentava. Por isso, a autora quer fazer de seu trabalho uma forma de ativismo em favor do enfrentamento ao racismo.

Com prefácio de Itamar Vieira Junior, autor do best-seller Torto arado, Sobrevivendo ao racismo reúne textos escritos entre 2017 e 2022, e publicados inicialmente na revista CartaCapital. A obra é fruto dos sonhos da autora, de seu engajamento na luta antirracista e de sua esperança na construção de uma sociedade sem preconceitos, na qual todos possam viver com dignidade. “Propus-me a apontar o papel da escola e de toda a sociedade na erradicação do racismo que mutila, castra sonhos, segrega, fecha portas e mata”, explica a escritora.

Na obra, o leitor encontrará oito cartas escritas por Luana, dirigidas a pessoas anônimas e famosas, que trazem em sua origem a ideia de combater o preconceito por meio da sensibilização e do afeto, “com o intuito de mostrar aos que me leem o que o racismo provoca na vida de nós, negros e negras”, conta. As mensagens são endereçadas, por exemplo, a Titi Gagliasso (filha do casal de atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso), a Marielle Franco e a Ulisses, ex-colega de escola de Luana, que foi seu par em uma festa junina no início dos anos 1990. “O que era para ser um momento de celebração, para mim, resultou em uma situação de abandono e desprezo, da qual guardo a lembrança de ter sido chamada de ‘macaca’ pela primeira vez na minha vida”, relembra.

“Em meio à dor, à violência racista que estrutura as relações sociais no Brasil, ao sonho, à realização e à esperança, apresento esse livro como um chamado à luta contra o racismo e todos os abismos que ele produz. Uma luta da qual todos nós precisamos participar ativamente”, convida a autora.

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Epaminondas Badaró IV na floresta dos filósofos

Novo livro de Ilan Brenman e Clóvis de Barros Filho traz a história do gato Epaminondas, que tinha uma atração incontrolável pelo saber

Com uma narrativa envolvente e personagens cativantes, unindo literatura e filosofia, a Papirus apresenta seu mais novo lançamento — Epaminondas Badaró IV na floresta dos filósofos (7 Mares, 96 pp., R$ 74,90), escrito por Ilan Brenman e Clóvis de Barros Filho.

Inspirado na história de Buda, o livro tem como objetivo instruir sobre o mundo da filosofia de forma lúdica e de fácil compreensão. Para isso, traz ao jovem leitor o gato Epaminondas Badaró IV, um príncipe que decide abandonar o conforto de seu palácio em busca de respostas. Na floresta dos filósofos, ideias centrais de pensadores como Sócrates, Aristóteles e Platão são explicadas.

Com ilustrações de Juka — que dá cores e movimentos diversos aos personagens —, a obra procura ajudar o leitor a relacionar o pensamento dos filósofos com as ideias de nosso tempo, contribuindo para o aprender a “pensar melhor”.

Esse é um daqueles livros completamente fascinantes, de que todos sentem saudades depois determinar sua leitura. Não é uma história real, mas a ficção pode ajudar a olhar para questões e problemáticas globais, como o fim das florestas e o jeito como nos governam, sem perder de vista o indivíduo, sua história, seus desejos pessoais e questionamentos.

Certamente todos nós temos um pouco do gato protagonista, que dá nome ao título do livro. Somos aprendizes de pensadores em busca de algumas respostas. Em Epaminondas Badaró IV na floresta dos filósofos, o jovem leitor vai poder desfrutar do prazer de se envolver com os personagens e suas histórias, com outras culturas e com a trama criada por Ilan Brenman e Clóvis de Barros Filho.

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O caso do cinema negro brasileiro

Papirus lança livro que trata da representatividade do negro na filmografia nacional

Apesar de o Brasil ser um país majoritariamente negro, com uma crescente discussão sobre preconceito e racismo estrutural, ainda é diminuto o número de filmes com negros ocupando papéis de destaque ou protagonismo. Lamentavelmente, o mesmo acontece com a produção de livros nessa área. Uma frente fundamental do cinema ficou parcialmente esquecida: o ensino e a pesquisa. É nesse sentido que Cinema negro brasileiro (Papirus, 288 pp., R$ 89,90), livro organizado por Noel dos Santos Carvalho, é muito bem-vindo, pois avança sobre esse tema até agora pouco estudado.

Na obra, um conjunto de artigos e autores mostra como a produção e a pesquisa sobre cinema são formas potentes de pensamentos sobre o Brasil e suas contradições. Como bem aponta Fernão Ramos, coordenador da Coleção Campo Imagético, na qual a coletânea está inserida, a publicação “traz um debate central da contemporaneidade para o campo do cinema brasileiro. As alteridades sociais, de etnia ou gênero, compõem o espaço a que alguns se referem como identitário. Misturam-se, no caso brasileiro, a demandas sociais diversas que afligem não só as minorias, mas a imensa maioria da população”.

Esse livro busca contribuir para o pensamento sobre o cinema negro brasileiro. Estudos nesse campo são recentes e têm crescido em número e qualidade nas últimas duas décadas. O cinema negro aparece relacionado a três ordens de fenômenos: 1) os filmes dirigidos por realizadores(as) negros(as) e suas trajetórias; 2) a atuação polêmica e/ou autoral de atores e atrizes; e 3) a institucionalização do cinema negro e suas propostas estéticas e políticas inovadoras.

As questões abordadas nos capítulos estão presentes desde os primórdios de nosso cinema, passando pelos “filmes da retomada no fim de século e depois na explosão da produção que traz a experiência do racismo como fala própria, do lado de lá, no cinema mais jovem da segunda década do novo milênio. A vivência do preconceito e do racismo está nas imagens das produtoras alternativas digitais que emergiram com as grandes manifestações de meados dos anos 2010”, conforme pontua Ramos.

Ele destaca ainda que a obra traz “um caleidoscópio do conjunto dessa posição, inaugurando um novo recorte na tradicional linha diacrônica da historiografia tradicional. Constrói uma espécie de âncora alternativa, dialogando de modo dinâmico com o cânone da história do cinema fundado no século passado, sem escorregar na ameba midiática. Questiona, assim, uma visão antes mais homogênea e unitária da identidade popular e sua consciência”.

Para o premiado cineasta Jeferson De, que assina a apresentação, estudantes, pesquisadores e leitores interessados terão, em Cinema negro brasileiro, “um guia para se orientar na compreensão dos cinemas negros. E um ponto de partida para avançar na realização de um cinema alinhado com a nossa população e cultura”.

Sobre os autores:

Noel dos Santos Carvalho (org.), doutor em Sociologia pela USP, é professor de Cinema no Instituto de Artes da Unicamp. Realiza pesquisas no campo da sociologia do cinema. Nos anos 1990, integrou o grupo de cineastas que criou o manifesto Dogma Feijoada – Gênese do Cinema Negro Brasileiro.

Carolinne Mendes da Silva é mestre e doutora em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde também cursou o bacharelado e a licenciatura. Professora de História, atua à frente do Núcleo de Educação para as Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP). Desenvolve pesquisas na área de educação, relações raciais e de gênero e história do cinema brasileiro. É autora do livro O negro no cinema brasileiro (LiberArs, 2017).

Clarissa Cé de Oliveira é formada em Produção Audiovisual pela PUC-RS e em Jornalismo pela UFRGS. Trabalha como repórter na PixTv e suas principais áreas de interesse são cinema, literatura e estudos de gênero.

Cristina Matos, doutora em Sociologia pela UFC, é professora do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFPB. Publicou, entre outros: Rádios comunitárias, sintonia dissonante e autoimagem; Cinema brasileiro, tempo passado e tempo presente: O lugar da memória e a questão racial; Da teoria ao ato: Refletindo sobre educação, reconhecimento e antirracismo.

Edileuza Penha de Souza, doutora em Educação pela UnB, onde cursou o pós-doutorado em Comunicação, é professora, documentarista e pesquisadora, além de idealizadora e coordenadora da Mostra Competitiva de Cineastas e Produtoras Negras Adélia Sampaio.

Ella Shohat é professora da Universidade de Nova York nos departamentos de Arte e Políticas Públicas e Oriente Médio e Estudos Islâmicos. Tem experiência em pesquisas relacionadas com as abordagens pós-coloniais e transnacionais e estudos culturais. Escreveu e organizou diversos livros e artigos, entre os quais Israeli cinema: East/west and the politics of representation (Univ. of Texas Press, 1989); Talking visions: Multicultural feminism in a transnational age (MIT & The New Museum of Contemporary Art, 1998); Taboo memories, diasporic voices (Duke University Press, 2006). No Brasil, publicou em coautoria com Robert Stam o livro Crítica da imagem eurocêntrica (Cosac &Naify, 2006).

Gilberto Alexandre Sobrinho é licenciado e mestre em Letras pela Unesp, de São José do Rio Preto/SP, doutor em Multimeios e livre-docente pela Unicamp. Realizou pós-doutorado no Departamento de Cinema da Universidade de Nova York, EUA. É professor no Instituto de Artes da Unicamp e foi professor visitante na Universidade Estadual de San Francisco, EUA, e na Universidade Iberoamericana, México. Publicou O autor multiplicado (Alameda, 2012) e organizou Cinemas em redes (Papirus, 2016), entre outros livros. Tem publicações nacionais e internacionais de artigos e capítulos de livros. É realizador de documentários.

Kênia Freitas é doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, fez estágios de pós-doutorado em Comunicação na UCB e na Unesp de Bauru/SP. É curadora e programadora do Cinema do Dragão (Fortaleza/CE), além de integrar o Fórum Itinerante de Cinema Negro (Ficine). Tem artigos publicados, entre eles: “Experiência estética, alteridade e fabulação no cinema negro” (Revista Eco-Pós, 2018); “O futuro será negro ou não será: Afrofuturismo versus Afropessimismo – As distopias do presente” (Revista Imagofagia, 2018); e “Cinema negro brasileiro: Uma potência de expansão infinita” (20o FestCurtasBH, 2018).

Luis Felipe Kojima Hirano é bacharel em Ciências Sociais pela USP, onde cursou o doutorado em Antropologia Social. Professor de Antropologia da UFG, integra o Comitê de Antropologia Visual da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e a Comissão de Imagem e Som da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Conquistou o segundo lugar na categoria de Ciências Sociais na sexta edição do prêmio Abeu pelo livro Grande Otelo: Um intérprete do cinema e do racismo no Brasil (Ed. UFMG, 2019).

Natasha Roberta dos Santos Rodrigues é bacharel em Midialogia pela Unicamp, onde cursa o mestrado no Programa de Pós-graduação em Multimeios. Dirigiu os curtas-metragens documentais Cabeças falantes (2017) e Àprova (2020). Atua como arte-educadora e agente cineclubista da Spcine Segunda Edição (2022).

Paula Halperin é diretora da Faculdade de Cinema e Mídia e professora de História e Cinema na Universidade do Estado de Nova York, Purchase (Suny Purchase). Foi professora visitante na Unirio. Investiga os temas: mídia, história e esfera pública no Brasil durante o século XX, com ênfase na ditadura militar. Suas publicações acadêmicas se especializam em televisão e cinema. Seus trabalhos têm sido publicados em revistas acadêmicas nos Estados Unidos, no Brasil e na Argentina. Está finalizando o livro Nacionalismo e imaginação histórica: Cinema popular no Brasil e na Argentina na década de 70. Escreve regularmente críticas cinematográficas em revistas, blogs e sites de cinema.

Pedro Vinicius Asterito Lapera, doutor em Comunicação pela UFF, é pesquisador da Fundação Biblioteca Nacional (FBN). Possui como áreas de interesse a relação entre cinema e história, cinema e ciências sociais, cinema na Primeira República, tendo publicado artigos nas revistas Tempo (PPGH/UFF), Mana (PPGAS/UFRJ), Matrizes (PPGCOM/USP) E-compós (Compós), Cadernos Pagu (Unicamp) e Revista Brasileira de História (Anpuh).

Robert Stam é professor da Universidade de Nova York. Autor e organizador de dezoito livros sobre cinema e teoria cultural, cinema nacional (francês e brasileiro), raça comparada e estudos pós-coloniais, além de artigos e entrevistas nas principais revistas especializadas, no Brasil tem publicado os seguintes títulos: O espetáculo interrompido: Literatura e cinema de desmistificação (Paz e Terra, 1981); Bakhtin: Da teoria literária à cultura de massa (Ática, 1992); Introdução à teoria do cinema (Papirus, 2003); Multiculturalismo tropical: Uma história comparativa da raça na cultura (Edusp, 2008); A literatura através do cinema: Realismo, magia e arte da adaptação (UFMG, 2008); e Crítica da imagem eurocêntrica (Cosac & Naify, 2006), em coautoria com Ella Shohat.

Roberto Carlos da Silva Borges é professor titular do Departamento de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais (Leani) e do Programa de Pós-graduação em Relações Étnico-Raciais (PPRER) do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ). Pesquisa as mídias e os filmes produzidos e protagonizados por negros. É diretor de ensino do Cefet-RJ, diretor de áreas acadêmicas da Associação Internacional de Investigadores e Investigadoras Negros e Negras da América Latina e do Caribe (Ainalc) e membro do grupo de trabalho Afrodescendência e Propostas Contra-hegemônicas do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso).

Rosane Borges, doutora em Ciências da Comunicação, é jornalista, pesquisadora do Colabor (ECA-USP) e professora convidada do Diversitas (FFLCH-USP). Articulista da revista IstoÉ, escreve ocasionalmente para a Folha de S.Paulo. É autora e organizadora de diversos livros, entre eles: Espelho infiel: O negro no jornalismo brasileiro (Imprensa Oficial, 2004); Perfil biográfico de Sueli Carneiro (2009); Mídia e racismo (DP et Alii, 2012), Esboços de um tempo presente (Malê, 2016) e Fragmentos do tempo presente (Aquilombô, 2021).

Samuel Silva Rodrigues de Oliveira, mestre em História pela UFMG e doutor em História, Política e Bens Culturais pelo CPDOC-FGV, é professor e pesquisador no Programa de Pós-graduação em Relações Étnico-Raciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e Jovem Cientista de Nosso Estado da Faperj, investiga a cultura visual, a memória social, as relações raciais e a cidadania na história contemporânea do Brasil.

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Reinventar-se como?

Clóvis de Barros Filho reflete, em novo livro, sobre as possibilidades de mudança no rumo da própria existência

“Reinvente-se! Mude agora! Prepare-se para o amanhã! Seja o autor da sua vida!” – Essas são frases que lemos e ouvimos a todo momento. “Tornar-se um outro” é anunciado quase como um dever existencial, como uma condição de sobrevivência. A fim de contribuir para a reflexão desse tema, tão em moda ultimamente, a Papirus lança livro do escritor, palestrante e comunicador Clóvis de Barros Filho — Reinventar-se: Uma necessidade, uma impossibilidade (7 Mares, 176 pp., R$ 49,90).

Mas será que se reinventar é tão simples? Mais: será mesmo algo possível? Reinventar-se de que modo? Para quê? Para quem? O que isso significa exatamente? E como a gente se inventa, em primeiro lugar?

O livro cuida de dois tipos de reflexão sobre o tema. O primeiro, teórico, trata do conceito de reinvenção de si mesmo e sua eventual pertinência. O segundo tipo, de natureza prática, avalia a possibilidade da implementação efetiva desse reinventar-se. Porém, essa não é uma obra conclusiva, ao contrário, o autor propõe uma investigação sobre outras propostas teóricas para enriquecer a discussão.

