Escândalos políticos não faltam no Brasil. Recentemente tivemos CPIs que acabaram em cassações de mandatos, abaixo-assinado para tirar Renan Calheiros da presidência do Senado, caso de Carlinhos Cachoeira e muitos, muitos outros. São tantos que, muitas vezes, o cidadão tem a impressão de que é tratado como idiota por seus políticos. Mas você sabia que a palavra “idiota” vem do grego e significa “aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política”? Ao escolhermos os políticos que irão nos governar nos próximos anos, é preciso não sermos idiotas no sentido originário da palavra. Assim, mais à frente, não teremos a sensação de sermos tratados como idiotas – agora no sentido mais comum da expressão. Para desenvolver a discussão sobre política com a população, a Papirus 7 Mares indica a leitura do livro Política: Para não ser idiota.
De autoria dos filósofos Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro, a obra tem como objetivo levar o conhecimento sobre política para aqueles que pouco sabem do assunto ou que não se interessam por ele, promovendo assim um debate profundo a respeito do tema. “Sempre achei a discussão no Brasil muito pobre, então quisemos sair desse ‘nível de pobreza’, em que se priorizam detalhes, e não o essencial”, conta Ribeiro.
De acordo com ele, é importante que as pessoas sejam atuantes, que discutam sobre o que acontece na política, caso contrário não terão espaço de ação, politicamente falando. “Eu acho que se trata da autonomia que as pessoas têm. Ou você tem autonomia ou será gerido por algo que você não controla, mas que vai cuidar da sua vida”, explica o autor.
Parte da coleção Papirus Debates, o livro é apresentado ao leitor em forma de bate-papo entre os autores. São, ao todo, 12 capítulos que tratam de assuntos como atos políticos, corrupção e transparência na política, cidadania, confronto e consenso, quem deve ser o dono do poder, encargo e patrimônio, entre outros.
Na obra, política não se relaciona apenas com eleições ou poder. Trata-se também de questões de convivência. “Política não é partido (político). Partido é uma das formas de fazer política. Faz-se política na família, na igreja, no trabalho, na escola e também na gestão pública. Desse ponto de vista, é preciso se interessar por política para não cair numa postura individualista, tolamente exclusiva”, pontua Mario Sergio Cortella.
Outro ponto de destaque do livro é a discussão da “obrigatoriedade” da política no Brasil (as pessoas são obrigadas a votar, as redes de televisão e as emissoras de rádio são obrigadas a transmitir a propaganda eleitoral etc.). O que leva à discussão sobre a missão da política e da democracia. “Eu e o Mario Sergio Cortella temos pontos divergentes quando o assunto é a política ter completado a sua missão. Será que a democracia completou seu ciclo ou ainda há mais a se democratizar?”, questiona Ribeiro.
Cortella, por sua vez, enfatiza o capítulo no qual ele e Ribeiro debatem a política como tema de sala de aula. “[O tema] precisa ser tratado em sala de aula. Há pessoas na escola que caem na armadilha de dizer ‘nesta sala de aula não se fala de política, só de cidadania’, e isso é estranho, porque na prática é a mesma coisa, o que muda é o idioma de origem (política vem do grego, cidadania do latim). A política não pode se ausentar do conteúdo da sala de aula”, sinaliza.