Coletânea discute o significado do ativismo emergente nas redes digitais
A crescente popularização da internet no mundo todo, nos últimos anos, propiciou o surgimento de novas formas de participação, organização e atuação das pessoas. Tanto é assim que práticas ativistas passaram a tomar conta das redes sociais, num movimento denominado net-ativismo. A fim de promover um debate transdisciplinar, ampliar e consolidar o espaço de reflexão sobre essa temática, a Papirus lança Net-ativismo: Redes digitais e novas práticas de participação (304 pp., R$ 74,90), livro organizado por Massimo di Felice, Eliete Pereira e Erick Roza.
Atualmente, não passamos um dia sequer sem receber e-mails e convites para adesões contra a fome, em prol da luta contra algum tipo de preconceito ou simplesmente para mostrar indignação diante de injustiças, desmandos e mazelas. Esse fenômeno, que vem sendo analisado nas principais universidades nacionais e estrangeiras, é apresentado nesse lançamento por alguns de seus mais importantes estudiosos, como Pierre Lévy, Lucia Santaella, Michel Maffesoli e Stéphane Hugon.
Comparando esse momento tecnológico ao ocorrido na Europa com Gutenberg — que permitiu a reprodução de textos em escala, difundindo assim o hábito da leitura e ampliando o acesso ao conhecimento —, as redes sociais digitais começaram a implementar um novo tipo de reforma que deve alterar as formas políticas existentes, provocando transformações sociais qualitativas. Segundo os organizadores da obra, “se a tipografia teve um papel central nos conflitos que levaram, na Europa, a duas revoluções modernas, a inglesa e a francesa, difundindo os conteúdos iluministas em livros e panfletos que se multiplicavam pela técnica da impressão, apesar da censura e da queima em praça pública de textos hostis às instituições e ao poder eclesiástico, não é difícil imaginar que as redes digitais implementarão uma nova arquitetura da participação, alterando o significado contemporâneo de democracia”.
Diante desse novo contexto tecnológico e comunicativo da participação e da ação social, esse livro, composto por artigos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, apresenta os significados das diversas formas do ativismo emergente nas redes digitais, tomando a pluralidade e as especificidades tecnológicas, sociais e culturais dessa prática.
Obra dividida em duas partes, a primeira abrange as teorias da ação, da política e da ecologia que traduzem o arcabouço do fenômeno do net-ativismo. Na segunda, apresentam-se estudos de casos nacionais e internacionais que iluminam as especificidades e a diversidade do ativismo em rede e nas redes.
Com abordagens diferentes, os autores apontam múltiplas questões e aspectos envolvidos nessa temática tão em pauta nos dias de hoje.
Sobre os organizadores:
Massimo di Felice tem doutorado em Ciências da Comunicação (USP), com pós-doutorado em Sociologia (Universidade Paris V). É professor livre-docente da ECA/USP, onde coordena o Centro de Pesquisa Atopos, além de professor visitante da Libera Università di Lingue e Comunicazione de Milão e da Universidade Lusófona do Porto. Tem ensaios e artigos publicados em vários países. No Brasil, coordena a coleção Era Digital (Difusão) e a coleção Atopos (Annablume).
Eliete Pereira é doutora em Ciências da Comunicação (USP) e pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação Interunidades em Museologia, no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. No Centro de Pesquisa Atopos (ECA/USP), coordena a linha de pesquisa “Tekó: As redes digitais indígenas”. É autora do livro Ciborgues indígen@s.br: A presença nativa no ciberespaço.
Erick Roza, doutor em Comunicação Social (USP), é membro do Centro de Pesquisa Atopos (ECA/USP) e pesquisador no estudo internacional “Net-ativismo: Ações colaborativas nas redes digitais e nos territórios informativos”. É coautor do livro Empresas e consumidores em rede: Um estudo das práticas colaborativas no Brasil.