Reinventar-se é um termo que pode ser entendido de muitos modos, de acordo com o tempo e o lugar em que estivermos e com os recursos conceituais que conseguirmos mobilizar. E são justamente esses recursos que Clóvis de Barros Filho busca reunir em Reinventar-se: Uma necessidade, uma impossibilidade. Em tom de conversa com o leitor, tão característico do autor, ele apresenta algumas reflexões que ajudam a pensar sobre as possibilidades de gestão da própria vida.

Confira alguns trechos do livro:

“A vida social exige de seus atores uma identidade. Uma definição de si. Bem como uma máscara. Convertendo homens e mulheres em meros personagens a encenar uma trama imposta pelo resto da sociedade.”

“Não há ‘reinventar-se’ sem vontade. Toda gestão da própria vida, toda escolha de caminhos, toda deliberação e toda decisão de conduta encontram-se para além dos instintos.”

“Na existência humana, a natureza não dá conta de todas as respostas. Por isso, a vontade humana fala ainda quando a sua natureza já se calou. Facultando-lhe inventar, reinventar, criar, empreender, inovar etc.”

Sobre o autor:

Clóvis de Barros Filho é livre-docente pela Escola de Comunicações e Artes da USP, palestrante e mentor dos podcasts “Inédita Pamonha”, “#partiupensar” e “Lendo com o Clóvis”. Autor de 35 livros, pela Papirus publicou Ética e vergonha na cara! (com Mario Sergio Cortella), Corrupção: Parceria degenerativa (com Sérgio Praça), Felicidade ou morte (com Leandro Karnal) e O que move as paixões (com Luiz Felipe Pondé).

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Formação docente, didática e projeto político-pedagógico

Papirus lança obra sobre o legado de Ilma Veiga, um dos maiores nomes em educação no país

Existem pessoas que marcam nossa vida de maneira muito especial e transformam nosso olhar sobre o mundo. Esse é o caso de Ilma Passos Alencastro Veiga, profissional que soube dar o melhor de si em benefício da educação brasileira. E, mais do que isso, fez do trabalho coletivo sua forma de viver. Para homenagear essa grande educadora, que é referência no Brasil e no exterior, a Papirus Editora lança Formação docente, didática e projeto político-pedagógico: O legado de Ilma Passos Alencastro Veiga (192 pp.), obra organizada por Cleide Maria Quevedo Quixadá Viana e Edileuza Fernandes Silva, que traz os principais temas abordados pela professora ao longo de sua carreira.

Resultado do encontro de educadores e pesquisadores das áreas de didática e de formação de professores, essa coletânea retrata histórias e produções construídas por Ilma Veiga em uma belíssima trajetória acadêmica e profissional. Seu legado para a educação é imensurável e serve de alimento a todos os que com ela têm tido o privilégio de conviver e aprender.

Os autores se dedicaram à elaboração dos textos, que compõem o livro, para perpetuar o trabalho dessa educadora, professora titular e emérita da Universidade de Brasília, e que, ao longo de 50 anos, tem vivido as delícias de ensinar, aprender, pesquisar e compartilhar de forma ética, solidária e afetuosa.

A obra percorre a trajetória de vida e profissional de Ilma Veiga e ressalta seu pioneirismo em educação e sua contribuição especialmente para os campos da didática e da formação de professores.

Formação docente, didática e projeto político-pedagógico: O legado de Ilma Passos Alencastro Veiga se faz uma leitura obrigatória não apenas para os profissionais acadêmicos e estudantes da graduação, mas para todos que atuam em defesa da educação, da escola pública e dos processos de gestão democrática.

Sobre as organizadoras:

Cleide Maria Quevedo Quixadá Viana é graduada em Pedagogia, mestre e doutora em Educação (UFC), com pós-doutorado (UnB). Professora adjunta aposentada pela UnB e Uece, pesquisa na área de didática e formação docente.

Edileuza Fernandes Silva é doutora em Educação. Atua como professora da Faculdade de Educação da UnB, onde lidera o Grupo de Estudo e Pesquisa em Docência, Didática e Trabalho Pedagógico (Prodocência) e coordena o Observatório de Educação Básica.

Também participam dessa coletânea

Ana Lúcia Amaral • Ana Maria Iorio Dias • Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben • Claudia Christina Bravo e Sá Carneiro • Cleoni Maria Barboza Fernandes • Dalva Guimarães dos Reis • Isabel Maria Sabino de Farias • Joana Paulin Romanowski • José Carlos Souza Araujo • Liliane Campos Machado • Lívia Freitas Fonseca Borges • Maria Eugênia Castanho • Maria Helena Viana de Souza • Meirecele Calíope Leitinho • Pura Lúcia Oliver Martins • Rosana César de Arruda Fernandes • Sérgio Castanho • Silvina Pimentel Silva • (Prefácio: Maria Isabel da Cunha)

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Anjo ou demônio? A escolha é sua!

Cortella e Monja Coen trazem, em novo livro, a filosofia e a espiritualidade para uma conversa sobre vícios e virtudes

Como podemos transformar vícios em virtudes? De que adianta ser bom num mundo tão corrupto e injusto? Como somos quando ninguém está nos vendo? Todo ser humano tem salvação? O filósofo Mario Sergio Cortella e a Monja Coen, fundadora da Comunidade Zen-budista do Brasil, debatem essas e outras questões no novo livro da Papirus 7 Mares — Nem anjos nem demônios: A humana escolha entre virtudes e vícios (208 pp.).

Não há dúvidas de que somos seres capazes de virtudes e de vícios. “Somos angelicais e demoníacos”, provoca Cortella. Para ele, a virtude “não é o que já nasce pronto em nós; ela é uma possibilidade a ser desenvolvida, tal como o vício”. Monja Coen acredita que “se, por exemplo, começarmos a imitar alguém que fala gentilmente, vamos nos transformando, até chegar o momento em que aquilo deixa de ser uma cópia e se torna o que somos”.

Os autores falam também sobre a importância de praticar a virtude, independentemente de qualquer situação. “Eu acho que o que caracteriza uma virtude no sentido de positividade é exercê-la como crença, e não como circunstância”, explica Cortella. Monja Coen cita Gandhi: “Somos a transformação que queremos no mundo”.

Nem anjos nem demônios: A humana escolha entre virtudes e vícios nos leva a refletir sobre o outro como nosso semelhante, a intolerância cada vez mais presente em nosso cotidiano e a falta de compaixão. Monja Coen lembra que “devemos fazer o bem a partir da identificação, da empatia com o outro, do coração como cerne do nosso eu verdadeiro. Ações devem ser realizadas através da pura compaixão. E a compaixão só surge se houver sabedoria. A sabedoria é o portal da virtude, é o portal de uma vida ética”.

Diante de nossas escolhas, estamos no caminho certo?

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“Acho que a virtude é exatamente aquilo que permite que a gente se eleve não no campo da soberba, mas que realize a nossa humanidade no ponto máximo, ou seja, não desperdice vida.” (Cortella)

“Nem bom nem ruim, acho que o ser humano nasce com determinadas características, que podem ser alteradas por meio da educação, do convívio e de práticas que o transformam.” (Monja Coen)

Sobre os autores:

Mario Sergio Cortella é filósofo e escritor. Tem mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor titular por 35 anos (1977-2012). É professor convidado da Fundação Dom Cabral (desde 1997) e lecionou na GVpec da FGV-SP (1998-2010). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do professor Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira.

Monja Coen, como é conhecida Claudia Dias Batista de Souza, foi jornalista profissional em sua juventude e hoje atua como missionária oficial da tradição Soto Shu. Primaz fundadora da Comunidade Zen-budista do Brasil, segue os ensinamentos de Buda e participa de encontros educacionais, culturais e inter-religiosos, com o objetivo de difundir princípios em prol da preservação do meio ambiente, da defesa dos direitos humanos e da criação de uma cultura de não violência e paz. Tem vários livros publicados.

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Avaliar para (trans)formar

Coletânea discute como a avaliação pode mudar o ensino e a aprendizagem

O tempo todo avaliamos e somos avaliados. Na escola, embora o papel da avaliação venha ganhando cada vez mais destaque nos cursos de graduação e pós-graduação, o tema ainda não tem recebido a necessária atenção. Para suprir essa lacuna, a Papirus Editora lança Conversas sobre avaliação (160 pp.,), obra organizada por Benigna Villas Boas e que é resultado de interações com professores da educação básica e superior em palestras, pesquisas, encontros informais e contatos por escrito.

“A avaliação tem suscitado dúvidas de caráter teórico e prático”, aponta Benigna. Os aspectos abordados no livro, ela explica, mais do que colocar em evidência as fragilidades desse tema, apontam caminhos e possibilidades para o dia a dia em sala de aula de toda a comunidade escolar, incluindo pais e responsáveis. O objetivo é ampliar a reflexão sobre o que é a avaliação, suas funções, seus níveis e suas práticas, para promover as aprendizagens de todos os estudantes, da educação infantil à superior, contemplando também a educação de jovens e adultos e de jovens internos em instituições socioeducativas.

Entre outros tópicos, os capítulos questionam se é mesmo cabível avaliar comportamentos, se é possível eliminar a reprovação e que outras formas de avaliação podem ser consideradas além da aplicação de provas. Os autores também falam sobre como integrar pais e responsáveis nesse processo e sobre como a avaliação feita de forma encorajadora e respeitosa pode ajudar a driblar o bullying na escola.

Em formato de conversa, com linguagem objetiva e acessível, a obra afirma o compromisso dos autores com a educação de qualidade. “Nossa convicção pedagógica volta-se para que a avaliação cumpra seu papel de valorizar o trabalho desenvolvido pelas escolas (de educação básica e superior) e que, por seu intermédio, se removam as fragilidades encontradas no mais curto espaço de tempo”, explica a organizadora.

A aprendizagem dos alunos é tão importante que exige cuidados constantes para que continue evoluindo. O livro convida todos os professores, das mais diversas áreas, a participarem dessa conversa, pensando e repensando suas práticas avaliativas.

Sobre a organizadora:

Benigna Villas Boas nasceu em Bonfim (MG) e mora em Brasília desde 1960. É pedagoga, mestre em Educação pela Universidade de Houston, no Texas, doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pós-doutora pelo Instituto de Educação da Universidade de Londres.
Professora emérita da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), atua nos cursos de formação de professores e no Programa de Pós-graduação em Educação, além de coordenar o Grupo de Estudos e Pesquisa em Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico (Gepa), cadastrado no CNPq. Desenvolve pesquisas sobre avaliação e tem publicações importantes na área, ressaltando-se a obra Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico (2004) e a organização do livro Avaliação: Políticas e práticas (2002), ambos publicados pela Papirus Editora.

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Ética na educação infantil

Coletânea traz contribuições teórico-práticas a profissionais que trabalham com crianças e a pesquisadores que estudam a infância e a educação

Num momento em que a ética tem sido muito questionada, ter um livro que se ocupe desse tema na pesquisa e nas práticas com crianças configura-se em importante material a todos que se interessam não apenas por uma educação infantil de qualidade, mas por um país em que a ética seja o fio condutor de ações desenvolvidas em qualquer esfera. É por essa razão que a Papirus Editora lança Ética: Pesquisa e práticas com crianças na educação infantil (256 pp.) coletânea organizada pelas professoras Sonia Kramer, Alexandra Pena, Maria Leonor P.B. Toledo e Silvia Néli Falcão Barbosa, referências nessa área.

A obra permite ao leitor acesso aos resultados de dissertações e teses realizadas no âmbito do grupo de pesquisa Infância, Formação e Cultura (Infoc), em atuação desde 1993 na PUC-Rio, e está organizada em três eixos: as práticas; as crianças; a pesquisa e a formação. Esses eixos abordam a educação infantil em suas diferentes dimensões, tendo a ética como tema central: espaços, relações entre crianças e adultos, práticas pedagógicas, formação de professores, currículo, avaliação.

O direito à educação infantil é garantido por lei desde a Constituição de 1988. Mas como as crianças pequenas têm sido atendidas nas creches e pré-escolas? Que práticas têm sido desenvolvidas com elas nesses espaços? O livro é um convite não só à reflexão sobre os direitos das crianças a uma educação de qualidade, mas principalmente ao exercício de escuta e observação, mostrando que é necessário ao pesquisador assumir a responsabilidade ética nos estudos em que elas são sujeitos.

“Ouvir e ver as crianças, durante o processo da pesquisa, pressupõe cuidados éticos, posição que expressa o compromisso político e científico de ecoar a voz das crianças, sua fala, sua cultura, sua linguagem, seu pensamento, suas crenças e seus valores”, explica Sonia Kramer. Isso ajuda a superar a invisibilidade em que as crianças muitas vezes são colocadas nas práticas cotidianas dentro das instituições de educação infantil.

Ética: Pesquisa e práticas com crianças na educação infantil é destinado a professores, pesquisadores e demais profissionais envolvidos e preocupados com a educação infantil, reforçando a ideia de que ela deve ser para todas as crianças e também para cada uma em particular. Caro leitor, participe você também desse movimento!

Sobre as organizadoras:

Sonia Kramer – é doutora em Educação pela PUC-Rio, onde atua como professora do Departamento de Educação e coordena o curso de especialização em Educação Infantil, o grupo Infoc e o grupo Viver com Yiddish.

Alexandra Pena – é graduada em Psicologia, especialista em Educação Infantil, com pós-doutorado em Educação pela PUC-Rio, onde atua como professora do Departamento de Educação e pesquisadora do grupo Infoc desde 2011.

Maria Leonor P.B. Toledo – é graduada em Psicologia, especialista em Educação Infantil e doutora em Educação pela PUC-Rio, onde atua como professora do Departamento de Educação e pesquisadora do Infoc.

Silvia Néli Falcão Barbosa – é especialista em Educação Infantil, mestre e doutora em Educação pela PUC-Rio, onde atua como professora do curso de especialização em Educação Infantil e do curso de extensão “A creche e o trabalho cotidiano com crianças de 0 a 3 anos”, além de ser pesquisadora do grupo Infoc.

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Cultura de paz e educação para paz

Livro discute a cultura de paz na perspectiva educacional e a educação para a paz como possibilidade pedagógica

Não é de hoje que questões referentes à cultura de paz e à educação para a paz têm sido objeto de estudos. Mas pensá-las como possibilidade pedagógica na educação torna-se cada vez mais fundamental. Para isso, a Papirus Editora lança Cultura de paz e educação para a paz: Olhares a partir da complexidade (400 pp.), livro de Nei Alberto Salles Filho, pesquisador que trabalha há mais de uma década com formação de profissionais nos campos da educação para a paz, dos direitos humanos e da mediação de conflitos. 

Em pleno século XXI, ainda reproduzimos violências que pensávamos estar superadas com o desenvolvimento científico e tecnológico. Será que estamos destinados a uma cultura de violência, de fatalidades, de guerras entre países e pessoas, de violências encerradas em nossa vida como seres humanos? As diversas formas de violência, que vão desde a intolerância e as agressões físicas até a pobreza e a desigualdade social, compõem um cenário complexo e difícil de ser abordado adequadamente em nosso tempo.

Para lançar luz a todas essas questões, Salles Filho busca na teoria da complexidade proposta pelo sociólogo francês Edgar Morin as bases para interpretar os fenômenos presentes na reflexão sobre a paz e a violência. Para Morin, “quando falamos da crise da educação, o que vem primeiro à mente são os aspectos impressionantes, em todos os sentidos do termo, da violência na escola”. Desse caminho, abrem-se temas importantes para discussão no campo educacional: valores e direitos humanos, conflitologia e ecoformação.

No Brasil, desde 2018, a cultura de paz e a prevenção das violências estão inseridas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de modo que fundamentar esse campo de saber é urgente e necessário para a qualificação das convivências escolares, isto é, para que haja mais diálogo, mais democracia e mais cidadania, aspectos centrais para o desenvolvimento da civilização.

