Papirus 7 Mares lança livro que aborda os impactos do racismo na vida da população negra
Mesmo após tantos avanços, ainda vivemos em uma sociedade extremamente racista, em que situações de discriminação racial são frequentemente noticiadas na imprensa. Sobrevivendo ao racismo: Memórias, cartas e o cotidiano da discriminação no Brasil (7 Mares, 176 pp., R$ 59,90) traz relatos da educadora Luana Tolentino, autora da obra, contando os diversos casos de racismo que sofreu ao longo da vida, principalmente em sua trajetória escolar. São histórias que a maioria dos negros certamente já vivenciou também, o que reforça a urgência de termos uma formação antirracista.
Desde pequena, Luana tinha o sonho de ser escritora e, por inúmeras vezes, a escrita foi sua salvação para suportar a violência racista que enfrentava. Por isso, a autora quer fazer de seu trabalho uma forma de ativismo em favor do enfrentamento ao racismo.
Com prefácio de Itamar Vieira Junior, autor do best-seller Torto arado, Sobrevivendo ao racismo reúne textos escritos entre 2017 e 2022, e publicados inicialmente na revista CartaCapital. A obra é fruto dos sonhos da autora, de seu engajamento na luta antirracista e de sua esperança na construção de uma sociedade sem preconceitos, na qual todos possam viver com dignidade. “Propus-me a apontar o papel da escola e de toda a sociedade na erradicação do racismo que mutila, castra sonhos, segrega, fecha portas e mata”, explica a escritora.
Na obra, o leitor encontrará oito cartas escritas por Luana, dirigidas a pessoas anônimas e famosas, que trazem em sua origem a ideia de combater o preconceito por meio da sensibilização e do afeto, “com o intuito de mostrar aos que me leem o que o racismo provoca na vida de nós, negros e negras”, conta. As mensagens são endereçadas, por exemplo, a Titi Gagliasso (filha do casal de atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso), a Marielle Franco e a Ulisses, ex-colega de escola de Luana, que foi seu par em uma festa junina no início dos anos 1990. “O que era para ser um momento de celebração, para mim, resultou em uma situação de abandono e desprezo, da qual guardo a lembrança de ter sido chamada de ‘macaca’ pela primeira vez na minha vida”, relembra.
“Em meio à dor, à violência racista que estrutura as relações sociais no Brasil, ao sonho, à realização e à esperança, apresento esse livro como um chamado à luta contra o racismo e todos os abismos que ele produz. Uma luta da qual todos nós precisamos participar ativamente”, convida a autora.