7 mares

Formação docente em tempos de pandemia

Livro da Papirus traz narrativas produzidas a partir de encontros entre universitários e profissionais da educação infantil que, no contexto pandêmico, estiveram conectados por meio de janelas virtuais

Passamos por tempos difíceis, recentemente, em que a luta pela vida atravessou nosso cotidiano marcado pela incerteza e pelo medo. O isolamento social se fez necessário e nos assombrou. Que direção tomar, quando tudo parecia ter parado? Educação infantil e formação docente na pandemia: Conexões e inflexões (Papirus, 288 pp., R$ 71,90), organizado por Luciana Ostetto e Leda Marina, conta experiências de aprendizado vividas no âmbito de uma proposta de estágio remoto, resgatando o percurso do processo formativo vivido durante a pandemia de Covid-19.

Esse livro traz belas narrativas, e uma delas vem seguida da afirmação de que o lugar que as crianças constroem é diferente do lugar dado a elas. Isso nos leva a refletir o quanto podemos aprender com os pequenos. “O lugar que nos foi dado diante de todo o contexto pandêmico foi diverso daquele que realmente construímos. Foi ressignificado. Transbordou para processos de construção de autoria, autonomia, acolhimento, observação de si e do mundo, valorização de saberes e fazeres. Transbordou para o convite à roda. Convite à cantiga. Convite a esperançar”, explica a professora doutora Walcéa Barreto Alves, no prefácio da obra.

A coletânea mostra que, com a distância, se fez o diálogo teoria-pesquisa-prática, articulando estudo de conceitos e relatos de práticas, perpassando questões como a organização e o funcionamento das instituições de educação infantil; o trabalho pedagógico a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil; o papel do professor e os instrumentos do trabalho docente; a prática pedagógica e os desafios de aprender a observar, olhar, escutar, interpretar crianças e cotidianos.

Um capítulo bastante interessante, nessa obra, é o que dá voz e visibilidade às pessoas que trabalham na cozinha, as merendeiras. Elas rememoram a infância e contam como foram compreendendo o seu fazer como parte de um projeto político-pedagógico. Revelam ainda a descoberta da potência de serem cozinheiras em uma escola que atende crianças pequenas.

Educação infantil e formação docente na pandemia destaca que “a experiência dos encontros virtuais foi uma oportunidade de diálogo com a universidade, carregada de extrema importância para nossa formação continuada. Foi mais uma forma de alimentar nosso desejo de pesquisar e aprender mais”, conforme pontuam duas das autoras, professoras de uma unidade municipal de educação infantil. Essa experiência certamente deve contribuir para ampliar as reflexões sobre o assunto e para mostrar que estamos em constante processo de aprendizagem e evolução.

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Sobre as organizadoras:

Luciana Ostetto é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, onde atua no Programa de Pós-graduação (mestrado e doutorado), no curso de Pedagogia e coordena o Fiar – Círculo de Estudo e Pesquisa Formação de Professores, Infância e Arte.

Leda Marina é mestre em Educação Brasileira pela PUC-RJ. Atua como professora da rede municipal de Educação de Niterói/RJ desde 1994 e é diretora geral da Unidade Municipal de Educação Infantil Rosalda Paim. 

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