Cultura de paz e educação para a paz: Olhares a partir da complexidade está organizado em três capítulos: o primeiro considera aspectos centrais da teoria da complexidade, aprofundando a discussão sobre a cultura de paz. No segundo capítulo, são apreciadas as dimensões educacionais do pensamento de Edgar Morin, analisando os fundamentos conceituais e metodológicos da educação para a paz. No terceiro, Salles Filho propõe a construção de cinco pedagogias da paz: a pedagogia dos valores humanos, a pedagogia dos direitos humanos, a pedagogia da conflitologia, a pedagogia da ecoformação e a pedagogia das vivências/convivências.

Para o autor, “uma cultura de paz se faz com uma educação para a paz”. Lembrando que a cultura de paz cabe e vale para todos os seres humanos, em defesa de um mundo melhor, mais solidário, justo e sustentável. 

Sobre o autor:

Nei Alberto Salles Filho é mestre (Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep) e doutor (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG) em Educação, com pós-doutorado (Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR) em Ensino de Ciência e Tecnologia. Atua na UEPG, onde dá aulas na pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas e participa como pesquisador nos grupos: Cultura de Paz, Direitos Humanos e Sustentabilidade e Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas. Também é coordenador do Núcleo de Estudos e Formação de Professores em Educação para a Paz e Convivências (NEP/UEPG) e trabalha há mais de uma década com a formação de profissionais nos campos da educação para a paz, dos direitos humanos e da mediação de conflitos. 

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Sob o olhar das crianças

Livro aponta caminhos para a construção de uma educação infantil de qualidade, respeitando os direitos das crianças e suas possibilidades de criação

O que dizem as crianças sobre os espaços da creche? Como elas se deslocam ali e como se expressam sobre eles? Como elas os apresentam? O que mostram e o que deixam de mostrar? Para onde estão direcionados seus olhares? O que é relevante para elas sobre esses espaços onde vivem sua infância? A fim de responder a essas indagações, a Papirus lança Sob o olhar das crianças: Espaços e práticas na educação infantil (160 pp.), de Liana Garcia Castro, obra de grande importância para os estudos da infância, das práticas escolares, da ação cultural e das interações entre as crianças e delas com os adultos.

O livro traz relatos de uma pesquisa feita com crianças de uma instituição de educação infantil convidadas a brincar de fotografar os espaços por elas ali ocupados. Com uma abordagem inovadora, apresenta o que as crianças falam sobre esses lugares e o que fazem neles.

Organizada em três partes, a obra se constrói num jogo de olhares: ora o olhar da autora, ora o olhar das crianças, ora o olhar da autora e das crianças em diálogo. A primeira parte foca os direitos das crianças através do olhar de Liana. A segunda apresenta as lentes teórico-metodológicas através das quais é lançado o olhar para o campo empírico. O olhar das crianças e com as crianças é descrito e analisado na terceira parte através das fotografias produzidas por elas. Por fim, com base no que dizem as crianças, são apresentadas as conclusões mais relevantes do trabalho, no intuito de apontar caminhos que levem à qualidade de espaços, práticas e interações na educação infantil.

O livro revela cenas que mostram como a voz, a criatividade e a iniciativa das crianças podem ser silenciadas logo no início da vida escolar. Entre outras situações relatadas pela autora, ela observou que as crianças não tinham autonomia sequer para pintar um desenho conforme desejavam: “Jéssica pinta uma parte do rosto do saci de vermelho. Carmem, olhando fixamente em seus olhos, em tom agressivo, diz: ‘Você está pintando o rosto dele de vermelho? Eu não falei que é marrom?!’”.

Além disso, espaços que deveriam ser das crianças não pertenciam, de fato, a elas. Na instituição pesquisada, e que reflete a realidade de muitas outras escolas espalhadas pelo país, livros e brinquedos, além de poucos, na maioria das vezes não estavam ao alcance das crianças, ficando no alto de estantes. Nos banheiros, para que elas alcançassem a pia, era necessário subir numa cadeira. Fotografar trouxe todos esses problemas à tona e proporcionou às crianças experiências de conquista.

“Esse estudo foi desenvolvido com o compromisso de valorizar a participação infantil”, explica a autora, “tendo em vista o direito das crianças de expressar suas opiniões e intervir em decisões que tenham algum impacto sobre elas”. O grande desafio que a obra espera cumprir é “garantir espaço de fala para as crianças, minoria que nem sempre, mesmo com todo o avanço legal, tem seus desejos e visões contemplados pelos adultos”. Como Liana ressalta, “as crianças têm muito a dizer!”.

Sob o olhar das crianças: Espaços e práticas na educação infantil é destinado a professores e a profissionais que trabalham com crianças em creches, pré-escolas, escolas, que atuam e desenvolvem projetos em centros culturais, museus, praças, parques, a quem formula políticas para a infância ou se dedica à pesquisa na área da infância, da educação, da arquitetura e da saúde. Mas também deve interessar a pais, mães e a todos que se preocupam com a qualidade dos espaços e dos objetos que estão ao alcance das nossas crianças.

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Sobre a autora:

Liana Garcia Castro é pedagoga formada pela Uerj, especialista em Educação Infantil, mestre e doutoranda em Educação pela PUC-Rio, onde também integra o grupo de pesquisa Infância, Formação e Cultura (Infoc). É orientadora pedagógica na rede municipal de Duque de Caxias/RJ e atua em cursos de formação de professores com ênfase nos seguintes temas: educação infantil, infância, espaço, leitura e escrita.

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TEORIA DO CINEMA: UMA INTRODUÇÃO ATRAVÉS DOS SENTIDOS

Qual é a relação entre cinema e espectador? Essa é a questão central do livro Teoria do cinema: Uma introdução através dos sentidos (272 pp.), de Thomas Elsaesser e Malte Hagener, lançado pela Papirus Editora. Segundo os autores, todo tipo de cinema (e toda teoria do cinema) primeiro imagina um espectador ideal e, então, mapeia determinadas interações dinâmicas entre a tela e a mente, o corpo e os sentidos do espectador.

Usando sete configurações distintas de espectador e tela, que passam progressivamente de relações “exteriores” para relações “interiores”, Elsaesser e Hagener rememoram os estágios mais importantes da teoria do cinema, desde os primórdios até o presente – das teorias neorrealista e modernista às teorias psicanalítica, do “dispositivo”, fenomenológica e cognitiva, incluindo interseções recentes com a filosofia e a neurologia.

Cada capítulo traz exemplos fílmicos específicos, que oferecem material para reflexão e uma oportunidade para redescobrir obras e teorias, de filmes clássicos a contemporâneos, como os premiados Ela (2013), com direção de Spike Jonze e com Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson no elenco, e Gravidade (2012), dirigido por Alfonso Cuarón e protagonizado por Sandra Bullock. O livro inclui ainda um capítulo que situa a teoria do cinema em plena era digital.

Os autores esperam que “os leitores se sintam inspirados a aplicar sua própria cultura fílmica, sua experiência cinematográfica e seus vídeo-ensaios nesse conhecimento teórico, não no sentido de ‘aplicar’ um ao outro, mas, sim, como um ato de inferência ou mesmo de interferência: uma meditação sobre as maneiras como o cinema se apoia na teoria e a teoria se apoia no cinema”.

Livro esclarecedor e envolvente, é destinado a professores e alunos da área de cinema, cinéfilos e a todos os interessados nessa temática.

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O pássaro de duas cabeças

Lançamento da Guaxinim traz fábula de amor e superação

Sabemos que as crianças e os jovens se espelham no comportamento dos adultos com os quais convivem. Por isso, é importante transmitir exemplos para que possamos sonhar em ter uma sociedade com mais empatia e respeito mútuo no futuro. O pássaro de duas cabeças (Guaxinim, 64 pp., R$ 54,90), fábula escrita pelo poeta baiano Gilvã Mendes, trata com muita delicadeza de temas como o racismo e o capacitismo, em uma história de amor e superação. 

O livro nos convida a entrar em um mundo encantado, repleto de belas palavras e descrições incríveis. Os fatos narrados nessa fábula prendem a atenção do leitor, despertando sua curiosidade para descobrir como o passarinho João Cantusbonitus superará seu maior obstáculo para viver com sua amada Ingli Abá Dumundus. As ilustrações de Carol Oliveira potencializam a força, a garra e a inteligência dos protagonistas. 

Na opinião da professora Regina Guimarães, que assina o texto de contracapa do livro, ao abordar de forma leve e sensível o preconceito, a deficiência e as diferenças raciais, o autor proporciona uma transformação de vida. E essa mudança só é possível quando o verdadeiro amor acontece, mexendo com o destino dos apaixonados, como vemos na história. “E, assim, apenas o amor pode ser comparado ao singelo canto dos pássaros e à leveza de seus voos – uma sintonia perfeita”, completa Regina.

O pássaro de duas cabeças provoca uma mistura de sentimentos; relações entre a história lida e a vida vivida fazem parte dessa narrativa cheia de acontecimentos marcantes. Gilvã Mendes convida você, leitor, a entrar nesse mundo de superação, amor, compaixão e humanidade.

Sobre o autor:

Gilvã Mendes é poeta, escritor e psicólogo. Pessoa com deficiência, nasceu em Salvador-BA, no bairro popular Nordeste de Amaralina. Seu primeiro livro, Queria brincar de mudar meu destino (Papirus, 2009), foi incluído no Programa Nacional do Livro e Material Didático – PNLD 2018. Em 2019, publicou Aqueles malditos olhos azuis, uma produção independente. Esta é sua terceira obra, que concretiza um antigo sonho de escrever uma fábula sobre amor, liberdade, poesia e música, através do canto de um pássaro.

Sobre a ilustradora:

Carol Oliveira, mulher preta, baiana e capoeirista, é designer gráfica e ilustradora, graduada em Design Gráfico desde 2009. Tem especialização em Gestão da Comunicação Digital em Mídias Sociais. Foi premiada pelo governo da Bahia pelas ilustrações do livro O peixe, o pássaro e o segredo do sol.

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Avaliar para quê e por quê?

Papirus lança duas obras sobre avaliação como aprendizagem: uma voltada para professores e outra para gestores

O início de um ano letivo é o momento de planejar o trabalho pedagógico que se pretende desenvolver ao longo daquele período. E a avaliação não deve ficar fora de pauta, pois é preciso compreendê-la como aliada da aprendizagem. É nesse contexto que a Papirus lança dois livros sobre o tema, organizados pelas professoras Benigna Villas Boas e Enílvia Rocha Morato Soares: Avaliação das aprendizagens, para as aprendizagens e como aprendizagem: Obra pedagógica do professor (112 pp., R$ 54,00) e Avaliação das aprendizagens, para as aprendizagens e como aprendizagem: Obra pedagógica do gestor (64 pp., R$ 34,90).

A primeira obra — voltada aos professores —, aborda como a avaliação das aprendizagens, para as aprendizagens e também como aprendizagem deve ser praticada em toda a escola, e não apenas em sala de aula. Em todos os ambientes e momentos de atividade escolar, estudantes e professores estão expostos a aprendizagens e, consequentemente, a situações de avaliação. Dessa forma, o campo da avaliação se alarga, impulsionando a conquista de aprendizagens por todos os que atuam na escola. 

Essa coletânea discorre sobre as três funções da avaliação: formativa, diagnóstica e somativa, destacando a formativa, pelo fato de desenvolver-se ao longo do trabalho pedagógico. Lembrando que esse processo exige a presença do feedback, da avaliação informal encorajadora, o envolvimento dos pais e responsáveis, mais recursos avaliativos variados, como o portfólio, a autoavaliação e a avaliação por colegas, entre outros.

Além da avaliação das aprendizagens, desenvolvida em sala de aula, esse primeiro livro também aborda os outros dois níveis da avaliação: institucional e em larga escala. Destaca a importância da avaliação institucional, pois é para ela que convergem as informações oferecidas pela avaliação das aprendizagens e pela avaliação em larga escala, que se efetiva por meio de exames externos. O papel da equipe escolar é o de reunir todos esses dados, analisá-los e tomar decisões sobre as necessidades de reorganização do trabalho pedagógico, tendo em vista a sua melhoria.

Avaliação das aprendizagens, para as aprendizagens e como aprendizagem: Obra pedagógica do professor aborda também a questão da reprovação, que faz com que o estudante viva experiências pedagógicas semelhantes no ano seguinte. Como esperar que isso possa resolver a não aprendizagem? Essa obra busca incentivar o professor a conhecer cada um de seus alunos, com o intuito de organizar um trabalho pedagógico em que todos possam se sentir incluídos e valorizados.

“Favorecer a parceria entre avaliação e conquista permanente de aprendizagens pelos estudantes e por toda a escola possibilita conceber o processo educativo como parte da realidade social em que se desenvolve, desvelando interesses, muitas vezes escusos, de reforço às desigualdades e de exclusão dos menos favorecidos”, explicam as organizadoras na segunda obra — Avaliação das aprendizagens, para as aprendizagens e como aprendizagem: Obra pedagógica do gestor.

A avaliação que a escola faz do trabalho que realiza assume singular importância nessa perspectiva, sendo o gestor o seu principal coordenador. Cabe a ele organizar e conduzir esse processo, para que todos os envolvidos se corresponsabilizem pela qualidade do que é desenvolvido e, por associação, pelo desempenho dos alunos, visando à formação integral e inclusiva dos sujeitos, promovendo sua autonomia e emancipação. 

Como a avaliação deixa marcas, que a leitura dessas duas obras possam marcar positivamente a todos os envolvidos no processo educativo-avaliativo!

Sobre as organizadoras:

Benigna Villas Boas é pedagoga, mestre e doutora em Educação. Professora emérita da Universidade de Brasília (UnB), coordena o grupo de pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico (Gepa).

Enílvia Rocha Morato Soares é mestre e doutora em Educação. Professora aposentada da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, integra os grupos de pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico (Gepa) e Docência, Didática e Trabalho Pedagógico (Prodocência).

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Viver, a que se destina?

Dois dos maiores pensadores contemporâneos no Brasil discutem, em novo livro, questões referentes à nossa existência

Qual o sentido da vida? O que nos trouxe até aqui? Destino ou escolha? Somos livres até que ponto? Por que algumas pessoas têm mais sucesso do que outras no que fazem? Será dom, vocação ou esforço? Em Viver, a que se destina? (128 pp.), lançamento da Papirus 7 Mares, Mario Sergio Cortella e Leandro Karnal refletem sobre essas e outras questões que há séculos fascinam e intrigam a humanidade.

Viver é um desafio contínuo. A ciência, a filosofia, a religião e a arte têm oferecido algumas possibilidades de resposta para nossas inquietações. Afinal, pode ser aterrador imaginar que não há um destino, algo que explique a nossa existência. Por outro lado, a ausência de sentido nos deixa livres para ser e viver conforme desejarmos – embora isso implique também responsabilidade. “A ideia de destino é tranquilizadora. Ela nos deixa mais serenos”, comenta Cortella. “Porque se cremos que alguém, fora de nós, anterior, superior a nós decide qual será a nossa rota”, explica ele, “isso é muito mais adequado do que imaginar que precisamos fazer escolhas. Toda escolha implica responsabilidade e consequência”.

Karnal defende como libertador ter de inventar seu próprio sentido. E observa: “Podemos entender que a existência é aleatória, não tem sentido, nada muda definitivamente nada. Mas, ao formar a minha ideia aleatória de sentido, que é histórica, estou produzindo algo que eu creio ser significativo”.

Seja escolha ou destino, seja a vida um drama que vamos tecendo ou uma tragédia anunciada, fato é que estamos sempre procurando algum propósito que torne a existência mais significativa. Poucas pessoas convivem bem com a ideia de uma existência sem determinação, inteiramente livre e absolutamente sem sentido. “Muitos demandam uma onisciência superior que, de forma justa e inteligente, determine tudo ou quase tudo”, lembra Karnal.

Afinal, o que justifica viver?

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“Qual é, então, a nossa margem de liberdade? Eu sou livre porque estou num tempo em que não ser desse modo não é aceitável? Mas estar nesse tempo em que estou não foi uma escolha minha. E se não foi uma escolha minha, o que é minha escolha?” CORTELLA

“Entender que o destino da vida é múltiplo, que as escolhas implicam perdas, que a potência de tudo está contida a cada curva da estrada, que eu sou eu e minhas circunstâncias e que é possível interferir, mas não no grau de um ser todo-poderoso, isso deveria nos tornar um pouco mais perfectíveis.” KARNAL

Sobre os autores:

Mario Sergio Cortella é filósofo, escritor e palestrante, com mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor titular por 35 anos (1977-2012). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do Prof. Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira, como Nos labirintos da moral, com Yves de la Taille, Ética e vergona na cara!, com Clóvis de Barros Filho e Nem anjos nem demônios: A humana escolha entre virtudes e vícios, com Monja Coen, todos publicados pela Papirus 7 Mares.

Leandro Karnal é graduado em História pela Unisinos e doutor em História Social pela USP, com pós-doutorados pela Unam, México, e pelo CNRS de Paris. Sua formação cruza história cultural, antropologia e filosofia. Foi professor da Unicamp por mais de 20 anos e hoje percorre o Brasil com suas palestras. Escreveu várias obras, como: Felicidade ou morte, em parceria com Clóvis de Barros Filho, Verdades e mentiras: Ética e democracia no Brasil, com Mario Sergio Cortella, Luiz Felipe Pondé e Gilberto Dimenstein e O inferno somos nós: Do ódio à cultura de paz, com Monja Coen, todas publicadas pela Papirus 7 Mares.

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Guaxinim lança antologia de contos clássicos

Textos foram selecionados e traduzidos por Heloisa Prieto e Victor Scatolin

A surpresa narrativa é uma das melhores formas de capturar o olhar de quem a lê. Tornar objetos os protagonistas da ação desafia as regras da narrativa convencional. No livro Sobre as coisas: Antologia de contos clássicos (Guaxinim, 80 pp.), os textos que foram selecionados e traduzidos pela premiada autora brasileira Heloisa Prieto, em parceria com Victor Scatolin, têm como objetivo destacar a importância das “coisas” e pensar o papel que elas desempenham em nossa vida. 

Com ilustrações de Renata Borges Soares, a antologia traz contos do americano O. Henry, do russo Alexander Pushkin, do francês Théophile Gautier, do mexicano Ignácio Altamirano e do português Fernando Pessoa. São cinco histórias baseadas em objetos, entendidos como coisas, e permeadas de descrições que certamente vão invadir a mente do leitor: presentes trocados por um pobre casal num Natal, cartas de baralho, um bule de café, três flores e uma carta roubada. 

A seleção optou por escolher o gênero contos como forma de destacar a importância das “coisas” em narrativas de autores clássicos. O objeto supérfluo, o misterioso, o imprescindível, o insondável surge simbolizando diversas facetas da natureza humana. Mas, quando entra em jogo o verdadeiro afeto, haverá necessidade de “coisas”?

Sobre as coisas: Antologia de contos clássicos aborda dilemas fundamentais da nossa existência, que são desvendados nas histórias reunidas na obra, em um cenário de encanto e suspense. Para ler numa sentada só!

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Sobre os responsáveis pela seleção e tradução dos textos:

Heloisa Prieto é escritora, com mais de 70 obras de literatura infantojuvenil publicadas. Com mestrado em Semiótica (PUC-SP) e doutorado em Teoria Literária (USP), é também tradutora premiada e coordenadora de coleções. Diversos títulos seus foram adaptados para teatro e cinema, como 1001 fantasmas (Cia. O Grito), Esconderijo (Cia. do Parafuso) e a série Mano, que serviu de inspiração para peça de mesmo nome, dirigida por Naum Alves de Souza, e para o filme As melhores coisas do mundo, com direção de Laís Bodanzky. Detentora de vários prêmios literários (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, União Brasileira de Escritores, Câmara Brasileira do Livro), ex-professora da Escola da Vila, em São Paulo, ministra oficinas de criação literária em várias instituições, como Sesc, Sesi e CBL.

Victor Scatolin, aka Walter Vetor, é poeta, professor, performer, tradutor e mestrando na Escola de Comunicações e Artes (USP). Coautor do livro A vitória de Mairarê (Bamboozinho, 2015), já traduziu poetas como Ezra Pound, E.E. Cummings, James Joyce, Chiyo-Ni, Velimir Khlébnikov, Friedrich Hölderlin, entre outros. Com Heloisa Prieto, desenvolveu traduções e adaptações de autores como Júlio Verne, Walter Scott e W.H. Hodgson. Foi professor de ensino médio e, desde 2011, ministra oficinas de criação literária em diferentes instituições, como Sesc, Sesi e SP Leituras.

Sobre a ilustradora: 

Renata Borges Soares é ilustradora, com foco no público infantojuvenil. Colabora desde os anos 1990 com veículos como Folha de S.Paulo, Nova Escola, Uma, Vida Natural, entre outros. Foi editora de arte das revistas Nova Escola e Gestão Escolar, da Fundação Victor Civita. Teve livros ilustrados para público infantil publicados pelas editoras Paulus e Publifolha. Ilustra e edita livros paradidáticos para o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Bahia). Fez design de jogos de tabuleiro destinados para educação infantil para o Bank of America Merrill Lynch. 

Sobre a Editora Guaxinim:

Criada em 2020 com foco na literatura infantojuvenil, a Guaxinim tem por objetivo levar a já conhecida qualidade dos livros da Papirus para os pequenos e jovens leitores.​

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Para repensar a vida

Papirus lança box de livros com quatro dos maiores pensadores contemporâneos brasileiros: Clóvis de Barros, Cortella, Karnal e Monja Coen

Quatro livros. Quatro vozes. Quatro oportunidades de reflexão sobre a vida, com todas as suas alegrias e tristezas. Quatro ideias para viver em tempos de incertezas. Quatro x quatro: Reflexões para bem pensar, bem sentir, bem agir e bem viver (7 Mares, 608 pp.), de Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella e Monja Coen, reúne grandes sucessos desses autores na coleção Papirus Debates e retoma questionamentos importantes para o momento atual. 

Felicidade ou morte, de Clóvis de Barros Filho e Leandro Karnal – O que define uma vida feliz? Poderia a felicidade denunciar certo contentamento com o infortúnio alheio? Sem a felicidade o que nos resta?

O inferno somos nós: Do ódio à cultura de paz, de Leandro Karnal e Monja Coen – Como fazer com que as relações humanas sejam permeadas pelo diálogo e pela tolerância, diante da diversidade de pessoas, de opiniões e de culturas? Como sair de um cenário de violência e construir uma sociedade menos agressiva e mais acolhedora?

Nem anjos nem demônios: A humana escolha entre virtudes e vícios, de Mario Sergio Cortella e Monja Coen – De que adianta ser bom num mundo tão corrupto e injusto? Como somos quando ninguém está nos vendo? Como podemos transformar vícios em virtudes?

Viver, a que se destina?, de Mario Sergio Cortella e Leandro Karnal – Afinal, existe destino? Ou somos livres para definir nossa trajetória? O que torna a existência mais significativa? Qual o sentido da vida?

Essa edição especial e limitada traz ainda um bônus para o leitor: um livreto exclusivo com textos inéditos dos autores, que apontam caminhos diante dos novos desafios que a realidade tem nos colocado. Nele, há também uma seleção de pensamentos extraídos dessas quatro obras tão necessárias, para repensar a própria vida e fazê-la valer a pena. Uma ótima opção de presente!

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Pensamentos de Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal, 

Mario Sergio Cortella e Monja Coen…

“Temos a impressão de que, na vida de carne e osso, a felicidade representa um grande desencontro e, portanto, ela é sempre cogitada como indicativa de um tipo de existência que não é, que nunca é, mas que gostaríamos que fosse.” Clóvis de Barros Filho

“Preferimos sobreviver a ser livres. E preferimos sobreviver e ser livres a uma terceira coisa. Essas categorias, portanto, estão ligadas ao medo. Nós somos pessoas assustadas. E pessoas assustadas obedecem com facilidade.” Leandro Karnal

“Uma frase antiga sem autoria diz que não vamos conseguir

controlar a direção dos ventos, mas podemos reorientar as velas.

Acho que, de fato, não controlamos a direção dos ventos. Isso

está fora da nossa possibilidade. Mas podemos reorientar as

nossas velas.” Mario Sergio Cortella

“O mundo é transformação, não há nada fixo nem nada

permanente. E nós somos a transformação deste mundo.

Como fazemos isso? A nossa presença, a nossa fala, o nosso

pensamento, os nossos gestos são movimentos que mexem

com a trama da existência. A existência é comparada a feixes

luminosos onde em cada intersecção há uma joia emitindo

raios em todas as direções. Nós somos a vida dessa joia. O

que fazemos, falamos e pensamos mexe em toda essa trama.

Podemos fazê-lo de maneira prejudicial ou de maneira benéfica.

A escolha é nossa.” Monja Coen

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Sobre os autores:

Clóvis de Barros Filho é graduado em Direito e Filosofia pela USP e em Jornalismo pela Cásper Líbero, com mestrado em Science Politique pela Université de Paris 3 – Sorbonne-Nouvelle e doutorado em Ciências da Comunicação pela USP. Obteve a livre-docência pela Escola de Comunicações e Artes da USP, onde por muitos anos foi professor. Palestrante e consultor pelo Espaço Ética, é ainda autor de vários livros sobre filosofia moral.

Leandro Karnal é graduado em História pela Unisinos e doutor em História Social pela USP, com pós-doutorados pela Unam, México, e pelo CNRS de Paris. Sua formação cruza história cultural, antropologia e filosofia. Foi professor da Unicamp por mais de 20 anos e hoje percorre o Brasil com suas palestras. É autor de várias obras.

Mario Sergio Cortella é filósofo, escritor e palestrante, com mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor por 35 anos (1977-2012). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do Prof. Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia, motivação e carreira.

Monja Coen, como é conhecida Claudia Dias Batista de Souza, foi jornalista profissional em sua juventude e hoje atua como missionária oficial da tradição Soto Shu. Primaz fundadora da Comunidade Zen-budista do Brasil, segue os ensinamentos de Buda e participa de encontros educacionais, culturais e inter-religiosos, com o objetivo de difundir princípios em prol da preservação do meio ambiente, dos direitos humanos e da criação de uma cultura de não violência e paz. Tem vários livros publicados.

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Guaxinim lança livro de poesia infantil

Leitor é desafiado a encontrar o que está escondido

Quem de nós não tem um poema guardado na memória desde os tempos de criança? A poesia contribui para a formação do imaginário infantil, além de proporcionar aos pequenos o poder de brincar com as palavras e desenvolver sua criatividade. Em seu novo livro, Onde é que está? (Guaxinim, 32 pp.), João Proteti faz poesia com palavras e imagens e brinca com os leitores, que devem achar o que está escondido nas páginas: um passarinho que voa ao contrário do bando, uma vaidosa peixinha com um colar no meio do cardume, um periquito no centro da cidade, entre outros divertidos desafios.

“Aqui, neste livro,

você deve achar 

o que está escondido.

Por exemplo:

um lápis de cor que deu flor

só porque escreveu

este aviso.”

Onde é que está? possui belíssimas e delicadas ilustrações, feitas pelo próprio autor, que dão vida a cada poesia, a cada verso e rima, e asas à imaginação da criança que passa por suas páginas. O livro deve encantar também pais, educadores, contadores de histórias e apreciadores de literatura infantil.

“Um grilo que cricrila,

uma onça que cochila.

Uma sombrinha quase joaninha,

uma borboleta quase violeta.

Se você não achar,

pode ser que o lápis de cor

não dê flor.

Vamos ler e procurar?​”

Sobre o autor:

João Proteti nasceu em Andradina (SP), em agosto de 1952, e atualmente reside em Campinas (SP). Faz poesia com palavras e com imagens. É autor de vários livros de poesia infantil e infantojuvenil. Uma dessas obras foi selecionada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), para compor o Catálogo da Feira de Bolonha de 2010, referente à literatura infantil e juvenil brasileira. Participa regularmente de exposições de artes visuais. 

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Como despertar o gosto pela leitura e escrita

Papirus lança livro que busca influenciar crianças e jovens a se tornarem leitores mesmo em tempos de dispositivos eletrônicos sedutores e acessíveis 

Como ensinar crianças e jovens a ler e a escrever como quem saboreia o prato mais gostoso? Apoiado na teoria histórico-cultural proposta por Vygotsky e na pedagogia histórico-crítica, o professor Simão de Miranda lança Oficina de criação literária (Papirus Editora, 128 pp.), livro que almeja produzir saberes e sabores, sobretudo sociais, nos atos da leitura e da escrita, que favoreçam a construção de cidadãos críticos e conscientes e que se assumam protagonistas de transformações emancipadoras. 

A oficina retoma e amplia o conteúdo apresentado pelo autor na obra Escrever é divertido, publicada pela Papirus em 1999, proporcionando a realização de produções divertidas e inteligentes, que enriqueçam o repertório linguístico e de compreensão de mundo. Ela oferece, também, um generoso cardápio com 60 atividades, servidas em três momentos: entradas de sensibilizações para o ato de escrever; pratos principais de produções criativas avançadas; e sobremesas de estímulos ao deleite da leitura.

Vivemos tempos de não leitores. Como Miranda explica, “não temos poder para ’formar’ leitores. Não há ação externa que forme alguém, sobretudo à luz da teoria histórico-cultural. Mesmo considerando as fortes influências que um sujeito tem sobre o desenvolvimento do outro, transformando e sendo transformado nas relações dialéticas, ele é o sujeito do seu próprio desenvolvimento”. Mas, apesar disso, continua o autor, “nossas influências podem orientar tal formação”. Como influenciar efetivamente os alunos a adquirir o hábito da leitura é o pretexto desse livro.

Mais que simples alfabetização, saber ler e escrever bem é fundamental para a constituição de indivíduos críticos e reflexixos, preparados para o exercício consciente da cidadania. No livro, Miranda ressalta a importância de uma cultura letrada, tanto na escola quanto na família, para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

E você, professor, pronto para conhecer e colocar em prática o cardápio de atividades dessa oficina? Aproveite para explorar essa rica experiência de aprendizagens, atiçando o paladar de seus alunos!

Sobre o autor:

Simão de Miranda – mora em Brasília-DF. É doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, pós-doutor em Educação e atua como professor, formador de professores e palestrante, além de ser autor de mais de 50 livros nas áreas de formação de professores e literatura infantojuvenil, três deles traduzidos para Portugal e México e um distribuído em 27 países. Ministrou palestras e cursos em quase todo o Brasil e também na Argentina, em Cabo Verde, Cuba, Portugal e São Tomé e Príncipe, onde trabalhou com formação continuada de professores. Orgulha-se de ser cidadão honorário de Brasília.

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Guaxinim lança “O primeiro passeio”

Livro infantil é uma parceria entre a escritora e educadora Nye Ribeiro e sua filha Beatriz Guimarães

Contar histórias para crianças estimula a criatividade delas e possibilita a aprendizagem. Ao ouvir histórias, os pequenos experimentam emoções diversas e desenvolvem a capacidade de atenção e concentração. No livro O primeiro passeio (Guaxinim, 36 pp.), as autoras Beatriz Guimarães e Nye Ribeiro despertam a curiosidade das crianças, por meio de rimas e repetições, auxiliando no processo de alfabetização.

Tudo começa com Dona Gema entrando na água com seus dez patinhos para o primeiro passeio da manhã. No caminho, ela encontra a capivara, a garça, o bem-te-vi, a coruja, o quero-quero e, toda orgulhosa, quer apresentar os filhotes aos amigos. Mas, um a um, os patinhos começam a sumir! Onde será que eles foram parar?

— Bom dia! Já conhece meus dez patinhos amarelinhos? — pergunta a pata, toda orgulhosa.

— Dez? Eu só estou vendo nove! — diz Dona Aurora.

Quico, o patinho mais lento, tinha ficado ao relento.

Dona Gema continua o passeio e logo encontra o bem-te-vi.

— Bom dia! Já conhece meus dez patinhos amarelinhos? — pergunta a pata, toda orgulhosa.

— Dez? Eu só estou vendo oito! — diz Tuís.

Lili, a mais arteira, tomava banho na cachoeira.

Com encantadoras ilustrações, feitas em aquarela e lápis de cor pela ilustradora e bonequeira Karen Elis, O primeiro passeio, além de dar asas à imaginação dos pequenos leitores, deve agradar também a pais, educadores, contadores de histórias e apreciadores da literatura infantil. 

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Sobre as autoras:

Beatriz Guimarães é autora e editora de livros infantis. Nascida em 1974 na cidade de São Paulo, é filha da autora Nye Ribeiro e teve a arte como hobby desde muito cedo. Graduada em Publicidade e Propaganda, com formação de editora de livros EAD pela Casa Educação, iniciou sua própria editora em 2003. Além do livro O primeiro passeio, também escreveu A corrida de Mada, O gigante da ilha, Ronc ronc e o Casamento da bruxa. Apaixonada por livros, se dedica ao fomento do hábito da leitura.

Nye Ribeiro nasceu na pequena cidade de Boa Esperança, em Minas Gerais. Ainda menina, mudou-se para o interior de São Paulo. Ao longo de sua vida, foi professora, jornalista, editora e escritora, com mais de 60 livros publicados. A natureza é sua maior fonte de inspiração! Hoje, além de escrever e realizar palestras para alunos e professores, por todo o país, é terapeuta e facilitadora de grupos de Pathwork — metodologia de autoconhecimento e autotransformação.

Sobre a ilustradora:

Karen Elis é ilustradora e bonequeira. Já ilustrou 15 livros, trabalhando com diversos autores. Suas técnicas mais usadas são lápis de cor, aquarela e guache. Participou de várias exposições coletivas e individuais e de salões de arte. Obteve Menção Honrosa no 1o e no 2o Encontro de Aquarelistas de Paraty e no XX Salão de Artes de Mogi Mirim na categoria Arte Contemporânea. Foi indicada ao prêmio Jabuti 2011 na categoria Ilustração pelo seu trabalho no livro Quer que eu lhe conte uma estória?, de Rubem Alves.

Sobre a Editora Guaxinim:

Criada em 2020 com foco na literatura infantojuvenil, a Guaxinim tem por objetivo levar a já conhecida qualidade dos livros da Papirus para os pequenos e jovens leitores.​

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Papirus lança “Nas águas do rio”

Livro de Nye Ribeiro é voltado ao público infantil

Para tornar a leitura um hábito, é importante incorporá-la à vida dos pequenos desde cedo. A musicalidade das palavras ajuda a atrair a atenção e a despertar o interesse deles. No livro Nas águas do rio (Papirus, 28 pp.), a escritora e educadora Nye Ribeiro utiliza rimas e jogos de palavras, proporcionando uma experiência de leitura muito interessante e prazerosa ao leitor.

A autora teve como maior fonte de inspiração a natureza, mais especificamente as águas de um rio, com sua vida, cor e movimento. Nelas, há sempre histórias para contar e gente que aparece para nadar e brincar. Alguns animais fazem desse rio a sua morada e outros surgem apenas para tomar banho e se refrescar do calor. Mas uma coisa é certa: há sempre uma surpresa depois da outra!

Nas águas do rio possui belíssimas ilustrações feitas por Quellebre, pseudônimo de Raquel Lebre Poloni de Resende — ilustradora de alma e coração —, que enriquecem a obra e ajudam a contar a história, facilitando a compreensão das crianças. O livro deve encantar também pais, educadores, contadores de histórias e apreciadores da literatura infantil.

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Sobre a autora:

Nye Ribeiro nasceu na pequena cidade de Boa Esperança, em Minas Gerais. Ainda menina, mudou-se para o interior de São Paulo. Ao longo de sua vida, foi professora, jornalista, editora e escritora, com mais de 60 livros publicados. A natureza é sua maior fonte de inspiração! Hoje, além de escrever e realizar palestras para alunos e professores, por todo o país, é terapeuta e facilitadora de grupos de Pathwork — metodologia de autoconhecimento e autotransformação.

Pela Papirus, tem publicados: Luz e sombra, Quero um bichinho de estimação, Simplesmente Marina e O jardim de cada um

Sobre a ilustradora:

Raquel Lebre Poloni de Resende, a Quellebre, é ilustradora de alma e coração. Unindo a vontade de ilustrar à de desenvolver estampas, criou o Quellebre Studio. Quel é como é chamada por amigos e familiares e Lebre é o sobrenome que herdou de sua mãe, de quem também herdou o amor pelas artes — arte de ser mulher, mãe, bailarina, ilustradora e designer de estampas.

É apaixonada pelo lápis de cor, mas também utiliza em suas ilustrações muitas outras técnicas. Encantada pelo mundo da ilustração, mergulhou nessa magia em que a imaginação e a criação são infinitas.

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Escureceu, apareceu!

Lalau e Laurabeatriz lançam livro sobre bichos que gostam da noite

Todos nós sabemos que o Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo. Possuímos uma fauna riquíssima, com milhares de espécies distribuídas por todo o território nacional. Vamos conhecer algumas delas? Em Escureceu, apareceu! Bichos que gostam da noite (Papirus, 32 pp.), Lalau e Laurabeatriz unem poesia e ilustração e nos convidam a conhecer alguns animais de hábitos noturnos que são muito importantes para o equilíbrio da natureza e que merecem nossa atenção e proteção. 

Várias espécies da fauna brasileira possuem uma vida mais ativa durante a noite. Dormem de dia em suas tocas ou ninhos e, quando escurece, aparecem para buscar alimento, reproduzir-se, deslocar-se por seus ambientes ou, até mesmo, escapar dos predadores de hábitos diurnos. A escuridão é uma grande aliada desses bichos. 

Corujinha-orelhuda, jacaré-anão, macaco-da-noite, mariposa-imperador, porco-espinho são algumas das espécies ilustradas e relacionadas na obra, com suas características e hábitos. O objetivo dos autores é despertar o interesse nas crianças sobre nossos animais e, com isso, a vontade de ajudar na preservação da natureza. 

Lalau e Laurabeatriz são amigos de longa data. A parceria literária começou em 1994 e já conta com mais de 50 livros publicados para crianças. A fauna e a flora brasileiras estão entre seus temas preferidos. Pesquisaram tanto sobre o assunto que, atualmente, são a dupla de autores de literatura infantojuvenil que mais conhece sobre nossa biodiversidade.

Escureceu, apareceu! Bichos que gostam da noite é voltado para crianças mas, certamente, contribuirá para o trabalho docente no desenvolvimento da consciência ambiental dos pequenos. Falar desde cedo de assuntos como fauna e flora brasileiras, preservação da natureza, biomas nacionais, extinção de espécies, entre outros, é fundamental para que as próximas gerações sejam mais responsáveis e conscientes!

SOBRE OS AUTORES: 

Poesias de:

Lázaro Simões Neto, mais conhecido como Lalau, é paulista e poeta, trabalhou como redator em agências de propaganda, escreveu contos e crônicas, publicados em alguns jornais e revistas, foi roteirista de teatro amador, entre outras atividades sempre ligadas à palavra.

Ilustrações de:Laura Beatriz de Oliveira Leite de Almeida (Laurabeatriz) é carioca e artista plástica, participou de várias exposições com pinturas, desenhos e xilogravuras, colabora com revistas, fez crítica de cinema e também trabalhou em publicidade.

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Educação ambiental e a “comvivência pedagógica”

Livro apresenta proposta teórico-metodológica da “comvivência pedagógica” para a formação de educadores ambientais

Diante de um cenário de grave crise socioambiental, com potencial de grandes transformações da realidade vivida, a Papirus Editora lança livro que propõe uma práxis que passa pela pesquisa, pelo ensino e pela extensão em educação ambiental. Educação ambiental e a “comvivência pedagógica”: Emergências e transformações no século XXI (Papirus, 256pp.) tem organização do professor Mauro Guimarães, que compartilha sua trajetória como educador ambiental e busca sistematizar suas experiências e seu conhecimento produzidos nessa vivência, entrecruzada com a de tantos outros educadores, para fecundar os caminhos possíveis nessa área.

A obra está estruturada em três partes: a primeira contextualiza o ponto de partida de seu organizador e as referências construídas ao longo de sua trajetória. Na segunda parte, Guimarães sistematiza o que acompanhou na construção do campo da educação ambiental, procurando demarcar e referenciar sua perspectiva crítica. Na terceira e última parte, é apresentada a proposta teórico-metodológica da “comvivência pedagógica”, que o professor atualmente produz com parceiros e orientandos, pensando na radicalidade da formação do educador ambiental em tempos de crise. 

Guimarães conta que, em meio à revisão final do livro, veio a pandemia de Covid-19, e que o isolamento social provocou sua reflexão sobre o mundo em crise e a importância de se aprender a viver e reaprender a conviver. “Diante das emergências e transformações em curso no século XXI, para uma profunda ruptura com o mundo em colapso e a possibilidade de nos reorganizarmos como outra sociedade”, diz ele, “acreditamos na importante contribuição da formação de educadores ambientais transformados e transformadores”. Com essa obra, ele espera instigar outros pesquisadores na desconstrução do pensado para pensar o que ainda não foi e, principalmente, repensar o que já foi pensado na busca de novos caminhos formativos.

Educação ambiental e a “comvivência pedagógica” é um livro que celebra um dos valores e feitos mais importantes na trajetória de nossos ancestrais: o ato de conviver e produzir convivência, conforme define o professor Celso Sánchez, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, no Posfácio da obra. Sua leitura certamente proporcionará a compreensão da “dimensão profundamente formativa, pedagógica, instrutiva do afeto e da convivência, da troca, da coparticipação, da partilha, do abraço”, finaliza Sánchez.

Sobre o organizador:

Mauro Guimarães é educador ambiental, professor-pesquisador do Programa de Pós-graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc/UFRRJ), líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (Gepeads/UFRRJ). Tem graduação em Geografia (UFRJ/1986), especialização em Ciências Ambientais (UFRRJ/1990), mestrado em Educação (UFF/1996), doutorado em Ciências Sociais (UFRRJ/2003) e pós-doutorado em Educação pela Universidade (UFMT/2015 e Universidade de Santiago de Compostela – USC/2020). Desde 1992, publica na área de educação ambiental. Dentre seus livros, destaca-se A dimensão ambiental na educação (Papirus, 1995).

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Em livro, cientista e jornalista unem-se para explicar – e barrar – o negacionismo

De autoria da microbiologista Natalia Pasternak e do jornalista científico Carlos Orsi, Contra a realidade, lançado pela Papirus, discute a negação da ciência, suas causas e consequências

O mundo moderno vive um paradoxo: temos astronautas em órbita e, ao mesmo tempo, gente que jura que a Terra é plana. O descompasso vai além da astronomia, chegando a questões cruciais para a saúde humana e o meio ambiente, e evidencia-se  na tranquilidade com que até autoridades constituídas muitas vezes propagam informações sem comprovação, colocando em risco a vida de milhões de pessoas. 

Essas premissas são o ponto de partida da microbiologista Natalia Pasternak e do jornalista científico Carlos Orsi em Contra a realidade: A negação da ciência, suas causas e consequências, lançado pela Papirus 7 Mares (192 pp.), livro em que a dupla se debruça sobre as origens e engrenagens por trás de “movimentos” cada vez mais populares – e perigosos para a civilização –, como o terraplanismo, o criacionismo e a negação do aquecimento global.

Pasternak e Orsi explicam que a força do negacionismo resulta, em grande medida, da resposta de grupos poderosos, com forte senso de identidade, à “ameaça” imposta pelo conhecimento às suas ideologias e crenças e aos seus interesses. Segundo os autores, o ataque aos consensos científicos tendem a cumprir pelo menos uma destas três funções:

1) confundir o debate, paralisando a tomada de decisões ou embaraçando a adoção de políticas públicas; 

2) criar um espaço psicológico que permita que certas atitudes irracionais sejam apresentadas como razoáveis ou dignas de mérito; e 

3) gerar sentimento de solidariedade ideológica, lealdade e coesão interna em grupos que partilham de uma identidade comum.

Diante disso, os autores lembram que “enxergar essas funções com clareza é tão importante quanto encontrar e disseminar os fatos corretos”. Conforme eles mostram, não é de hoje que é preciso lidar com teorias negacionistas. Ao longo da história, é possível identificar diversos casos. Contra realidade é permeado de exemplos que ilustram bem isso, do terraplanismo à negação do aquecimento global, passando pela desconfiança com as vacinas e pelo medo dos alimentos transgênicos. Há inclusive quem negue fatos históricos, como o Holocausto. A teoria da evolução e o movimento criacionista também são discutidos pelos autores, que ainda destacam como a história do negacionismo está atrelada à indústria do cigarro, com a negação e a relativização dos riscos reais do consumo do tabaco. 

Se uma pessoa acredita que um remédio inadequado vai curar determinada doença, ela não só o utiliza, como o oferece aos filhos. O mesmo acontece com quem acredita que vacinas são prejudiciais à saúde; sua tendência é evitá-las em sua família. “Tão grave quanto o estímulo a ações irresponsáveis ou prejudiciais, no entanto, é o efeito que os negacionismos têm sobre o ambiente político e cultural da sociedade”, alertam os autores. “Ao expor uma série de casos exemplares, procuramos, neste livro, armar o leitor para que possa dissecar, criticar e evitar armadilhas semelhantes que, certamente, surgirão no futuro”, concluem.

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Sobre os autores:

Natalia Pasternak é microbiologista (USP) e divulgadora científica brasileira, presidente do Instituto Questão de Ciência. Atua como professora convidada na Fundação Getulio Vargas, na escola de Administração Pública, e na Universidade de Columbia (EUA), no Departamento de Ciência e Sociedade. É colunista do jornal O Globo, da revista The Skeptic UK, do portal Medscape, publisher da revista Questão de Ciência e autora do livro Ciência no cotidiano. Em 2020, tornou-se membro do Committee for Skeptical Inquiry e recebeu o prêmio internacional de promoção do ceticismo “The Ockham Award” (Navalha de Ockham) e o “Brasileiros do Ano” (revista IstoÉ), na categoria Ciência, além de ter sido indicada como “Personalidade do Ano” pelo jornal O Globo.

Carlos Orsi é jornalista (ECA-USP), escritor, editor-chefe da revista Questão de Ciência e fundador do Instituto Questão de Ciência. Tem várias obras de divulgação científica publicadas, como O livro dos milagres, Pura picaretagem, O livro da astrologia e Ciência no cotidiano. Integrante da equipe que implantou, na década de 1990, a produção de conteúdo exclusivo para internet no Grupo Estado, criou, em 1997, a seção on-line de divulgação científica “Ano 2000”, iniciativa pioneira no Brasil. Foi repórter especial e colunista do Jornal da Unicamp, responsável pela coluna “Telescópio”, e da revista Galileu, onde assinava a coluna “Olhar Cético”, tratando de pseudociências e da análise de temas polêmicos de uma perspectiva científica.

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Da negação ao despertar!

Monja Coen reflete, em novo livro da Papirus, sobre os efeitos do negacionismo em tempos de pandemia

Quando algo causa medo, tristeza ou deixa à mostra o nosso desconhecimento, muitas vezes nosso primeiro impulso é negar aquilo que nos traz esse desconforto. Ao negarmos a realidade, vivendo como se nada estivesse acontecendo, ela deixa de ser diferente? Da negação ao despertar: Ensinamentos da Monja Coen (Papirus 7 Mares, 112 pp., R$ 42,90) — escrito pela fundadora da comunidade zen-budista Zendo Brasil, Monja Coen, durante a pandemia de Covid-19 — reflete sobre os efeitos do negacionismo, de qualquer ordem, e ressalta que devemos negar, sim, o erro, o falso e, desse modo, estaremos afirmando a verdade e o bem.

Mesmo com um vírus que já fez milhões de vítimas, em todo o mundo, ainda existem pessoas que negam veementemente esse cenário e as recomendações dos cientistas. “Quando enfrentamos as crises com a visão correta, somos capazes de decisões acertadas que beneficiam todos”, explica a missionária, lembrando que todos nós podemos mudar, sem nos agarrarmos ao falso. Segundo ela, “quem se recusa a mudar é como alguém que, brincando de cabra-cega, não tira a venda dos olhos. Tateando nas trevas, pensa que as pernas do elefante são colunas; seu corpo, uma parede”.

Se negarmos a realidade, onde estaremos? “Tentando subir por pedras escorregadias, sem ter onde segurar nem com os pés nem com as mãos”, responde a Monja. “Entretanto, se eu conseguir abrir minhas mãos dos meus pareceres sem sabedoria e permitir, a mim mesma, mudar meu olhar e procurar um outro caminho de escalada, verei que, bem ao meu lado, há uma subida natural e leve. O esforço sem esforço”, ensina ela.

Da negação ao despertar mostra que há sempre um caminho do meio e que somos responsáveis por nossas escolhas e pelos padrões que desenvolvemos. Daí, a importância de desaprender, de desapegar, de soltar para reler a própria história, seus livros antigos e novos e reescrever a vida.

Um dos ensinamentos trazidos nesse livro mostra que não temos como mudar uma realidade que se coloca contra a nossa vontade, mas certamente podemos mudar o modo como pensamos e agimos diante dela. Dessa forma, ter a consciência dos fatos é fundamental para que possamos despertar, rever nossos comportamentos e transformar o mundo em que vivemos. “Todas as possibilidades estão bem aqui, à nossa disposição. Podemos escolher. Podemos abrir e dar novos rumos à existência pessoal e social, coletiva. A escolha é nossa. De cada um de nós”, conclui Monja Coen.

Há tempo de chegar e tempo de partir

Tempo de juntar e tempo de separar

Pessoas sábias leem os sinais do Caminho

Sem forçar, sem brigar, adentram a senda.

Livre e responsável caminha quem despertou.

Não ofende e não é ofendida a pessoa capaz de se conhecer.

O tempo passa e nós passamos

Passarinhando.

Não negue o esperançar.

Podemos.

Devemos.

Faremos.

Mãos em prece

Monja Coen

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Quem tem medo de lobo mau?

Ilan Brenman e Luiz Felipe Pondé debatem o impacto do politicamente correto na formação das crianças

Quem nunca usou expressões do tipo “matar dois coelhos com uma cajadada só” ou “chutar cachorro morto”? Quem brinca de polícia e ladrão pode virar bandido? Games violentos criam assassinos? O filósofo Luiz Felipe Pondé e o escritor Ilan Brenman discutem questões como essas no novo livro da Papirus 7 Mares, Quem tem medo do lobo mau? O impacto do politicamente correto na formação das crianças .

Hoje, a questão do que se pode falar ou de como se deve falar está bastante em evidência, e o politicamente correto vem sendo fonte de inúmeras polêmicas. Os autores explicam que esse tipo de pensamento esvazia a linguagem e produz um enfraquecimento do mundo simbólico, o que interfere negativamente na formação e no desenvolvimento de crianças e jovens.

Para ilustrar isso, Ilan conta no livro a história de uma mãe que, por medo de que o filho crescesse violento, sempre que ele ganhava um boneco que tivesse uma arma na mão, arrancava o braço do boneco. Mas o autor explica: “Ao negarmos às crianças brincadeiras por considerá-las estereotipadas, estimuladoras de violência, que reforçam papéis na sociedade etc., estamos rachando a infância, adoecendo essas crianças”. E completa: “Crianças precisam de espaços onde o seu mundo simbólico possa se projetar. Se retirarmos isso delas, sobram inquietude, revolta, indisciplina, angústia”.

Crianças são observadoras por natureza. Elas aprendem tolerância, respeito e igualdade observando os adultos que as rodeiam. Na opinião dos autores, não é proibindo histórias, brincadeiras e jogos que teremos adultos pacíficos. “A minha impressão é que as pessoas que se reuniram um dia e decidiram fazer um mundo melhor estão acabando com o mundo, na verdade, porque os jovens estão muito piores do que eram há 15 anos: inseguros, frouxos, medrosos”, dispara Pondé. Para ele, essa verdadeira patrulha do pensamento surge como uma tentativa de resolver um certo esgarçamento de formação e de percepção, mas isso acaba engessando as reações, produzindo pessoas incapazes de lidar com as próprias emoções.

A leitura dessa obra nos faz refletir que talvez o lobo mau não viva apenas nos contos de fadas, mas esteja a nos espreitar na escola, na família, na política, na sociedade, enfim. Para enfrentá-lo, precisamos ser livres para pensar e nos expressar, e até reorganizar certos comportamentos e linguagens nossos.

Sobre os autores:

Ilan Brenman nasceu em Israel em 1973, mas veio para o Brasil ainda criança, em 1979. É psicólogo formado pela PUC-SP, mestre e doutor em Educação pela USP, onde pesquisou a influência do politicamente correto na literatura infantojuvenil e na formação das crianças. Considerado um dos mais importantes autores de livros infantis no Brasil, tem quase uma centena de títulos publicados, muitos deles premiados e também traduzidos em diversos países, como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suécia, Coreia e China. Seu best-seller é Até as princesas soltam pum, que já vendeu centenas de milhares de exemplares. Ilan ministra palestras por todo o Brasil e tem uma coluna semanal na rádio CBN, chamada Conversa de pai.

Luiz Felipe Pondé é doutor em Filosofia pela USP e pela Universidade Paris VIII, com pós-doutorado pelas universidades de Tel Aviv (Israel) e Giessen (Alemanha). É coordenador e vice-diretor do curso de Comunicação e Marketing da Faap e professor da pós-graduação em Ciências da Religião da PUC-SP. Foi professor convidado da Universidade de Marburg (Alemanha), da Universidade de Sevilha (Espanha), da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e membro da Société Internationale pour l’Étude de la Philosophie Médiévale (Bélgica). Tem vários livros publicados e escreve para o jornal Folha de S.Paulo.

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Pais ou reféns dos filhos?

Ilan Brenman traz reflexões sobre infância, família, educação, cultura e tecnologia em novo livro da Papirus 7 Mares

Como a criação, a educação e o ambiente familiar podem moldar as crianças? Quais são os pressupostos básicos para ser pai e mãe? Você educaria seu filho da forma como foi educado? Em seu novo livro — Pais ou reféns dos filhos? Reflexões sobre infância, família, educação, cultura e tecnologia no mundo contemporâneo (208 pp., R$ 45,90) —, o escritor e educador Ilan Brenman discorre sobre o que considera uma das invenções mais revolucionárias e importantes para a humanidade e tudo que a envolve: a infância.

Nessa obra, Ilan volta seu olhar para a relação entre pais e filhos. “Elas, as crianças, conseguem construir pontes e atravessá-las”, afirma o autor. “Acontecem quedas, retrocessos, sim! Mas elas atravessam”, continua. Diferentemente dos adultos que, às vezes, acabam incentivando as crianças a pegarem suas picaretas para, pouco a pouco, destruírem essas pontes. “Ingenuidade ou não, quero acreditar que podemos, através da educação – única forma possível de manter as crianças construtoras de infinitas pontes –, provocar uma profunda mudança num mundo repleto de dobras”, diz ele.

Além de questões como a adultização da infância e a necessidade de pertencimento, Brenman discute também, nesse livro, os dilemas morais. Como é possível fazer para que os filhos tenham o equipamento mental necessário para a compreensão dos dilemas que viverão em suas vidas? Como ensinar o certo e o errado a eles? Segundo o escritor, “certo e errado serão a base da construção de suas escolhas”. Mas, como passar isso para as crianças? “As boas histórias infantis ajudam muito, e também o modelo que somos como pais, o que fazemos e o que falamos”, acredita.

Para Ilan, os pais precisam parar de superproteger os filhos das mudanças da vida. É importante, segundo ele, estar ao lado dos filhos, apoiando-os, compartilhando suas angústias, descobertas, conquistas e frustrações. Quando os pais desejam que os filhos vivam em uma felicidade perpétua, sem querer, acabam criando um ser humano com pouca capacidade de encarar os obstáculos do cotidiano, um sujeito preso a uma ilusão de eterno conforto e prazer.

Com isso, o autor afirma que uma das mais importantes habilidades que se pode legar aos filhos é a autonomia. Mas como podem alcançá-la? “É preciso deixar que as crianças se deparem com as mais diversas transformações e não entrar em desespero por eles e com eles. Dê um tempo para ver como lidam com as situações”, orienta Brenman. “Você vai se surpreender com os filhos que tem”, diz. “É evidente que, se o baque for muito grande, lá estaremos para ajudá-los, mas acreditemos que eles serão capazes de converter o novo em familiar”, finaliza.

A verdade é que educar não é uma tarefa fácil. Lembrando que diálogo, empatia e equilíbrio devem sempre permear a construção da história entre pais e filhos em busca de um futuro melhor, por isso, a importância dessa leitura a todos aqueles que convivem com crianças em seu dia a dia.

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Sobre o autor:

Ilan Brenman nasceu em Israel em 1973, mas veio para o Brasil ainda criança, em 1979. É psicólogo formado pela PUC-SP, mestre e doutor em Educação pela USP, onde pesquisou a influência do politicamente correto na literatura infantojuvenil e na formação das crianças. Ministra palestras por todo o Brasil e é considerado um dos mais importantes autores de livros infantis do país. Tem quase uma centena de títulos publicados, muitos deles premiados e também traduzidos em diversos países, como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suécia, Coreia e China. Seu best-seller é Até as princesas soltam pum, que já vendeu centenas de milhares de exemplares. Pela Papirus, publicou em parceria com Luiz Felipe Pondé o livro Quem tem medo do lobo mau? O impacto do politicamente correto na formação das crianças.

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Coisa de Menina?

Maria Homem e Contardo Calligaris conversam sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo em novo livro da Papirus

Sempre polêmicas, as discussões sobre gênero estão cada vez mais em pauta, principalmente as questões envolvendo o feminino, que aparecem com muita força na atualidade. Para aquecer ainda mais esse debate e oferecer novos pontos de vista, a Papirus 7 Mares lança o livro Coisa de menina? Uma conversa sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo (128 pp., R$ 34,90), dos psicanalistas Maria Homem e Contardo Calligaris.

Na sociedade em que vivemos ainda imperam o machismo e a misoginia. As mulheres acabam sendo as vítimas mais frequentes de assédio e violência, julgadas de maneira preconceituosa muitas vezes por elas mesmas. “A nossa cultura é fundada não apenas no domínio sobre as mulheres, mas no ódio pelas mulheres”, diz Contardo. “Ao longo de muitos séculos, a sexualidade feminina só sobrevive à margem”, continua ele. Um fato curioso, porém, observa o autor, é a literatura erótica do século XX ser totalmente feminina. 

Além disso, as conquistas que as mulheres vêm obtendo — como a inserção no mercado de trabalho, a liberdade sexual, a possibilidade de decidir se e quando terá filhos etc. — parecem voltar-se contra elas mesmas, trazendo muitas vezes angústia, dúvidas, culpa e sofrimento. “A mulher tem, no mínimo, uma tripla jornada hoje. Ela tem múltiplas funções: é mãe na casa, cidadã na polis e trabalhadora no mercado. E existe ainda uma outra grande função que é exercida — ou demandada a ser exercida —, que é a de ser uma mulher desejada”, lembra Maria Homem. 

Onde erramos na revolução feminista? Será que demos tudo de graça e não negociamos? Somos verdadeiramente livres? Subjugadas e tolhidas em sua liberdade, num mundo que vê o pensamento cada vez mais polarizado, algumas mulheres se calam diante dessas questões, mas outras, e também outros (afinal, o feminismo não é só coisa de menina), como Maria Homem e Contardo Calligaris, buscam promover a livre reflexão para repensar o feminino, com coragem, franqueza e discernimento. 

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Basta de Cidadania Obscena!

Mario Sergio Cortella e Marcelo Tas conversam em livro sobre o avesso da cidadania

Cidadania… só que não! Quando o exercício dos direitos e deveres de um cidadão para com outro não acontece como deveria, o que é possível fazer? Diante dessa questão, a Papirus 7 Mares lança Basta de cidadania obscena!, um debate entre o filósofo Mario Sergio Cortella e o comunicador Marcelo Tas. No livro, os autores conversam sobre o avesso da cidadania, que passa ao largo da ética, e avaliam o papel de cada um de nós na recusa ao obsceno.

Segundo Cortella, a cidadania se mostra obscena às vezes porque vitimiza as pessoas. Em seu entender, “a percepção daqueles que são vitimados no cotidiano por uma organização social, pelo modo como estruturamos a convivência, pelos nossos valores pressupõe autoria. Isto é, se há vítima, há réu”. 

Tas completa: “Existe uma parte da sociedade que, mesmo afirmando prezar a cidadania, dilui esse conceito ao dizer que a corrupção está em cada brasileiro que não atravessa a rua na faixa de pedestres, no motorista que não respeita o sinal de trânsito e assim em diante”. E reclama: “A sociedade parece não querer encarar o lado obsceno da cidadania ao não apontar os autores”.

Entre outras questões, os autores discutem o politicamente correto – e incorreto – e como a comunicação pode e deve ser usada a serviço da boa cidadania. Eles avaliam o papel social dos formadores de opinião nesse cenário, especialmente em nossa era digital, e questionam até que ponto o virtual favorece uma participação cidadã mais ativa.

Um livro que, certamente, nos fará olhar para o mundo, para o outro e para nós mesmos de outra forma. 

Sobre os autores: 

Mario Sergio Cortella, filósofo e escritor, tem mestrado e doutorado em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor titular por 35 anos (1977-2012). É professor convidado da Fundação Dom Cabral (desde 1997) e lecionou na GVpec da FGV-SP (1998/2010). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do Prof. Paulo Freire. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira.

Marcelo Tas é jornalista e comunicador de TV, com vários prêmios no Brasil e no exterior. Entre suas obras, destacam-se o repórter ficcional Ernesto Varela e a série infantil Rá-Tim-Bum (TV Cultura). Também participou da criação do Programa Legal e do Telecurso (TV Globo). Atualmente, apresenta o Papo de Segunda, no GNT. 

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Política: para não ser idiota

Escândalos políticos não faltam no Brasil. Recentemente tivemos CPIs que acabaram em cassações de mandatos, abaixo-assinado para tirar Renan Calheiros da presidência do Senado, caso de Carlinhos Cachoeira e muitos, muitos outros. São tantos que, muitas vezes, o cidadão tem a impressão de que é tratado como idiota por seus políticos. Mas você sabia que a palavra “idiota” vem do grego e significa “aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política”? Ao escolhermos os políticos que irão nos governar nos próximos anos, é preciso não sermos idiotas no sentido originário da palavra. Assim, mais à frente, não teremos a sensação de sermos tratados como idiotas – agora no sentido mais comum da expressão. Para desenvolver a discussão sobre política com a população, a Papirus 7 Mares indica a leitura do livro Política: Para não ser idiota.

De autoria dos filósofos Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro, a obra tem como objetivo levar o conhecimento sobre política para aqueles que pouco sabem do assunto ou que não se interessam por ele, promovendo assim um debate profundo a respeito do tema. “Sempre achei a discussão no Brasil muito pobre, então quisemos sair desse ‘nível de pobreza’, em que se priorizam detalhes, e não o essencial”, conta Ribeiro. 

De acordo com ele, é importante que as pessoas sejam atuantes, que discutam sobre o que acontece na política, caso contrário não terão espaço de ação, politicamente falando. “Eu acho que se trata da autonomia que as pessoas têm. Ou você tem autonomia ou será gerido por algo que você não controla, mas que vai cuidar da sua vida”, explica o autor.

Parte da coleção Papirus Debates, o livro é apresentado ao leitor em forma de bate-papo entre os autores. São, ao todo, 12 capítulos que tratam de assuntos como atos políticos, corrupção e transparência na política, cidadania, confronto e consenso, quem deve ser o dono do poder, encargo e patrimônio, entre outros.

Na obra, política não se relaciona apenas com eleições ou poder. Trata-se também de questões de convivência. “Política não é partido (político). Partido é uma das formas de fazer política. Faz-se política na família, na igreja, no trabalho, na escola e também na gestão pública. Desse ponto de vista, é preciso se interessar por política para não cair numa postura individualista, tolamente exclusiva”, pontua Mario Sergio Cortella.

Outro ponto de destaque do livro é a discussão da “obrigatoriedade” da política no Brasil (as pessoas são obrigadas a votar, as redes de televisão e as emissoras de rádio são obrigadas a transmitir a propaganda eleitoral etc.). O que leva à discussão sobre a missão da política e da democracia. “Eu e o Mario Sergio Cortella temos pontos divergentes quando o assunto é a política ter completado a sua missão. Será que a democracia completou seu ciclo ou ainda há mais a se democratizar?”, questiona Ribeiro.

Cortella, por sua vez, enfatiza o capítulo no qual ele e Ribeiro debatem a política como tema de sala de aula. “[O tema] precisa ser tratado em sala de aula. Há pessoas na escola que caem na armadilha de dizer ‘nesta sala de aula não se fala de política, só de cidadania’, e isso é estranho, porque na prática é a mesma coisa, o que muda é o idioma de origem (política vem do grego, cidadania do latim). A política não pode se ausentar do conteúdo da sala de aula”, sinaliza.

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Nos Labirintos Da Moral

Que época poderia ser mais propícia do que nossa realidade para a discussão do que é moral, do que se entende por ética?


Com diferentes percursos profissionais, os autores apresentam um debate palpitante acerca de várias questões de nosso cotidiano. Por exemplo, eles começam indagando até que ponto, quando se ouvem comentários acerca do comportamento dos jovens, queremos nos referir a um conflito moral da sociedade ou, na verdade, queremos apenas resolver um problema de conduta. O que é honra? E que tipo de pais e professores se tornaram os jovens rebeldes dos anos 1960?


Como o tema é muito rico, as reflexões desses importantes pensadores de nosso tempo se relacionam com diferentes realidades: é recorrente a questão da educação – tanto escolar como familiar –, mas também é abordado o que ocorre no mundo do trabalho, nas relações sociais (quem é o outro: um de nós ou um estranho?).

Essa edição ampliada traz dois novos textos: no primeiro, Yves de La Taille comenta retrospectivamente a publicação original, de 2005. Na sequência, Mario Sergio Cortella busca iluminar caminhos para que possamos pensar melhor a formação de crianças e jovens hoje. Com sua experiência e cultura, os autores mostram que as reflexões desse livro continuam muito atuais e necessárias.

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Ensino fundamental: da lei de diretrizes e bases à Base Nacional Comum Curricular

Lançamento da Papirus convida a repensar o ensino fundamental em tempos de BNCC

A fim de fomentar o debate em torno das políticas públicas voltadas ao ensino fundamental, especialmente com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Papirus Editora lança Ensino fundamental: Da LDB à BNCC (272 pp., ). Essa obra, organizada por Ilma Passos de Alencastro Veiga e Edileuza Fernandes da Silva, analisa a prática docente na sala aula, resgatando a função social da escola, fortalecendo a valorização e o comprometimento de todos com as ações coletivas de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar no processo didático.

“São muitos os caminhos possíveis para se garantirem a busca e o compromisso do professor com a renovação pedagógica no sentido de resgatar o diálogo e a inter-relação entre as disciplinas do currículo”, explica Nereide Saviani, doutora em História e Filosofia da Educação pela PUC-SP, no Prefácio. Como ela ressalta, “as mudanças vivenciadas no contexto da sociedade, hoje globalizada, têm exercido influência em todos os níveis de ensino”.

O livro está dividido em cinco partes: a primeira busca desvendar o ensino fundamental no Brasil, sua legislação, sua história, seus princípios e o trabalho pedagógico. A segunda parte coloca em enfoque as linguagens como formas de representar o mundo e socializar pensamentos. A terceira volta-se para a matemática como conhecimento que se forma com a necessidade dos seres humanos de buscar respostas às questões e às situações por eles vivenciadas. A quarta trata da articulação entre ciências, cultura e tecnologia, visando a uma postura interventiva no mundo. A quinta e última parte defende a construção da história e da geografia em articulação favorável ao pensamento crítico.

Destinado a professores e gestores da escola básica, além de estudantes de licenciatura, Ensino fundamental: Da LDB à BNCC discorre sobre currículo, gestão democrática e projeto político-pedagógico – elementos, segundo as organizadoras, “primordiais para se pensar o trabalho escolar, favorável à permanência dos estudantes na escola, mas também e fundamentalmente à qualidade da educação”. Esse é o grande desafio!

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Conhecer, acolher e agir

Lançamento da Papirus Editora traz histórias de práticas educativas de atenção aos alunos, com o olhar sensível e afetivo dos professores

Lidar com crianças e jovens exige responsabilidade. Por isso, é essencial que na escola o professor consiga observar seus alunos e, assim, possa identificar dificuldades e agir. Educação como resposta responsável: Conhecer, acolher e agir (176 pp., R$ 48,90), escrito pela educadora Sonia Kramer, tem a ver com isso: a busca por práticas educativas que respeitem e acolham os alunos em suas diferenças e deficiências, auxiliando no desenvolvimento deles.

Essa obra reúne artigos, palestras, resultados de pesquisa e da escuta responsável, em creches, pré-escolas e escolas, discutindo práticas em educação, gestos, palavras e atos necessários para enfrentar desafios, conflitos e dificuldades. Segundo a autora, “conhecer o que as crianças fazem, sabem, gostam (ou não), procuram e inventam é requisito para que se possa – com condições concretas – pensar, formular, alterar e ajustar o currículo, rever atividades e projetos, reorganizar o espaço e redimensionar o tempo no planejamento diário e na orientação das práticas, propiciar interações e delinear os modos de gestão “. 

Os capítulos desse livro relatam trajetórias de uma história voltada à perspectiva democrática, plural e diversa, com uma visão de mundo pautada na responsabilidade e na educação como resposta responsável, que precisa ser reflexão e resistência, impedir o que constrange ou subjuga as pessoas e sempre agir com e para a liberdade, contra qualquer forma de opressão, desigualdade e preconceito. Ao final de cada seção, há um texto marcado por uma forte situação pessoal da autora.

Educação como resposta responsável traz aflições como as de uma professora que não estudou tanto tempo para se acostumar a gritar, e de quem sente a insustentável leveza de ser e estar com crianças. Como diz a autora: “Educar requer reencontrar as histórias caladas ou esquecidas, criar práticas de pertencimento, com respeito e acolhimento das diferenças, com ações e gestos de cuidado nas políticas públicas, nas instâncias intermediárias e na dimensão micro da vida cotidiana”. Sonia Kramer convida você, leitor, a unir-se a ela e fazer parte desse movimento!

Sobre a autora:

Sonia Kramer é professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde coordena o curso de especialização em Educação Infantil, o grupo de pesquisa Infância, Formação e Cultura (Infoc) e o curso Trajetórias Judaicas. Sempre gostou muito de escrever, publicou livros e artigos sobre educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental; infância, formação e histórias de professores; políticas públicas; leitura, escrita e literatura. Dentre os livros, destacam-se: Por entre as pedras: Arma e sonho na escola (Ática, 1993); Alfabetização, leitura e escrita: Formação de professores em curso (Ática, 1998); Infância, educação e direitos humanos (Cortez, 2003); Retratos de um desafio: Crianças e adultos na educação infantil (Ática, 2009); Educação infantil: Enfoques em diálogo (Papirus, 2011); Educação infantil: Formação e responsabilidade (Papirus, 2013); Likhtik/Iluminado (Viver com Yiddish, 2018); Ética: Pesquisa e práticas com crianças na educação infantil (Papirus, 2019).

Tem Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin, e Martin Buber como seus principais autores de referência e, atualmente, é grande e especial seu interesse por textos literários de escritoras que escreviam e escrevem em Yiddish. Criou e coordena na PUC-Rio, com as professoras Marcia Antabi e Inès Miller, o núcleo “Viver com Yiddish: Pesquisas, cursos, projetos culturais”. Além de cursos e da pesquisa “Aprender e ensinar Yiddish como resistência e experiência identitária”, o núcleo oferece oficinas de Yiddish com crianças e organiza eventos de caráter acadêmico e cultural.

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O que move as paixões

Clóvis de Barros Filho e Luiz Felipe Pondé debatem o amor e outros afetos em livro da Papirus 7 Mares

Desde a Antiguidade, os afetos trazem inquietação aos filósofos. Talvez o amor seja a maior delas. Afinal, como defini-lo? O que amamos quando amamos? Hoje, numa sociedade marcada pela desconfiança, quais os limites das paixões? Diante de tantos questionamentos, a Papirus lança O que move as paixões (112 pp., R$ 34,90), resultado de um debate estimulante entre Clóvis de Barros Filho e Luiz Felipe Pondé.

Os autores mostram como Platão, Aristóteles, Espinosa, entre outros pensadores, tentaram explicar as paixões e como lidar com elas. Pondé observa que, “para que possamos pensar em afetos, amor, paixões etc., precisamos ter certa reverência por eles. Porque eles são perigosos”. Para Clóvis, “cada vez menos, nos autorizamos a expor os nossos afetos, pois isso significaria expor, também, as nossas fragilidades”. E “revelar a própria fragilidade, só no último momento, em desespero de causa!”, brinca. 

Isso porque as pessoas estão muito dispostas a julgar e a condenar o comportamento do outro, fazendo com que os afetos sejam escondidos. A internet facilita esses julgamentos, principalmente nas redes sociais, onde todo mundo é mídia, mas onde também é possível haver experiências de amor. “As redes sociais são formas de manifestação, de relacionamento e de produção de afeto que inexistiriam se elas não estivessem ali. Isso para o bem, quando a manifestação produz em nós algo positivo, como um aplauso, um reconhecimento, ou uma crítica para que melhoremos, nos aperfeiçoemos; isso para o mal, quando ela é destrutiva, lesiva, corrosiva etc.”, pontua Clóvis.

O conceito de amor prático, a idealização do amor, a filosofia e o medo das paixões são algumas das provocações que o leitor encontra no livro. Não fique de fora desse bate-papo!

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“Minha impressão é que o mundo contemporâneo tem como projeto, entre outros, um lugar onde não exista amor nenhum.” (Pondé)

“Acho estranha essa felicidade amorosa em que temos que negar o tempo inteiro o que sentimos em nome de não ser agredidos afetivamente por quem se aproveitaria disso que é uma fragilidade.” (Clóvis)

“As pessoas acham que têm direito a tudo, inclusive a ser amadas. Mas ninguém tem direito a absolutamente nada.” (Pondé)

“Sinceramente, a ideia de que exista um único amor na vida e o restante seja uma espécie de erro afetivo não parece coincidir com nada do que eu tenha vivido.” (Clóvis)

Sobre os autores: 

Clóvis de Barros Filho é graduado em Direito e Filosofia pela USP e em Jornalismo pela Cásper Líbero, com mestrado em Science Politique pela Universidade Paris III – Sorbonne-Nouvelle e doutorado em Ciências da Comunicação pela USP. Obteve a livre-docência pela Escola de Comunicações e Artes da USP, onde foi professor. Palestrante há mais de dez anos no mundo corporativo e consultor pelo Espaço Ética, é autor de vários livros sobre filosofia moral.

Luiz Felipe Pondé é doutor em Filosofia pela USP e pela Universidade Paris VIII.  Possui pós-doutorado pelas Universidades de Tel Aviv (Israel) e Giessen (Alemanha). Coordenador de curso e vice-diretor da Faculdade de Comunicação e Marketing da Faap, leciona na pós-graduação em Ciências da Religião da PUC-SP. Foi professor convidado da Universidade de Marburg (Alemanha), da Universidade de Sevilha (Espanha) e da Escola Paulista de Medicina da Unifesp. É membro da Société Internationale pour l’Étude de la Philosophie Médiévale (Louvain, Bélgica) e assina coluna no jornal Folha de S.Paulo.

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O Inferno Somos Nós

A cultura de paz é tema de conversa em livro de Leandro Karnal e Monja Coen, que mostram como o conhecimento, de si e do outro, é capaz de produzir uma nova atitude na sociedade, menos agressiva e mais acolhedora. 

A intolerância suscita sentimentos ruins e atos violentos. Como transformar a cultura de violência disseminada pelo planeta em cultura de paz? Como fazer com que as relações humanas sejam permeadas pelo diálogo e pela tolerância, diante da diversidade de pessoas, de opiniões e de culturas?  Em O inferno somos nós: Do ódio à cultura de paz (Papirus 7 Mares, 112 pp., R$ 29,90), o historiador Leandro Karnal e a Monja Coen, fundadora da Comunidade Zen-budista do Brasil, refletem sobre essas e outras questões, estabelecendo como objetivo principal do livro pensar o que é necessário para alcançar uma sociedade menos agressiva e mais acolhedora.

Atos de violência, escravidão, massacres e assassinatos sempre foram frequentes em todos os períodos da história. “A diferença, hoje, talvez esteja em duas novidades. A primeira é que temos mais informação sobre eles. E a segunda é que existe hoje também, por uma série de fatores, no Ocidente em particular, uma exacerbação do ‘eu’, da sua autoestima e da ideia de que ‘se eu penso assim, isso é o correto’”, aponta Karnal.

Para a Monja Coen, a mídia precisa, sim, “alertar contra os malfeitos e os erros de compreensão humana, alertar contra os preconceitos e as discriminações, alertar contra as várias formas de violência. Mas é preciso também dar visibilidade ao que é benéfico, aos bons exemplos a serem seguidos”. 

A proposta para uma cultura de paz remete a “uma revolução muito grande, uma grande transformação individual e social. Porque é necessário modificar todo um sistema educacional, dentro de escolas, universidades, as famílias…”, explica a Monja. “Quando condenamos o hábito alimentar de alguém, o tipo de roupa que ele veste ou a ausência de trajes, estamos falando de algo que incomoda mais a nós mesmos do que qualquer outra coisa, e muito menos sobre o outro, sobre o bem ou sobre a caridade e assim por diante”, acredita o historiador.

A leitura dessa obra leva à reflexão sobre o papel que cada um de nós tem de mudar a atitude da sociedade em relação ao planeta e ao outro. Mais que tolerância, é preciso haver compreensão e respeito, como observa a Monja Coen: “É preciso tolerar alguém que tenha outra forma de pensar, de comer… Mas não se trata de tolerar a outra pessoa como toleramos um remédio amargo e desagradável, apenas porque ele traz a cura. Para mim, devemos compreender e respeitar o outro, o que considero um passo a mais do que tolerar”.

Sobre os autores:

Claudia Dias Batista de Souza, conhecida como Monja Coen, foi jornalista profissional em sua juventude. É missionária oficial da tradição Soto Shu e primaz fundadora da Comunidade Zen-budista do Brasil. Segue os ensinamentos de Buda e participa de encontros educacionais, culturais e inter-religiosos, com o objetivo de difundir princípios em prol da preservação do meio ambiente, da defesa dos direitos humanos e da criação de uma cultura de não violência e paz.

Leandro Karnal é professor doutor na Unicamp, desde 1996. Graduado em História pela Unisinos e doutor em História Social pela USP, possui pós-doutorados pela Unam, México, e pelo CNRS de Paris. Sua formação cruza história cultural, antropologia e filosofia. É membro do conselho editorial das principais publicações acadêmicas da Unicamp e da Unisinos, além de autor de várias obras, como: Felicidade ou morte, em parceria com Clóvis de Barros Filho, e Verdades e mentiras: Ética e democracia no Brasil, junto com Mario Sergio Cortella, Luiz Felipe Pondé e Gilberto Dimenstein, ambas pela Papirus 7 Mares.

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Antonio Calloni: o ator poeta

Intérprete de personagens inesquecíveis faz nova incursão nos livros de poesia em Paisagem vista do trem, da Papirus

Antonio Calloni é um rosto mais que conhecido na televisão. É também, não necessariamente nesta ordem, ator de teatro, escritor, apreciador de vinhos, pai, marido, devoto de Santo Antônio, criador de coelhos, pescador amador, fã de Star Wars, datilógrafo e freqüentador relativamente assíduo de sessões de psicanálise. Mesmo com todas essas atividades, Calloni ainda acha tempo para fazer poesia, como mostra seu segundo livro na área: Paisagem vista do trem, lançamento da Papirus 7 Mares. Como isso é possível? “Não falta inspiração para quem está permeável à vida. E isso, infelizmente, não é tão simples quanto parece. O Tempo, como todos nós sabemos, é um orixá poderoso. Se a gente for legal com Ele, Ele pode ser legal com a gente”, responde o sempre simpático Calloni, cujos poemas chamaram a atenção de gente graúda na área literária, como Moacyr Scliar.

“Concentração de talentos é uma surpresa sempre agradável e, mais que agradável, entusiasmante: dá testemunho das múltiplas possibilidades do ser humano. Antonio Calloni é, como todos sabem, um belo exemplo de talento multifacético”, afirma Scliar no prefácio da obra, pouco antes de elogiar poemas como “Notícia sobre a criança”.

Nessa incursão no universo da poesia, Calloni – que se declara “fã dos Manoéis” (Bandeira e de Barros) – publica 32 poesias, agrupadas em cinco partes: Pintores do oriente, Redação infantil, Quatro estações, Alguns gracejos e A mulher e o trem. O critério para cada grupo de poesias não é temático: segue o coração do autor. “Na ‘Redação infantil sobre a comida de alguns poetas’, além de fazer uma clara homenagem à poesia e aos poetas, eu insinuo a influência que alguns desses mestres e suas obras exercem na minha escrita. Graças ao bom Deus, eu sou um sujeito altamente influenciável: acredito em Deus, na sua invenção, no ET de Varginha, no meu analista, em mim e, principalmente, na vida”, diz.

Calloni conta que começou a se interessar por poesia quando tinha 13 anos e fez uma viagem “arrebatadora” à Itália com os pais. “Na volta, escrevi um poema em italiano em homenagem à vila onde meu pai nasceu, Ponte San Pietro. Lembro bem que queria dizer que o povo da vila era ignorante sem ser agressivo e usando a própria palavra ignorante. Organizei poeticamente as imagens, as palavras, as emoções, os sabores, os gritos, as cantorias, as massas, as lágrimas, as gargalhadas e, intuitivamente, é claro, consegui. Fiquei muito feliz quando meu pai e minha mãe leram o poema e choraram como bons italianos”, relembra. E acrescenta: “Deve haver alguma razão biológica para a necessidade de escrever poesia. Quando eu entorto um fato, uma imagem, um sentimento, um fragmento através da poesia, me lembro de quando eu era criança e esmagava pintinhos na granja do meu pai só para ver o que eles tinham por dentro, como é que eles funcionavam. Escrever poesia talvez seja uma tentativa, às vezes até mais cruel, de ver como a vida funciona”. O que os fãs do ator podem esperar então do poeta? Poesias que emocionam ou que mostram como a vida funciona? Com a palavra, o próprio Calloni: “Podem esperar tudo! Paixão, procura, provocação, amor, humor, alguma sombra, um calor dos diabos e o melhor afago do melhor Deus”. Ponto final.

do livro Paisagem vista do trem, de Antonio Calloni

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Contracapa do livro:

Concentração de renda é uma coisa da qual ninguém gosta. Mas concentração de talentos é outro papo, é uma surpresa sempre agradável e, mais que agradável, entusiasmante: dá testemunho das múltiplas possibilidades do ser humano. Antonio Calloni é, como todos sabem, um belo exemplo de talento multifacético. É o ator que todos nós admiramos, na tevê, no cinema, no teatro. A partir da minissérie Anos dourados (Globo, 1986), foram numerosos os seus trabalhos na tevê, incluindo Os Maias, Terra nostra, Chiquinha Gonzaga e Amazônia, de Gálvez a Chico Mendes. No cinema, atuou em Policarpo Quaresma, herói do Brasil, de Paulo Thiago. Mas Calloni é também escritor e poeta, autor de Os infantes de dezembro (1999), A ilha de sagitário (2000), Amanhã eu vou dançar – Novela de amor (2002),  O sorriso de Serapião e outras gargalhadas (2005). Um trabalho recebido com aplausos. “Fino prosador, alçando a nossa miséria à marca exemplar da fábula”, diz João Gilberto Noll na orelha de O sorriso de Serapião e outras gargalhadas. “Isto que tem às mãos, leitor, é literatura transcendente”, garante Pedro Bial ao analisar Amanhã eu vou dançar – Novela de amor.  E ninguém menos do que o grande Manoel de Barros afirma, a propósito de Os infantes de dezembro:  “Sua poesia vem de uma aguda percepção da nossa mais vulgar vivência. Gosto de tudo”. 

Com Paisagem vista do trem, Antonio Calloni nos dá mais uma demonstração de seu enorme talento poético, um talento que resulta de um notável domínio da forma associado a uma profunda sensibilidade. (Trecho do prefácio de Moacyr Scliar)

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4 gracejos

(poesias extraídas do livro Paisagem vista do trem, de Antonio Calloni)


SONO
(um gracejo para a história)

O homem acordou um pouquinho e voltou a dormir.

NO FINAL, FOI O VERBO
(um gracejo para a nossa obra pretérita e quase perfeita)

Eu matei
Tu mataste
Ele matou
Nós matamos
Vós matastes
Eles mataram
1/4/2003

PERDIDO
(um gracejo sem direção)

– (entredentes) Perdeu, perdeu.
a carteira
o relógio
o revólver
o medo
viajam sem rumo
nas letras
minúsculas
de um nome josé.
carteira, josé, relógio, revólver, medo.
– (desnorteado) Perdemos…

RESUMO DA ÓPERA
(um gracejo em movimento)

só nos resta
respirar
comer
beber
foder
tomar banho
escovar os dentes
usar papel higiênico macio
morrer
e (para os de bom gosto)
nascer.

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Estamos todos conectados

O advento da comunicação digital é uma das revoluções mais importantes da nossa época. E não se limita apenas a distribuir informação, há também uma interação que permite o diálogo entre dispositivos de conexão, banco de dados, pessoas e tudo o que existe. É um marco na história da comunicação. Conectando-se a esse diálogo sobre a questão das redes, a Papirus 7 Mares lança o livro A vida em rede, de Ronaldo Lemos e Massimo di Felice.

Em constante movimento, pequenas mudanças povoam nosso cotidiano diariamente. “Pela primeira vez, altera-se a forma de transmissão das informações”, pontua Di Felice. “Do teatro até a TV, temos tecnologias diferentes de distribuição de informação, mas todas baseadas em um modelo unidirecional: de um emissor para um receptor”, continua ele. E Lemos observa ainda que “o processo de criação cultural se descentralizou em todas as áreas. Essas culturas estão emergindo pela internet”.

O mesmo acontece no contexto das redes. Agora, são diversos atores que passam a produzir conteúdos, distribuí-los e, ao mesmo tempo, ter acesso a todos eles. Segundo Di Felice, “estamos em um momento em que tudo se acelerou e é nesse contexto que temos de pensar os problemas futuros”. Nada vai ser como antes! “E cada vez mais a nossa vida vai acontecer em um ambiente digital”, lembra Lemos. “Então, o que pode evitar a possibilidade de uma vigilância perfeita é um sistema jurídico muito robusto que impeça essa linha de ser cruzada”, arremata ele. Certamente a democracia nunca mais será como antes, nem a comunicação, nem a educação, nem quase nada do jeito de viver de indivíduos e sociedade.

Como parte dessa discussão, os autores abordam no livro temas como: economia de mercado, redes informativas, tecnologia e novas formas de comunicação, participação, educação e conhecimento, valor, dinheiro e influência nas redes, entre outros.

Enfim, desafios estimulantes estão surgindo a cada momento. E o que esperar disso tudo?  Mais do que nunca, somos agentes do presente e do futuro. Então, participe você também desse debate e manifeste sua opinião!

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Mulheres no cinema brasileiro

Lançamento da Papirus dá voz às mulheres para pensar e debater a criação artística audiovisual feminina

O termo “empoderamento feminino” vem ganhando cada vez mais visibilidade. Se, no passado, as mulheres não conseguiam mostrar o seu valor, hoje elas estão atuando em todas as áreas, inclusive naquelas que eram dominadas pelos homens. Ao encontro desse momento, a Papirus lança Feminino e plural: Mulheres no cinema brasileiro (240 pp., R$ 62,90), livro organizado por Karla Holanda e Marina Cavalcanti Tedesco, que traz histórias e reflexões sobre mulheres cineastas, reforçando sua presença artística em momentos marcantes do audiovisual nacional.

Essa obra não faz apenas um resgate histórico do cinema brasileiro feito por mulheres, traz também uma abertura estratégica do pensamento crítico feminista no campo do cinema. “Uma publicação que dá voz às mulheres para pensar e debater sua criação artística audiovisual, divulgar novas formas e caminhos de pesquisa e reflexão e, consequentemente, potencializar seu poder de interpelação na criação e na política”, afirma Heloísa Buarque de Hollanda, no Prefácio. 

Os textos reunidos nessa coletânea contribuem para o desmembramento de novas investigações, para atender a uma demanda por mais conhecimento sob esse viés e ainda ser instrumento de discussões em cursos na área do audiovisual. Buscam também abranger diversos períodos da história do cinema nacional, com pontos de vista e tons variados, de acordo com a perspectiva de cada autor, demonstrando a pluralidade do feminino.

“O que nos propusemos com esse livro”, explicam as organizadoras, “foi reunir pesquisas desenvolvidas nos últimos anos que têm iluminado realizadoras e obras pouco conhecidas e estimular outras, convocando mais pessoas a transferir seus repertórios teóricos e metodológicos ao recorte de autoria feminina, o que certamente resultará em investigações inéditas e estabelecerá relações e associações pouco exploradas”. 

Para elas, “há toda uma história a ser construída, se considerarmos que a história do cinema contemplou, praticamente, apenas a parte masculina, o que tem feito emergir muitas mulheres do cinema, não somente diretoras. O terreno é muito vasto, ainda há muito a ser ocupado, a ser compreendido. A tarefa é enorme e, certamente, não se esgota nessa coletânea”.

Feminino e plural: Mulheres no cinema brasileiro é leitura obrigatória para estudantes, professores, pesquisadores e profissionais da área do audiovisual e agrega novos instrumentos críticos e historiográficos essenciais à Primavera das Mulheres no Brasil, que ganha força a cada dia. 

Sobre as organizadoras: 

Karla Holanda, doutora em Comunicação, é professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (UFF). Desenvolve os projetos de pesquisa “Documentaristas brasileiras” e “Cartografia do documentário brasileiro”, banco de dados on-line iniciado com a colaboração de alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde foi professora entre 2011 e 2017. É também cineasta, tendo dirigido, entre outros filmes, Kátia.

Marina Cavalcanti Tedesco é diretora de fotografia e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), além de fundadora e curadora do cineclube Quase Catálogo. Dentre suas principais publicações, destacam-se Brasil–México: Aproximações cinematográficas e Corpos em projeção: Gênero e sexualidade no cinema latino-americano.

Participam também dessa coletânea:

  • Alcilene Cavalcante
  • Alessandra Soares Brandão
  • Ana Maria Veiga
  • Ceiça Ferreira
  • Daiany F. Dantas
  • Denise Tavares
  • Edileuza Penha de Souza
  • Érica Sarmet
  • Gilberto Alexandre Sobrinho
  • Ilana Feldman
  • Isaiana Santos
  • Luciana Corrêa de Araújo
  • Luís Alberto Rocha Melo
  • Mariana Ribeiro Tavares
  • Marina da Costa Campos
  • Ramayana Lira de Sousa
  • Renata I.F. Nolasco
  • Roberta Veiga
  • Rubens Machado Júnior 
  • Sheila Schvarzman
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Ensinamentos da Monja Coen

Com um belíssimo projeto gráfico, Zen: Pensamentos da Monja Coen nas palavras de Leandro Gyokan Saraiva  (Papirus 7 Mares, 144 pp., R$ 44,90) reúne pensamentos inspiradores transmitidos pela fundadora da comunidade zen-budista Zendo do Brasil, Monja Coen. A compilação desses textos foi feita pelo escritor e roteirista de cinema e TV Leandro Gyokan Saraiva, que desde 2014 frequenta a comunidade, onde recebeu os preceitos budistas.

“Leandro Gyokan, cujo nome budista significa ‘prática da observação profunda’, transformou palavras faladas, tradição oral, em palavras escritas”, conta a missionária da tradição Soto Shu. Tudo o que está nesse livro foi revisado e aprovado por ela. Foram selecionados “108 parágrafos entre minhas inúmeras falas, quer em palestras públicas, quer em práticas aqui no templo”, conta ela. Sua ideia é que essas frases possam ser usadas como um juzu, espécie de rosário budista. “Não apenas para repetir, mas para elevar nossos pensamentos a outro nível de consciência, a fim de nos libertar de apegos e aversões”, explica.

Com ilustrações da artista plástica Vera Ferro, certamente esse livro agradará não só aos admiradores da Monja Coen e adeptos do budismo, como também a todos aqueles que buscam uma mudança de estilo de vida ou até mesmo encantar alguém com um presente marcante e especial. “Espero que encontre nestas palavras um estímulo saudável para viver com plenitude, apreciar sua vida, tornar-se excelente no que estiver fazendo, encontrar apoio para superar as dificuldades que todos nós atravessamos nesta jornada humana”, deseja Monja Coen.

Ficha técnica:

Título: Zen: Pensamentos da Monja Coen nas palavras de Leandro Gyokan Saraiva

Autor: Leandro Saraiva

Ilustrações: Vera Ferro

Editora: 7 Mares

Páginas: 144 pp.

Formato: 20 x 20 cm Preço de capa: R$ 44,90

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